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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

AJUDE SEMPRE

Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume.
Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
Não adote a incerteza perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa. Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante. Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovam. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.

Do Livro: Agenda Cristã – Chico Xavier/Emmanuel

terça-feira, 26 de outubro de 2010

VONTADE

                A vontade é o desejo educado. A vontade é patrimônio do espírito, o qual, dotado de razão, deverá, para seu progresso, colocá-la a serviço da evolução. Ela é uma potência que nasce da intimidade do espírito, sendo continuação ou expressão da vontade divina.
                É a disposição consciente para fazer algo. Nela, a iniciativa faz parte de conexões emocionais e racionais dirigidas a determinado fim.
                A falta de ânimo numa pessoa não lhe anula o desejo, mas apenas inibe sua vontade, a qual estará impedida pelo direcionamento daquele a outro móvel.
                É fundamental que estejamos sempre a nos perguntar a serviço de que objetivo está nossa vontade, a fim de que não nos peguemos de surpresa, atendendo a desejos inconscientes contrários aos nossos propósitos de vida. Esse objetivo deve pertencer aos ideais de vida e ser considerado como algo que transcende o tempo e as limitações do corpo.
                Quando nossa vontade nos dirige para objetivos que nem sempre estão de acordo com o que queremos de bom, pode ser que estejam ocorrendo influências externas, além daquelas oriundas do nosso mundo interior. Muitas vezes nos afirmamos sem força de vontade por não percebermos a sutileza dessas influências. Face à interferência dos complexos e das influências espirituais, a vontade dirige os nossos pensamentos para um alvo determinado, porém nem sempre consciente. Esses complexos, na sua maioria estruturados no decorrer das vidas passadas, necessitam da percepção consciente da natureza de seus conteúdos, a fim de que a vontade possa se manifestar em sua plenitude para dissolvê-los. Mesmo conscientes do que queremos e percebendo a direção de nossa vontade, isso não significa que conheçamos seus motivos estruturais. Mesmo que se encontre um nome para definir essa objetividade inconsciente, sempre há que considerar a impossibilidade de obstaculizar-lhe a direção ascencional. É preciso que nos conscientizemos desse movimento para o qual a vida nos conduz. Entendê-lo e trabalhar na sua direção é condição essencial à felicidade; torna-se fundamental aprender a perceber o fluxo espontâneo da vida e para onde ela nos leva, diminuindo a ansiedade e a impulsividade.
                Ela é direcionadora do princípio da evolução de espírito. É o motor da existência real. Saber educá-la e direcioná-la a serviço do amor e da vida é garantia de felicidade.
                É necessário em algum nível realizar a vontade. Por algum motivo ela é conseqüência do impulso criador do espírito querendo fluir. Muitas vezes sua manifestação em algumas atitudes nos choca pela flagrante oposição ao amor, à paz e à harmonia; no entanto devemos ter o discernimento para avaliar o nível de evolução daquele que a manifesta a fim de não disparar o crivo forte do juízo ao comportamento alheio. O respeito ao equívoco do outro é fundamental ao próprio equilíbrio.
                O perispírito contém várias configurações que representam as diversas experiências reencarnatórias, os inúmeros processos existenciais, bem como as aquisições evolutivas. A vontade perpassa essas configurações, trazendo novas re-configurações, as quais mobilizam a matéria sutil do perispírito gerando pensamentos e atitudes.
                O espírito, no ato da criação, não possui livre-arbítrio, visto que essa é uma  conquista decorrente das experiências no contato com a vida. Nele há apenas o impulso natural para o desenvolvimento.
                É preciso que coloquemos a vontade a serviço da própria felicidade dentro dos objetivos singulares de Deus para conosco. Onde a vontade é conscientemente e harmonicamente exercida, o destino se mostra mais flexível e os caminhos se abrem à disposição do espírito para que melhor possa escolher.
                O que nos move para construir e realizar na vida tem vários nomes. Pode ser chamado de necessidade, instinto, motivação, desejo, impulso; não importa a denominação que se lhe dê, porém deve-se ter a consciência de que é isso que leva o ser humano a atender algum anseio íntimo; esse anseio é a expressão de Deus através do espírito. Há que considerar a existência de uma motivação inconsciente no ser humano, da qual ele só se dá  conta quando ascende na escala evolutiva. Ele tem um desejo, ou necessidade latente, em realizar, em construir, em fazer, em se movimentar na vida.
                Há um influxo criador divino. Há algo que de Deus emana e flui, o qual perpassa cada ser, que, devido à configuração ou arranjo de cada molde, corporifica-se.
                Os motivos pelos quais realizamos as coisas são manifestações características da expressão de Deus e podem ser entendidos sob vários ângulos distintos. Quando buscamos a satisfação dos instintos nas manifestações primárias da energia psíquica, nem sempre educadas; nas respostas ao ambiente, o qual nos estimula a trocas para o necessário convívio; quando aparece o desejo de poder, o qual nos impulsiona ao exercício da autoridade; no desejo de satisfação sexual com a permuta das energias geradoras de vida; quando queremos segurança para estabelecer uma base pessoal; sempre que percebemos a necessidade de amor no equilíbrio das relações pessoais; quando queremos a aceitação dos outros para que nos sintamos existentes; ao buscar uma significação para a própria vida; na busca da necessária socialização por conta da existência do outro; na necessidade de crescer e amadurecer para fazer face aos desafios da vida; no impositivo da autopreservação, condição inerente à imortalidade; quando temos a necessidade de valorização pessoal na busca da individuação; na necessidade de realização do próprio destino e do si mesmo; quando estamos na busca do que consideramos ser o criador da vida; quando estamos à procura de algo ou alguém que nos complemente. Em todas essas circunstâncias estaremos expressando a vontade divina para a manifestação do Deus interior que em nós habita.
                A motivação é um componente básico da personalidade. Sem ela estaríamos à mercê do inconsciente e das influências externas. Tê-la sob o fluxo que nos leva às realizações superiores do espírito, possibilitando a conquista da harmonia.
                A motivação se traduz num certo querer, numa inclinação para um objeto além de nós, num impulso para a saída da inércia, numa tendência a que algo se realize fora de nós, num anseio a que algo se concretize. Todas essas possibilidades nos levam à manifestação daquilo que flui de Deus para a realização de sua obra.
                A necessidade do encontro com o outro, bem como a integração com Deus, também são manifestações desse fluxo criador e realizador da vida.
                Deus quando criou o espírito e consequentemente fez o universo, colocou-Se nele para que o ser O buscasse de acordo com suas possibilidades evolutivas.
                O impulso criador da vida é dotado de um certo poder de renovação e criatividade. Quando, através da motivação e da vontade, o colocamos a serviço do amor, realizamos a obra divina.

Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO

Adenáuer Novaes

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DESEJO

O desejo é gerador da vontade e pertence às estruturas mais íntimas do espírito; é através das experiências acumulativas do espírito que ele se enraíza no perispírito gerando os condicionamentos.

A maioria dos desejos conscientes do ser humano obedece aos condicionamentos orgânicos ainda embrionários e perispirituais já consolidados.

O processo evolutivo implica em educar os desejos, já transformados em condicionamentos, a serviço do espírito. Erradicá-los, não só é prejudicial, como, de certa forma, impossível. É nesse sentido que toda repressão gera necessidade de realização futura, visto que, se trata, muitas vezes, de se tentar intervir em condicionamentos perispirituais.

O desejo é a força interna que move a vontade. Esta é o ato voluntário com objetividade para a realização de algo. O animal não possui vontade. Seu instinto é a manifestação do desejo oriundo de sua essência divina.

Por causa do condicionamento, sem o necessário preparo educativo do desejo, o ser humano costuma atendê-lo abruptamente, assim que ele irrompe à consciência. Às vezes, nem à consciência ele precisa vir para que nos movamos para atendê-lo, face ao automatismo perispiritual inconsciente. Por esse motivo, atendemos a desejos dos quais mais tarde nos arrependemos, atribuindo aos estímulos externos sua ocorrência.

A educação do desejo se inicia com a percepção de sua existência, identificação dos fatores que estimulam seu surgimento, experimentação moderada e adequada de sua realização, renúncia a atendê-lo quando lhe perceber o dano que possa causar, mobilização da energia gerada por ele para outro foco, e, por fim, com seu direcionamento para os objetivos de auto-realização.

As obsessões espirituais, ocorrência comum ao ser humano e típica do nível evolutivo em que se encontra, decorrem, muitas vezes, da realização inadequada dos desejos.

As medicações inibidoras da motivação, da ansiedade e da mobilidade, longe de erradicarem os desejos humanos, os ampliam, adiando sua expressão para algum momento em que o espírito se sinta mais corajoso para realizá-los. Toda repressão gera acúmulo que necessita de escape.

No ser humano é importante que seu desejo o guie para a felicidade, sem que amarras psíquicas o prendam ao passado e sem que ele mesmo tente desviar ou boicotar seu destino.

Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO
Adenáuer Novaes

domingo, 24 de outubro de 2010

EU OU EGO

É a representação do espírito no mundo externo. Ele é, de um lado, a síntese momentânea da personalidade integral, do outro, uma função que permite a ligação da consciência com os conteúdos conscientes. Através dele o espírito se realiza, transformando milhões de anos de evolução na efemeridade de um instante. A existência do ego é fundamental ao espírito, visto que sua manifestação direta no mundo sem esse intermédio tornar-se-ia impossível dada a natureza de sua essência.

Segundo Jung, o ego é o sujeito da consciência e surge constituído de disposições herdadas e de impressões adquiridas inconscientemente. Jung também considerava o ego um complexo. Creio também que o ego, por representar o self, também traz um modelo dele oriundo.

É a consciência emprestada ao mundo pelo espírito, dando-lhe a feição material. Torna-se sua manifestação de identidade ao se apresentar ao mundo.

Mesmo durante o sono, nos estados de coma, na idade infantil, ele está presente, ainda que temporariamente inibido. No sono, face ao entorpecimento do corpo, ele se encontra mais livre dos condicionamentos da matéria carnal. Nos estados de coma, bem como no período de preparação reencarnatória permanece vigilante em face da possibilidade de deixar ou entrar no corpo. Na criança, logo após o nascimento, inicia-se nova fase de agregação de valores, emoções, conhecimentos e experiências para a estruturação de um novo ego.

Sem essa estrutura funcional é impossível a percepção da singularidade do espírito. É com o ego que o espírito se realiza e apreende as leis de Deus.

A cada nova experiência reencarnatória, quando ainda criança, por força da convivência social, a psique vai formando uma identidade pessoal que permite o aparecimento do ego. As fases estabelecidas por Piaget para o desenvolvimento cognitivo, sinalizam para a maturação de estruturas psíquicas, portanto perispirituais, no processo de aprendizagem. Essas fases descrevem de forma lógica como as capacidades latentes do espírito, já estruturadas no perispírito, alcançam a vida consciente, porém se referem necessariamente à formação do eu. Elas não se referem às capacidades do espírito.

Sua estruturação se inicia a cada nova encarnação e desencarnação, visto que, sempre que a realidade externa muda radicalmente, ele se apresenta como recurso do espírito para o necessário aprendizado.

O corpo faz parte do eu ou ego enquanto este se sentir identificado com aquele. Por conseguinte o ego se auto-estrutura contraindo-se ou se expandindo. Pode-se afirmar que o corpo é uma extensão da consciência.

Devemos pensar em conhecer o ego, estruturá-lo, redefini-lo. É equívoco pensar em renúncias e desapego para quem ainda não conseguiu, por motivos diversos, da atual ou de outras encarnações, estruturar adequadamente seu ego.

O ego estabelece o domínio do tempo e do espaço. Por causa dele existe passado, presente e futuro. Da mesma forma delimita um espaço.

A entrada no corpo físico ou perispiritual, desloca a consciência do espírito para o ego. A matéria atrai o espírito à semelhança de um imã sobre um metal.

O ego é um portal de acesso à zona consciente e elo de ligação psíquica da matéria com o perispírito. Por ele transitam experiências do campo da consciência, desde aquelas que são captadas diretamente pelos sentidos até as que são devolvidas do inconsciente.

O acesso do ego aos conteúdos do inconsciente gravados no perispírito, bem como às leis de Deus já conquistadas pelo espírito é automático e não depende da suspensão da consciência, porém nunca é direto, visto que eles são guardados no formato de símbolos conectados emocionalmente. O ego trabalha de forma linear e seqüencial, portanto numa freqüência incompatível à existente no perispírito. O que ocorre é que o acesso nem sempre é desejado, porém a influência dos conteúdos é constante.

Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO

Adenáuer Novaes

sábado, 23 de outubro de 2010

PEGADAS NA AREIA

Sonhei que caminhava
na praia com o Senhor
e via na tela do céu
todos os dias do meu passado.
E para cada dia percorrido
apareciam na areia
as pegadas de duas pessoas:
as minhas e as do Senhor.
Mas em alguns trechos,
exatamente nos dias
mais difíceis da minha vida
vi somente as pegadas de uma pessoa.
Então eu disse:
“Senhor, escolhi viver contigo,
e tu me havias prometido
que estarias sempre comigo.
Por que me deixaste sozinho
exatamente nos momentos mais difíceis?”
e ele me respondeu:
“Filho, você sabe que o amo
e que jamais o abandonei:
os dias em que há na areia
somente as pegadas de uma pessoa,
são exatamente os dias
em que carreguei você nos braços”.

Anônimo Brasileiro

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SEMPRE CHAMADOS

O cristão é chamado a servir em toda parte.

Na casa do sofrimento, ministrará consolação.

Na fuma da ignorância, fará esclarecimento.

No castelo do prazer, ensinará a moderação.

No despenhadeiro do crime, sustará quedas.

No carro do abuso, exemplificará sobriedade.

Na toca das trevas, acenderá luz.

No nevoeiro do desalento, abrirá portas ao bom ânimo.

No inferno do ódio, multiplicará bênçãos de amor.

Na praça da maldade, dispensará o bem.

No palácio da justiça, colocar-se-á no lugar do réu, a fim de examinar os erros dos outros.

Em todos os ângulos do caminho, encontraremos sugestões do Senhor, desafiando-nos a servir.



Do Livro: Agenda Cristã – Chico Xavier/Emmanuel

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

SENSIBILIDADE

A sensibilidade é uma das primeiras percepções que o ser espiritual experimenta em sua jornada evolutiva, através do perispírito. Ela possibilita o contato entre o espírito e a matéria. Pode-se dizer que é através dessa faculdade que vai se formar, nos primórdios da evolução, o envoltório que servirá de liame entre o espírito e a matéria e que o capacitará a apreender as leis de Deus.

Ela é a base do sentido táctil, o qual nos permite interagir com o meio ambiente e dele nos distinguirmos. Ela possibilita a que nos sintamos ligados e integrados ao universo. É ela que nos dá a percepção de limites e possibilidades, trazendo-nos a noção de espaço.

Com as experiências constantes do contato com a matéria, essa faculdade vai se aprimorando e tornando-se cada vez mais complexa até permanecer no inconsciente e imperceptível ao ego, assumindo a condição de automatismo biológico.

O espírito, nas suas experiências de contato, submetendo-se às condições a priori, condiciona-se à percepção embrionária que lhe dará a capacidade futura de sentir emocionalmente. Essas condições dizem respeito à capacidade de acoplar-se à matéria, a qual tem a propriedade de flexibilizar-se sob a influência do espírito, moldando-se de acordo com as necessidades evolutivas dele. O espírito, por força das leis de Deus, promove alterações na matéria.

No período em que se acopla ao princípio vital organizado nas plantas, o princípio espiritual estará absorvendo os elementos constituintes das leis de Deus que dizem respeito à formação da capacidade de sentir e emocionar-se.

A sensibilidade física é o embrião da faculdade do espírito em sentir as emoções primitivas no animal e base para os sentimentos superiores do ser espiritualmente elevado.

Tudo o que o corpo experiência transfere-se para o perispírito, o qual codifica cada fase do processo. Por sua vez, o espírito absorve o resultante de tais experiências e o integra às suas estruturas de consolidação das leis de Deus em si.

Mesmo as sensações primárias que o espírito vive, nos seus gozos animais, são transferidas ao perispírito que as associa a outras, integrando-as em parâmetros das leis de Deus e que se conectarão na intimidade do espírito.

A sensação física apurada em certas pessoas não lhes garante a correspondente sensibilidade perispiritual, nem tampouco evolução espiritual maior. Isto se deve tão somente à repetição de experiências próprias e hereditárias no campo da sensibilidade orgânica.

A sensibilidade observada nas pessoas que as torna capazes de sentir presenças espirituais ou de pressentir eventos futuros, também parece decorrer de exercícios e habilidades conquistadas.

A sensibilidade para perceber os sentimentos e os aspectos sutis da vida decorre das aquisições do espírito nas experiências ricas em emoções e que atingem a alma divina. Essa sensibilidade está presente nos espíritos que já alcançaram maturidade para a percepção da grandeza do amor.

Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO


Adenáuer Novaes

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

EMOÇÃO E SENTIMENTO

A educação das emoções surge como resultante das vivências emocionais no campo do convívio e das relações interpessoais.

A emoção é uma reação afetiva, aguda e momentânea, de curta duração, com ou sem conseqüências somáticas, cuja ocorrência, na maioria das vezes, é de forma instintiva. O sentimento, mais complexo que a emoção, é uma configuração afetiva estável, de duração maior e que está associada a conteúdos psíquicos mais consistentes. O sentimento se constrói a partir de experiências ou reflexões conscientes que se associam a redes emocionais inconscientes.

O questionamento quanto às reações emocionais próprias e àquelas provocadas nos outros, permite o surgimento e o desenvolvimento da educação das emoções.

Parece-nos que o criador reservou às emoções um capítulo posterior à aquisição da razão quando idealizou a alma humana, o espírito. A integração da razão ao espírito é patamar necessário à educação das emoções, visto que estas elevam o espírito a um ponto mais próximo de Deus.

As emoções são o encontro da idéia com a energia impulsionadora da vida. Os pensamentos são a mesma idéia, porém já contaminada ou influenciada pelas emoções.

As emoções devem ser sentidas com equilíbrio e harmonia, pois nos facultam possibilidades de contato com as vibrações superiores do universo. É preciso aprender a vivê-las sem as limitações características da alma medrosa e intimidada pela racionalidade excessiva ou pelo dogma.

O sentir com o coração é o desabrochar para permitir-se a manifestação de Deus sob a forma mais sublime, percebendo que a vida é mais do que a racionalidade e a capacidade de escolher palavras para construir frases ou saber fazer conexões lógicas. As emoções equilibradas podem nos fazer conectar com as forças superiores do universo.

Deus parece que endereça o ser humano ao caminho da busca pelo seu equilíbrio emocional. Toda a cultura, todo o saber, toda a racionalidade, toda a sabedoria, bem como todo o intelecto, podem levar o ser humano a dar passos muitos largos em sua evolução, porém jamais o farão sentir a vida em sua beleza e sua generosidade. Por mais que conheça o mundo e o universo, ninguém chegará ao cume da evolução sem aprender a sentir emoções e a educá-las nas relações com seus semelhantes.

Toda a construção humana deve ter seu sentido voltado para a felicidade, e esta é alcançada no equilíbrio e na harmonia do mundo interior das emoções do espírito.

O espírito é livre para manifestar-se e viver a própria vida que estruturou para si. A conquista do livre arbítrio torna-o eternamente responsável pelas construções emocionais que abriga em si mesmo e pelas que fomenta nos outros. Os sentimentos são produtos que se constroem a partir da complexa união de experiências vividas ao longo da trajetória evolutiva. Não são simples momentos em que nos permitimos extravasar a energia reprimida. São frutos de construções onde se misturam idéias, símbolos, complexos, desejos, vontade, sexo, poder, etc. Eles nascem do fundo da alma e trazem seu histórico milenar. Educá-los é o mesmo que organizar o próprio passado, colocando-o a serviço do presente, na direção do futuro.

As conexões emocionais são matéria prima da psique. São elas que contêm nossa força propulsora para a felicidade.

Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO


Adenáuer Novaes

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IDENTIDADE CÓSMICA

Chamamos de atitude amorosa o tratamento benevolente com nosso íntimo através da criação de um relacionamento pacífico com as imperfeições. Desenvolver habilidades benevolentes para consigo é a base da vida saudável e o ponto de partida para o crescimento em harmonia.
Amar a si mesmo é o cerne da proposta educativa do Ser na fieira das reencarnações. O aprendizado do auto-amor tem como requisito essencial a descoberta de nossa identidade cósmica, ou seja, a realidade do que somos na Obra Incomensurável do Pai, nossa singularidade. A singularidade é a Marca de Deus que define nossa história real no trajeto da evolução. É como o Pai nos conclama ser na Sua Criação.

Importante frisar que a singularidade é o conjunto de caracteres morais e espirituais peculiares à criatura única que somos. Nela se incluem também as mazelas cujos princípios foram colocados no homem para o bem, conforme acentuam os Sábios Orientadores da codificação.

Quando rejeitamos alguns aspectos dessa identidade exclusiva, nasce o conflito, que é a tormenta interior da alma convocada a transformar para melhor sua condição individual. Jung chama esse movimento da vida mental como individuação, isto é, viver em busca da individualidade, do si mesmo. Não se trata de viver o individualismo, o personalismo, mas aprender a ser, permitindo a expressão de suas características divinas latentes e de sua sombra sem as máscaras sociais. Individuação = indiviso, inteiro.

O progresso pessoal de cada um de nós é a arte de saber integrar os fragmentos da vida íntima, harmonizando-os para que reflitam as leis naturais de cooperação, trabalho e liberdade.

Somente vibrando na freqüência do amor, esse movimento educativo da alma plenifica-se sem a angústia e o martírio – patrocinadores de longas e dolorosas crises nesse caminhar evolutivo. A convivência compassiva com nossa sombra só será possível com aceitação de nossa identidade cósmica. Aceitar os nossos sentimentos, desejos, ações, impulsos e pensamentos. Aceitar é entrar em contato sem reprimir. Criar uma conexão sem julgamento e condenação. Aceitação não significa acomodação ou adesão passiva, mas entender, investigar e redirecionar esse patrimônio sem rigidez e desamor. É cuidar bem de si mesmo com ternura e respeito ao patrimônio adquirido, incluído os maus pendores. Aceitação é a maneira carinhosa de tratar nessa intimidade, sem rivalidade.

Aceitar-se é confundido com passividade, irresponsabilidade. O conceito é exatamente o inverso, pois quanto eu aceito as coisas como são, resgato minha força e poder transformador.

Se nós não nos aceitamos, magoamos a nós mesmos, por isso o auto-amor é também auto perdão. Perdoar é ter uma atitude de compaixão que nos distancie dos julgamentos e críticas severas e inflexíveis.

O remédio será aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos e viver um dia após o outro, cultivando na intimidade a certeza de que o percurso que fizemos deve ser visto como o melhor e mais proveitoso às necessidades que carregamos. É a nossa marca personalizada na Obra da Criação pela qual devemos responder com siso moral.

Certamente as Leis Divinas, a todo instante, conspiram para que afinemos essa singularidade com a Freqüência de Deus, sempre elevando-nos e progredindo. A proposta do auto-amor, impele-nos, sobretudo, a conhecer nosso ritmo evolutivo, nossa capacidade pessoal de ajustarmo-nos a essa melodia universal.

Ninguém consegue ultrapassar seus limites pessoais de uma para outra hora. A palavra limite quer dizer o ponto máximo. Em termos espirituais, só daremos conta daquilo que podemos. Nem mais nem menos. O martírio representa alguém querendo dar além do que consegue, idealizando caminhos, cobrando de si o impossível. Uma postura de inaceitação de sua condição íntima, gerando insatisfações e desequilíbrios.

Quando não amamos a nós mesmos, vivemos à mercê da influência dos palpites e reprimendas. A aprovação alheia é mais importante que a aprovação interior. Nessa situação escasseiam estima e confiança a si próprio, que impossibilitam a expressão da condição particular. Assim sentimo-nos prisioneiros adotando máscaras com as quais procuramos evitar a rejeição social, fazendo-nos infelizes e revoltados.

Ninguém pode definir para nós o quanto ou o como deveríamos. Podemos ouvir opiniões e conselhos, corretivos e advertências, porém, o exercício do auto-amor nos ensinará a tirar de cada situação aquilo que, de fato, nos seja útil ao crescimento. Cada pessoa ou situação de nossas vidas é como o cinzel que auxiliará a esculpir a obra incomparável da ascensão particular. A tarefa intransferível de talhar é com cada um de nós, escultores da individuação.

Quem se ama, imuniza-se contra as mágoas, guarda serenidade perante acusações, desapega-se da exterioridade como condição para o bem-estar, foca as soluções e valores, cultiva indulgência com o semelhante, tem prazer de viver e colabora espontaneamente com o bem de todos e de tudo.

Por longo tempo ainda exercitaremos esse amor a nós mesmos, alfabetizando nossas habilidades emocionais para um relacionamento intrapessoal fraterno, equilibrado. A primeira condição para nos engajarmos na Lei do Amor é essa caridade conosco, o encontro do self divino, sem o qual ficaremos desnorteados no labirinto das experiências diárias, à mercê de pessoas e fatos, adiando o Instante Celeste de sintonizar nossos passos com a paz interior que todos, afanosamente, estamos perseguindo.

Do Livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos
Wanderley de Oliveira - Esp. Ermance Dufaux

domingo, 17 de outubro de 2010

CULPA I

Processos de Libertação da Culpa


Há uma culpa saudável que deve acompanhar os atos humanos quando os mesmos não correspondem aos padrões do equilíbrio e da ética. Esse sentimento deve ser encarado como um sentido de responsabilidade. Sem ela os indivíduos agiriam irresponsavelmente.

Todas as criaturas cometem erros, alguns de natureza grave. No entanto, não têm porque desanimar na luta ou abandonar os compromissos de elevação moral.

O antídoto para a culpa é o perdão, que poderá ser a si mesmo, a quem foi a vítima, à comunidade, a natureza.

Desde que a paz e a culpa não podem conviver juntas, porque uma elimina a outra, torna-se necessário o exercício da compreensão da própria fraqueza, para que possa a criatura libertar-se da dolorosa injunção.

A coragem de pedir perdão e a capacidade de perdoar são dois mecanismos terapêuticos liberadores da culpa.

Consciente do erro, torna-se exeqüível que se busque uma forma de reparação, e nenhuma é mais eficiente do que a de auxiliar aquele a quem se ofendeu ou prejudicou, ensejando-lhe a recomposição do que foi danificado.

Tratando-se de culpa que remanesce no inconsciente, procedente de existência passada, a mudança de atitude em relação à vida e aos relacionamentos, ensejando-se trabalho de edificação, torna-se o mais produtivo recurso propiciador do equilíbrio e libertador da carga conflitiva.

Ignorando-se-lhe a procedência, não se lhe impede a presença em forma de angústia e falta de merecimento de tudo de bem e de útil quanto sucede... assim mesmo, o esforço em favor da solidariedade e da compaixão, elabora mecanismos de diluição do processo afligente.

É comum que o sentimento de vergonha se instale no período infantil, quando ainda não se tem idéia de responsabilidade de deveres, mas se sabe o que pe correto ou não para praticar. Não resistindo ao impulso agressivo ou à ação ilegítima, logo advém a vergonha pelo que foi feito, empurrando para fugas psicológicas automáticas que irão repercurtir na idade adulta, embora ignorando-se a razão, o porquê.

A culpa tem a ver com o que foi feito de errado, enquanto que o sentimento de vergonha denota a consciência da irresponsabilidade, o conhecimento da ação negativa que foi praticada.

Somente a decisão de permitir-se herança perturbadora, que remanesce do período infantil, superando-a, torna possível a conquista do equilíbrio, da auto-segurança, da paz.

A saúde mental e comportamental impõe a liberação da culpa, utilizando-se do contributo valioso do discernimento que avalia a qualidade das ações e permite as reparações quando equivocadas e o prosseguimento delas quando acertadas.



Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

sábado, 16 de outubro de 2010

CULPA II

As Conseqüências da Culpa não Liberada


A culpa encontra sintonia com as paisagens mais escuras da personalidade humana em que se homizia.

Os conflitos e as mesquinhezes dos sentimentos nutrem-se da presença da culpa, levando a estertores agônicos aquele que lhe sofre a injunção.

Acabrunha e desarticula os mecanismos da fraternidade, tornando o paciente arredio e triste, quando não infeliz e desmotivado.

As suas ações tornam-se policiadas pelo medo de cometer novos destinos e quase sempre é empurrado para a depressão.

Apóia-se na justificativa que é normal errar, e, sem dúvida o é, mas não permanecendo em contínua postura de equívocos, prejudicando outras pessoas, sem o reconhecimento das atitudes infelizes que devem sempre ser recuperadas.

Tormentosa é a existência de quem se nutre de culpa, sustentando-a com a sua insegurança. Tudo quanto lhe acontece de negativo, mesmo as ocorrências banais, é absorvido como sentimentos necessários à reparação.

A infância conflituosa, não poucas vezes induz o educando à raiva, ao desejo de vingança, à morte dos adultos, isto ocorre como catarse liberadora do desgosto. Quando, mais tarde, ocorre algo de infelicitador com aquele a quem foram dirigidos a ira e o desejo de desforço, a culpa instala-se, automaticamente, no enfermo, provocando arrependimento e dor.

Determinados acontecimentos têm lugar, não porque sejam desejados, mas porque sucedem dentro dos fenômenos humanos. Entretanto, a consciência aturdida aflige-se e procura mecanismos de autopunição, encontrando, na culpa, a melhor forma de descarregar o conflito.

O arrependimento, que deve ser um fenômeno normal de avaliação das ações, mediante resultados decorrentes, torna-se, na consciência de culpa, uma chaga a purgar mal-estar e desconfiança.

Como forma de esconder o conflito, surge autocomiseração, a autocompaixão, quando seria mais correto a liberação do estado emocional, mediante a reparação quando possível.

Reprimir a culpa é tão negativo quanto aceita-la como ocorrência natural, sem o discernimento da gravidade das ações praticadas.

À medida que é introjetada, ela assenhoreia-se da emoção e torna-se punitiva, castradora e perversa.

Porque nutre dos pensamentos atormentadores, o indivíduo sente-se desvalorizado e aflige-se com idéias pessimistas e desagradáveis. Acreditando-se desprezíveis, algumas personalidades de construção frágil escorregam para ações mais conflitivas.

Do Livro : CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CULPA III

A Psicologia da Culpa


Duas são as causas psicológicas da culpa: a que procede da sombra escura do passado, da consciência que se sente responsável por males que haja praticado em relação a outrem e a que tem sua origem na infância, como decorrência da educação que é ministrada.

A culpa é resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente.

Este procedimento preexiste à vida física, porque originário como gravame cometido contra o próximo, que gerou conflito de consciência.

Quando a ação foi desencadeada, a raiva, o ódio ou o desejo de vingança, ou mesmo a inconseqüência moral, não se permitiram avaliação do desativo, atendendo ao impulso nascido na mesquinhez ou no primarismo pessoal. Lentamente o remorso gerou o fenômeno de identificação do erro, mas não se fez acompanhar da coragem para a conveniente reparação, transferindo para os arquivos do espírito o conflito em forma de culpa, que ressuma facilmente ante o desencadear de qualquer ocorrência produzida pela associação de idéias condutora da lembrança inconsciente.

Quando isto ocorre, o indivíduo experimenta insopitável angústia, e procura recurso de autopunição como mecanismo libertador para a consciência responsável pelo delito que ninguém conhece, mas se lhe encontra ínsito no mapa das realizações pessoais, portanto, intransferível.

Apresenta-se como uma forte impregnação emocional, em forma de representações ou idéias, parcial ou totalmente reprimidas, que ressurgem no comportamento, nos sonhos, com fortes conflitos psicológicos.

Na segunda hipótese, a má-formação educacional quando impede a criança de desenvolver a identidade, conspira para a instalação da culpa. Exige-se que o educando seja parcial e adulador, concordando com as idéias dos adultos que estabelecem os parâmetros da sua conduta sem terem em vista a sua espontaneidade, a sua liberdade de pensamento, a sua visão da existência humana em desenvolvimento e formação.

É de lamentar-se que as crianças sejam manipuladas por adultos, quando frustrados, que lhes transmitem a própria insegurança, insculpindo-lhes comportamentos que a si mesmos se agradam em detrimento do que é de melhor para o aprendiz.

Precipita-se-lhe a fase do desenvolvimento adulto com expressões pieguistas, inculcando-lhes condutas extravagantes, sem que deixem de ser realmente crianças.

A vida infantil é relevante na formação da personalidade, na construção da consciência do Si, na definição dos rumos existenciais.

A conduta dos adultos agrava no educando a forma de ser ou de parecer, de conviver ou de agradar, de conquistar ou de utilizar-se, dando surgimento, quase sempre, quando não correta, a inúmeros conflitos, a diversas culpas.

Constrangida a ocultar a sua realidade, a fim de não ser punida, sentindo-se obrigada a agradar seus orientadores, a criança compõe um quadro de aparência como forma de conveniência, frustrando-se profundamente e perturbando o caráter moral que perde as diretrizes de dignidade, os referenciais do que é certo e do que é errado.

Essa má-educação é imposta para que os educandos sejam bons meninos, isto é, que atendam sempre aos interesses dos adultos, não os contrariando, não os desobedecendo. Bem poucas vezes pensa-se no bem-estar da criança, no que lhe apraz, naquilo que lhe é compatível com o entendimento.

Outras vezes, como forma escapista da própria consciência, os pais cumulam os filhos com brinquedos e jogos, em atitude igualmente infantil de suborno emocional, a fim de os distrair, em realidade para fugirem ao dever da sua companhia, dos diálogos indispensáveis, da convivência educativa mais pelos atos do que pelas palavras.

Assim, o educando cresce co-dependente, isto é, sem liberdade de ação, de satisfação, culpando-se toda vez que se permite o prazer pessoal fora dos padrões estabelecidos e das imposições programadas.

Para poupar-se a problemas, perde a capacidade de dizer não, a espontaneidade de ser coerente com o que pensa, com o que sente, com o que deseja.

Não poucas vezes, a criança é punida quando se opõe, quando externa o seu pensamento, quando se nega, alterando a maneira de ser, a fim de evitar-se os sofrimentos.

Há uma necessidade psicológica de negar-se, de dizer-se não, sempre que se faça próprio, sem a utilização de métodos escapistas que induzem à pusilanimidade, à incoerência de natureza moral.

Não se pode concordar com tudo, omitir-se de dizer-se o que se pensa, de negar-se, de ser-se autêntico. A maneira de expressar a opinião é que se torna relevante, evitando-se a agressividade na resposta negativa, a prepotência na maneira de traduzir o pensamento oposto. Torna-se expressivo, de certo modo, não exatamente o que se diz, mas a maneira como se enuncia a informação.

Esse hábito deve ser iniciado na infância, embutindo-se no comportamento do educando a coragem de ser honesto, mesmo que a preço de algum ônus.

Essa insegurança na forma de proceder e a dubiedade de conduta, a que agrada aos outros e aquela que a si mesmo satisfaz, quase sempre desencadeiam processos sutis de culpa, que passam a confundir o indivíduo na maioria das vezes em que é convidado a definir rumos de comportamento.

A culpa pode apresentar-se a partir do momento em que se deseja viver a independência, como se isso constituísse uma traição, um desrespeito àqueles que contribuíram para o desenvolvimento da existência, que deram orientação, que se esforçaram pela educação recebida. Entretanto, se o esforço foi realizado com o objetivo de dar felicidade, a mesma começa a partir do instante em que o indivíduo afirma-se como criatura, em que tem capacidade para decidir, para realizar, para fazer-se independente.

Os adultos imaturos diante desse comportamento cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz.

Esse método abusivo é normalmente imposto à infância, propiciando que a culpa se instale, quando a criança dá-se conta de que pensa diferente dos seus pais, exigindo destes sabedoria para poderem diluí-se e apoiarem o que seja correto, modificando o que não esteja compatível com a educação.

A culpa é algoz persistente e perigoso, que merece orientação psicológica urgente.

Do Livro : CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO PARA O AUTO-AMOR

O mais genuíno ato de amor a si consiste na laboriosa tarefa de fazer brilhar a luz que há em nós. Permitir o fulgor da criatura cósmica que se encontra nos bastidores das máscaras e ilusões. Somente assim, escutando a voz de nosso guia interior, nos esquivaremos das falácias do ego que nos inclina para as atitudes insanas da arrogância.

Quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros que a nós, mendigamos o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos querer bem.

O resgate de si mesmo há de se tornar meta prioritária das sociedades sintonizadas com o progresso. O bem-estar do homem, no seu mais amplo sentido, se tornará o centro das cogitações da ciência, da religião e de todas as organizações humanas.

Não podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam vivências íntimas da criatura em sua caminhada de aprendizado. As últimas duas gerações que sofreram de modo mais acentuado os processos históricos e coletivos da repressão atingem a meia idade na atualidade. Renasceram ao longo das décadas de cinqüenta e sessenta e se encontram em plena fase de vida produtiva, sofridas pelas seqüelas psicológicas marcantes de autodesamor.

Outro fator, mais grave ainda, são as crenças alicerçadas em sucessivas vidas reencarnatórias que constituem sólida argamassa psicológica e emocional, agindo e reagindo, continuamente, contra os anseios de crescimento íntimo. O complexo de inferioridade é a condição cármica criada pelo homem em seu próprio desfavor.

Nada, porém, é capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de sentimentos naturais e divinos que emanam da alma como apelos de bondade, serenidade e elevação. Nem a formação educacional rígida ou os velhos condicionamentos são suficientes para tolher a escolha do homem por novos aprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas, a despeito dos fatores sociais e reencarnatórios que agrilhoam a mente aos cadinhos regenerativos do conflito e da dor.

Contra os objetivos da vida profunda, temos forças vivas em nós mesmos como efeitos de nossos desatinos nas experiências pretéritas.

Considerando essa manifestação celeste do ser profundo, compete-nos talhar condições favoráveis para o aprendizado das mensagens da alma. Aprender a ouvir nossos sentimentos verdadeiros, os reclames do Espírito que somos nós mesmos.

O auto-amor é um aprendizado de longa duração. Conectar seu conceito a fórmulas comportamentais para aquisição de felicidade instantânea é uma atitude própria de quantos se exasperam com a procura do imediatismo. Amar é uma lição para a eternidade.

Uma das habilidades que carecemos aperfeiçoar nas relações interpessoais é a arte de ouvir. Mas, da mesma forma que guardamos limitações para ouvir o outro, também não sabemos ouvir a nós mesmos.

Ouvir a alma é aprender a discernir entre sentimentos e o conjunto variado de manifestações íntimas do ser, sedimentadas na longa trajetória evolutiva, tais como instintos, tendências, hábitos, complexos, traumas, crenças, desejos, interesses e emoções.

Escutar a alma é aprender a discernir o que queremos da vida, nossa intenção-básica. A intenção do Espírito é a força que impulsiona o progresso através do leque dos sentimentos. A intenção genuína da alma reflete na experiência da afetividade humana, construindo a vastidão das vivências do coração – a metamorfose da sensibilidade. A conquista de si mesmo consiste em saber interpretar com fidelidade o que buscamos no ato de existir, a intenção magnânima que brota das profundezas da alma em profusão de sentimentos.

Estar em paz consigo é recurso elementar na boa aplicação dos talentos divinos a nós confiados.

Amar-se não significa laborar por privilégios e vantagens pessoais, mas o modo como convivemos conosco. Resume-se na forma como tratamos a nós próprios. A relação que estabelecemos com nosso mundo íntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos àquilo que sentimos. A auto-estima surge quando temos atitude cristã com nossos sentimentos.

O amor a si não se confunde com o egoísmo, porque quem tem atitude amorosa consigo está centrado no self. Deslocou o foco de seus sentimentos para a fonte de sabedoria elevação, criando ressonância com o ritmo de Deus. Amar-se é ir ao encontro do si mesmo.

Alguns tópicos para debate:

Responsabilidade – somos os únicos responsáveis pelos nossos sentimentos.

Consciência – o sentimento é o espelho da vida profunda do ser e expressa os recados da consciência. Nossos sentimentos são a porta que se abre para esse mundo glorioso que se encontra oculto, desconhecido.

Ética para conosco – somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedores de amor do outro, se não recebemos nem o nosso próprio?

Juízo de valor – não existem sentimentos certos ou errados.

Automatismos e complexos – o sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheios à vontade e à intenção.

Auto-amor é um aprendizado – construir um novo olhar sobre si, desenvolver sentimentos elevados em relação a nós, constitui um longo caminho de experiências nas fieiras da educação.

Domínio de si – educar sentimentos é tomar posse de nós próprios.

Aceitação – só existe amor a si através de uma relação pacífica com a sombra.

Renovação do sistema de crenças – superar os preconceitos. Julgamentos formulados a partir do sistema de crenças desenvolvidas com base na opinião alheia desde a infância.

Ação no bem – integração em projetos solidários. Aquisição de valor pessoal e convivência com a dor alheia trazem gratidão, estima pelas vivências pessoais. Cuidando bem de nós próprios, somos, simultaneamente, levados a estender ao próximo o tratamento que aplicamos a nós. Quando aprendemos a gostar de nós, independente de sermos amados, passamos a experimentar mais alegria em amar. A ética de amor a si deve estar afinada com o amor ao próximo.

Assertividade – diálogo interno. Uma negociação íntima para zelar pelos limites do interesse pessoal.

Florescer a singularidade – o maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados do que verdadeiramente somos.

Ter as rédeas de si mesmo – para muitos o personalismo surge nesse ato de gerir a vida pessoal com independência. Pelo simples fato de não saberem como manifestar seus desejos e suas intenções, abdicam do controle íntimo e submetem-se ao controle externo de pessoas e normas.

Construção da autonomia – autonomia é capacidade de sustentar sentimentos nobres acerca de nós próprios.

Identificação das intenções – aprender a reconhecer o que queremos, qual nossa busca na vida. Quase sempre somos treinados a saber o que não queremos.

Sentir-se bem consigo é sinônimo de felicidade, acesso à liberdade. É permitir que a centelha sagrada de Deus se acenda em nós. Conhecer a arte de manejar caracteres.

Do Livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos


Wanderley de Oliveira – espírito Ermance Dufaux



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

APROVEITE O ENSEJO

Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata. É aquele que luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito.

Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis. É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração.

Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita sal cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto.

Não é a criatura que respira no trabalho normal que requisita socorro urgente. É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio.

É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível,porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.



Do Livro: Agenda Cristã – Chico Xavier/Emmanuel



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

INDIVIDUAÇÃO OU INDIVIDUALISMO?

A palavra conceito quer dizer idéia que temos de algo ou alguém. Analisamos a vida e os fatos pela ótica individual de nossas conceituações. Nosso entendimento não ultrapassa esse limite.

Alguns desses conceitos resultam da vivência. Foram estruturados pelo uso de todos os nossos sentidos, adquirindo significados. Chamamo-los experiência. Outros são fruto da capacidade de pensar e adquirir conhecimento. Determinam os pensamentos predominantes na vida mental. Quando criamos fixação emocional a esse padrão do pensar, nasce o preconceito.

A experiência leva ao discernimento. O discernimento é a porta para a compreensão. A compreensão identifica a verdade.

O preconceito conduz ao julgamento. O julgamento sustenta os rótulos. Os rótulos distanciam da realidade.

A atitude construtiva na Obra da Criação depende da habilidade de relativizar. Até mesmo a experiência, por mais preciosa, necessita ser continuamente repensada, evitando a estagnação em clichês.

A vida é regida pela suprema Lei da Impermanência. Certo e errado são critérios sociais mutáveis sob a perspectiva sistêmica. Apesar disso, são referências úteis à maioria dos habitantes da Terra. Funcionam como estacas disciplinadoras. Porém, em certa etapa do amadurecimento espiritual, constituem amarras psicológicas na descoberta da realidade pessoal, cuja riqueza está nos significados únicos construídos a partir dos ditames conscienciais.

Jung chamou de individuação o processo paulatino de expressar nossa singularidade, isto é, a Marca de Deus em nós; o ato de talhar a individualidade, aquele ser distinto e único que está latente dentro de nós.

Na individuação o critério certo/errado é substituído por algumas perguntas: convém ou não? Quero ou não? Serve ou não? Necessito ou não? Questões cujas respostas vêm do coração. Somente aprendendo a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagens da alma destinadas ao ato de individuar-se. E sentimento é valor moral aferível exclusivamente por nós mesmos no átrio sagrado da intimidade consciencial.

Somos aquilo que sentimos. As máscaras não destroem essa realidade. Quando aprendemos o auto-amor, abandonamos o crítico interno que existe em nós e passamos a exercer a generosidade do autoperdão, ou seja, a aceitação incondicional da criatura ainda imperfeita que somos. Nossa integração com a verdade depende do conhecimento dessa realidade particular: escutar a alma! Ela se manifesta na consciência cujos sentimentos constituem o espelho. Através das sensações, no seu sentido mais amplo, a alma se manifesta.

Escutando a alma, conectados à sua sabedoria interior, desligamos dos padrões, normas, ambientes, pessoas filosofias contrárias à nossa felicidade e inadequadas ao caminho particular de aprimoramento.

Saber o que nos convém, saber o que é útil exige dilatado discernimento aliado ao tempo. Quando usamos os rótulos certo/errado, fomentamos a culpa e a punição. Quando sabemos o que nos convém, agimos e escolhemos com responsabilidade na condição de autores do nosso destino. Quando amadurecemos, percebemos que certo e errado se tornam formas de entender, experiências diversificadas.

O caminho de ascensão para todos nós é o mesmo, apenas muda a maneira de caminhar. Cada criatura tem seu passo, seu ritmo, sua história.

Refletindo sobre conceitos, teçamos algumas ilações para que não nos confundamos: grande distância separa o processo da individuação da atitude de individualismo.

Na individuação temos: a necessidade, a alma, a consciência, a descoberta e criatividade, o preparo e o amadurecimento, experimentamos a realização pessoal, é fruto do amor, floresce o crescimento espiritual.

No individualismo temos: a prevalência do interesse pessoal, a personalidade, o ego, a imitação e a disputa, a precipitação, a insaciedade, é a leira do egoísmo, é a sementeira do egoísmo.

O individualista também caminha em seu processo de individuação. Evidentemente, com menos consciência de suas reais necessidades, permitindo larga soma de interesses particularistas.

Do Livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos


Wanderley de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux

domingo, 10 de outubro de 2010

PREVINA-SE

Equilibre sua justiça, subtraindo-lhe as inclinações para a vingança.

Acautele-se com o seu desassombro, para não cair em temeridade.

Analise sua firmeza, para que se não transforme em petrificação.

Ilumine suas diretrizes, a fim de que se não convertam em despotismo.

Examine sua habilidade, evitando-lhe a internação em velhacaria.

Estude sua dor para que não seja revolta.

Controle seus melindres, de modo que se não instalem na casa sinistra do ódio.

Vele por sua franqueza, a fim de que a sua palavra não destile veneno.

Vigie seu entusiasmo para que não constitua imponderação.

Cultive seu zelo nobre, mas não faça dele uma cartilha escura de violência.



Do Livro: Agenda Cristã – Chico Xavier


Espírito Emmanuel

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

RESSENTIMENTO I

                                                         Causas Psicológicas do Ressentimento
Subjacente nos refolhos do inconsciente coletivo e individual da criatura humana, a necessidade do poder impõe-se como fator primacial para a auto-realização, para o desenvolvimento da inteligência e da vontade, para a conquista pelo sentimento ou mediante a astúcia de tudo quanto o ego ambiciona.

Esta ânsia de poder, inerente ao ser humano, é geradora de inúmeros conflitos quando não resolvida de maneira equilibrada.

A luta pelo poder constitui o motivo essencial da existência humana, na busca de seu bem-estar, da sua felicidade.

Examinando-se o exclusivo sentido do poder, toda vez quando o indivíduo se sente defraudado na sua ambição desmedida, rebela-se, permitindo que o ego seja atingido e subestimado, gerando sentimentos controvertidos de ódio, de rancor, de ressentimento.

A frustração sexual mascara o seu conflito quando o indivíduo sente-se rejeitado, desenvolvendo-o com mais vigor, já que sua existência é uma herança dos seus instintos básicos, que dá lugar à exagerada exacerbação que se converte em ressentimento.

O sentimento de inferioridade, de abandono, abre espaço para o ressentimento que anela pela subjugação de quem o desprezou.

Alojando-se na mente e na emoção, a fracassada possibilidade de manipulação de outrem transforma-se em surda e covarde expressão de vingança disfarçada, que deseja o desforço mediante a infelicidade daquele a quem considera como seu opositor.

Transferindo-se da emoção para a memória, faz-se verdugo cruel que perde o discernimento, a faculdade de logicar, para fixar-se naquilo que considera ofensa, cada vez mais enredando-se nos fluidos deletérios da revolta que termina por acomete-lo de perturbações emocionais e fisiológicas que se desenvolvem e se estimulam pela vitalização contínua.

É compreensível o surgimento de uma certa frustração e mesmo de desagrado diante de confrontos e de agressões promovidos por outrem, dando lugar a mágoas, que são uma certa aflição de caráter transitório, não, porém, à instalação do ressentimento.

A emoção que é sofrimento deixa de sê-lo no momento em que dela formamos uma idéia clara e nítida.

Enquanto fixada em algum dos instintos básicos, a emoção é geradora de sofrimento, em face dos impositivos de que se reveste, como fenômeno sem controle, como capricho decorrente de imaturidade psicológica.

O sentido do existir proporciona uma visão profunda do amor, que a tudo e a todos compreende, agigantando-se ao largo das experiências vivenciadas no quotidiano, que proporcionam crescimento emocional e conseqüente controle das paixões.

O ser humano, em face da sua procedência espiritual, é portador do anjo e do demônio em latência, desenvolvendo as manifestações elevadas do espírito, ao mesmo tempo em que supera as heranças do primarismo.

Assim, a vida possui um sentido de existência, que se fundamenta no amor, superando o vazio e a falta de significado, frutos do estado de tédio e de insatisfação.

Em decorrência da inevitabilidade do sofrimento, o caminho único a ser percorrido é a sua superação, quando se passa a formar a seu respeito uma idéia clara e nítida, racionalizando-lhe as ocorrências.

O ressentimento permanece como um especial arquétipo, sombra densa dominando os sentimentos humanos, aumentando o comportamento conflitivo, quando seria ideal libera-lo da conduta, mesmo quando iniciando os passos do equilíbrio e da afirmação dos seus valores éticos, dos quais decorrem o bem-estar, a saúde em várias expressões, alcançando o numinoso.

Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

RESSENTIMENTO II

Efeitos Pernicioso e Transtornos Emocionais do Ressentimento


Os sentimentos violentados que se transformam em conflitos não resolvidos, escravizam a criatura, que passa a vivenciá-los de acordo com o que lhe parece real, jamais conforme exercício de evolução.

Logo advêm transtornos de breve ou longa duração, tal a depressão como resultado da amargura que domina as paisagens íntimas, devorando os parcos ideais de viver ou transformando-se em mecanismo de vingança, transferindo a culpa que perturba como de responsabilidade de outrem, daquele que gerou a situação, nunca, porém de si mesmo. Outras vezes, desenvolve a ansiedade pelo desejo mórbido de desforço, mediante o qual supõe erradamente seria resolvido o conflito justificado.

Esse comportamento tem a ver com o estágio da consciência adormecida ou não de quem se acredita vítima da injunção que toma corpo superior à qualidade do fato ocorrido.

Os indivíduos biliosos já se fazem caracterizar pela debilidade da organização fisiológica, responsável por transtornos funcionais dos equipamentos de que se constitui, tendo maior facilidade em aceitar os desafios existenciais como provocações e instigações à sua aflição.

Portadores de diversos complexos, entre os quais se destaca a inferioridade que se atribuem, acreditando sempre que tudo de desagradável que lhes sucede é desconsideração de pessoas ou de grupos, mantém-se sempre armados, disparando petardos violentos contra todos, por decorrência de suspeitas incoerentes que lhes denotam a insegurança.

Não amando, consideram-se desamados, e sempre estão em vigilância rigorosa em torno de tudo quanto lhes diz respeito, desde que procedente dos demais, nunca, porém, deles originado.

A um passo de distúrbios graves, facilmente acolhem o ressentimento em que se comprazem, alterando o comportamento já doentio e mergulhando cada vez mais no poço sem fundo da amargura.

Neurotizando-se com mais vigor, não são capazes de uma catarse honesta, de uma busca de esclarecimento, de um apaziguamento interior, e mais revoltam-se quando são confrontados pela sensatez que os convida a uma revisão do acontecimento, a uma mudança de atitude. Acumulam motivos e transtornam-se emocionalmente, considerando-se perseguidos e vinculando-se a mais graves compulsões de desforço.

É nesse clima de fixação mental, cultivando fel da amargura, que se deixam tombar nas malhas nefastas de vinculações psíquicas com outras mentes em desalinho na esfera espiritual em que se movimentam, iniciando-se ligações obsessivas de grave porte.

Estabelecida a sintonia, o hóspede psíquico passa a realizar um processo hipnótico bem urdido, ampliando a idéia da ocorrência na mente do hospedeiro, aumentando-lhe a carga vibratória com o acumular de outras ocorrências já superada, que agora ressumam com teor de gravidade, mais afligindo o desditoso que se entrega de maneira masoquista ao fenômeno de que não se dá conta.

Nesse processo, apresenta-se a mistura dos sentimentos da vítima e do novo algoz, induzindo a desequilíbrio grave.

É natural que a incidência do transtorno obsessivo sobre o orgulho do ego ferido na sua soberania, resulte em alta carga de descompensação emocional que o sistema nervoso central tem dificuldade de administrar, emitindo ondas fragmentárias ou aceleradas para as glândulas de secreção endócrina que descarregarão as suas substâncias no sistema imunológico,desarticulando-lhe as defesas.

O avanço para distúrbios mais profundos é inevitável, porque o paciente bloqueia o discernimento e qualquer convite para o equilíbrio, para a revisão do comportamento, nele produz reação violenta ou falsa passividade que significa indiferença pela terapia de que necessita.

Ei-los que transitam pelo mundo infelizes, cabisbaixos, sucumbidos ou exaltados, rancorosos, despejando dardos violentos a qualquer contrariedade, justificando a insânia coletiva e desejando agravamento das ocorrências infelizes até a consumação geral pelo caos que gostariam tivesse vigência imediata.

Tudo poderia ser resolvido com imensa facilidade, com uma boa dose de compreensão, de tolerância e de compaixão.

Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

terça-feira, 5 de outubro de 2010

RESSENTIMENTO III

Terapia Libertadora


O ser, em si mesmo, não é portador de maldade, mas foram as experiências do processo de evolução que despertaram essa face negativa que pode e deve ser corrigida pela aplicação dos recursos do altruísmo, da bondade, da moralidade e da cooperação com as demais criaturas do mundo.

O processo de evolução gera prazeres mesmo no cultivo do mal, no entanto, são transitórios, servindo de medida para comparação com as conquistas do bem e as alegrias dele derivadas com sabor duradouro.

A Psicologia Positiva proporciona a libertação natural do excruciante padecer que ressuma do ressentimento, desde que o paciente predisponha-se à reflexão, à mudança de comportamento mental para a posterior alteração de conduta emocional.

Desvalorizando o que considera ofensivo, logo descobre o prazer de ser livre, de poder amar sem exigir compensação, de conviver sem qualquer estado preconcebido de autodefesa.

Ninguém vive a atacar outrem, exceto quando em desarmonia consigo, o que deixa de merecer consideração em face do distúrbio do agressor.

A mudança de atitude mental e emocional rompe os liames da indução obsessiva, facilitando maior claridade para o raciocínio, então livre dos impulsos dominadores, do algoz.

As ações meritórias, não somente são gratificantes para a emoção, como é compensador de dívidas transatas, de agressões à vida em outras paragens do tempo e do espaço, quando em diferente vilegiatura carnal.

Persistindo o gravame, ei-lo incapaz de recuperar-se, necessitando de urgente socorro psicoterapêutico proporcionado por especialistas, a fim de que não se converta em um processo irreversível.

Em qualquer circunstância o indivíduo deve contribuir com a sua vontade, sem a qual todo o empenho de outra pessoa serão inócuos, quando não mais desagradáveis para o padecente.

Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS


Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

sábado, 2 de outubro de 2010

SEMEADURA

Sua generosidade chamará a bondade alheia em seu socorro.

Sua simplicidade solucionará problemas para muita gente.

Sua complexidade provocará muita dissimulação no próximo. Sua indiferença fará manifesta frieza nos outros.

Seu desejo sincero de paz garantirá tranqüilidade no caminho.

Seu propósito de guerrear dará frutos da inquietação.

Sua franqueza contundente receberá frases rudes.

Sua distinção edificará maneiras corretes naqueles que o seguem.

Sua espiritualidade superior incentivará sublimes construções espirituais.

Diariamente, semeamos e colhemos. A vida é também um solo que recebe e produz eternamente.

Do Livro: Agenda Cristã – Chico Xavier


Espírito Emmanuel

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SEM TAIS ARMAS

Sem boas maneiras

Você viverá desamparado da confiança dos outros.

Sem fortaleza,

Sucumbirá aos primeiros obstáculos do caminho.

Sem fé positiva,

Vagueará sem rumo.

Sem devotar-se ao bem,

Experimentará terrível endurecimento.

Sem exemplos nobres, passará inutilmente pelo mundo.

Sem trabalho digno,

O tédio apodrecerá suas energias.

Sem esforço próprio,

Jamais alcançará as portas do Alto.

Sem esperança,

Suas noites terrestres serão mais escuras.

Sem compreensão,

Dolorosa lhe será a jornada, através das sombras.

Sem espírito de renúncia,

Você não educará ninguém.

Do Livro: Agenda Cristã - psicografia Chico Xavier
Espírito Emmanuel