Vigiemos esse comportamento de fuga, perguntando-nos, com honestidade, qual a certeza e fundamento lógico temos para afirmar que as raízes de tais emoções pertencem ao passado de outras existências corporais. Para vós outros que estais na carne, agraciados com o esquecimento cerebral, torna-se mais difícil ainda tecer afirmativas verdadeiras sobre semelhante ocorrência. Ainda que sejam sentimentos ou lembranças de outras vidas, se elas se encontram ativas na vida presente, importa o que se sente hoje, devem ser elaborados como pertencentes à atualidade.
Se tais incursões mnemônicas são permitidas é com função educativa e não para que tenhamos um lugarzinho na mente, como se fosse um álibe com o qual possamos justificar, uns perante os outros, tudo aquilo que sentimos ou deveríamos. Isso não nos torna menos responsáveis pela vida afetiva. Assumamos com responsabilidade os nossos sentimentos, conhecendo-lhes os motivos, olhando para eles de frente, sem temor ou vergonha. Essa a primeira condição para os transformarmos em valores espirituais que impulsionam a evolução.
Entendamos por assumir sentimentos, o serviço de autoconhecimento e auto-aceitação dos mesmos em nós com finalidades superiores, longe do assumir de alguns profissionais levianos e descuidados que induzem seus pacientes a admitirem e viverem intensamente o seu lado sombra.
Tenhamos sobriedade e dispamos dessas máscaras perniciosas do relacionamento.
Rompamos com essas fantasias de outras vidas e definamos o processo das afinidades e desafeições, buscando entender as razões atuais de tais ocorrências do coração. Entendamos as causas presentes das antipatias e simpatias e honremo-las com uma conduta ética e ilibada.
Não podemos deixar de nomear essa situação como uma atitude infeliz. Ao ficar camuflando sentimentos que temos uns com os outros, atribuindo-os a existências anteriores, perdemos o ensejo responsável de travar contato com nosso mundo profundo e subjetivo em busca do autêntico amor e dos necessários ajustes emocionais que fazem parte do aprimoramento pessoal.
Nossa primeira tarefa ao depararmos com os sentimentos que não gostaríamos ou deveríamos estar sentindo, em favor do bem alheio e de nós próprios, é estudar nossas reações e edificar as soluções adequadas ao melhor encaminhamento dos pendores da afetividade.
(continua)
(continua)
Do livro: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux