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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


sábado, 11 de maio de 2013

MITOS



Medos e ansiedades, aspirações e sofrimentos estereoti­pam-se em fórmulas e formas mitológicas que lhe refletem o estágio evolutivo, em alguns deles perfeitamente consentâ­neos com as suas conquistas contemporâneas.
As concepções indianas lendárias, as tradições templári­as dos povos orientais, recuperam as suas formulações nas tragédias gregas, excelentes repositórios dos conflitos hu­manos, que a mitologia expõe, ora com poesia, em momen­tos outros com formas grotescas de dramas cruéis.
Com pequenas variações vemos a mesma representação em outros povos e doutrinas de conteúdo infantil, que se não dão conta ou não querem encontrar o significado real da vida, a sua representação profunda, castigando aqueles que lhe de­sobedecem e preferem a idade adulta da razão, abandonando a infância.
O pensamento cartesiano, com o seu “senso prático”, deu-lhes o primeiro golpe e lentamente decretou a morte dos mitos e das crenças.
E quando já se acreditava na morte dos mitos, considerando-se as mentes adultas libera­das deles, eis que a tecnologia e a mídia criaram outros hodiernos: ­ os super-homens, os He-man, os invasores marcia­nos, os homens invisíveis, gerando personagens considera­das extraordinárias para o combate contra o mal sem trégua em nome do bem incessante.
O exacerbar do entusiasmo tornou a ficção uma realidade próxima, permitindo que os jovens modernos confundam as suas possibilidades limitadas com as remotas conquistas da fantasia.
Imitam os heróis das histórias em quadrinhos, tomam posturas semelhantes aos líderes de bilheteria, no teatro, no rádio, no cinema, na televisão e chegam a crer-se imortais físicos, corpos indestrutíveis ou recuperáveis pelos engenhos da biônica, igualmente fabricantes de seres imbatíveis.
Retorna-se, de certo modo, ao período em que os deuses desciam à Terra, humanizando-se, e os magos com habilida­des místicas resolviam quaisquer dificuldades, dando mar­gem a uma cultura superficial e vandálica de funestos resul­tados éticos.
A violência, que irrompe, desastrosa, arma os novos Ram­bos com equipamentos de vingança em nome da justiça, en­frentando as forças do mal que se apresentam numa socieda­de injusta, promovendo lutas lamentáveis, sem controle.
As experiências pessoais, resultado das conquistas éticas, cedem lugar aos modelos fabricados pela imaginação fértil, que descamba para o grotesco, fomentado o pavor, ironizan­do os valores dignos e desprezando as Instituições.
A falência do individualismo industrial, a decadência do coletivismo socialista deram lugar a novas formas de afirmação, nas quais o inconsciente projeta os seus mitos e asse­nhoreia-se da realidade, confundindo-a com a ilusão.
As virtudes apresentam-se fora de moda e a felicidade surge na condição de desprezo pelo aceito e considerado, ins­tituindo a extravagância — novo mito — como modelo de auto-realização, desde que choque e agrida o convívio social.
Na sucessão de desmandos propiciados pelos mitos con­temporâneos, toma corpo a saudade da paz — inocência re­presentativa do bem — e a experiência, demonstrando a inevi­tabilidade dos fenômenos biológicos do desgaste do cansa­ço, do envelhecimento e da morte, propicia uma revisão cul­tural com amadurecimento das vivências, induzindo o ser a uma nova busca da escala de valores realmente representati­vos das aspirações nobres da vida.
A solidão e a ansiedade que os mitos mascaram, mas não eqüacionam, rompem a couraça de indiferença do homem pela sua profunda identidade, levando-o a um amadurecimento em que o grupo social dele necessita para sobreviver, tanto quanto lhe é importante, favorecendo-o com um intercâmbio de emoções e ações plenificadoras.
Os mitos, logo mais, cederão lugar a realidades que já se apresentam, no início, como símbolos de uma nova conquis­ta desafiadora e que se incorporarão, a pouco e pouco, ao cotidiano, ensinando disciplina, controle, respeito por si mes­mo, aos outros, às autoridades, que no homem se fazem in­dispensáveis para a feliz coexistência pacífica.

Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis


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