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sábado, 13 de julho de 2013

A MORTE I


A morte é apenas uma mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que não mais fornece à vida as condições necessárias para seu funcionamento e sua evolução. Para além do túmulo, uma outra fase da existência se abre. O espírito, sob
sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações e encontra em seu estado mental os frutos da última existência que findou.
Não devemos temê-la, e sim nos esforçar para embelezá-la, preparando-nos para ela continuamente pela pesquisa e pela conquista da beleza moral, a beleza do espírito, que molda o corpo e o orna com um reflexo sublime na hora das separações supremas.
Toda morte é um parto, um renascimento. É a manifestação de uma vida até então oculta em nós, vida invisível da Terra que vai reunir-se com a vida invisível do espaço. Após um tempo de perturbação, voltamos a nos encontrar, do outro lado do túmulo, na plenitude de nossas faculdades e de nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres de nossa existência terrestre.
A morte nem sequer nos priva das coisas deste mundo. Continuaremos a ver aqueles que amamos e deixamos atrás de nós. Do seio dos espaços, seguiremos o progresso deste planeta; veremos as mudanças que ocorrem na superfície; assistiremos às novas descobertas, ao desenvolvimento social, político e religioso
das nações. E, até a hora de nosso regresso à carne, participaremos de tudo isso fluidicamente, auxiliando, influenciando, na medida de nosso poder e de nosso adiantamento, aqueles que trabalham em proveito de todos.
A morte, ela nos diz, não muda em nada a nossa natureza espiritual, os nossos
caracteres, o que constitui o nosso verdadeiro “eu”. Ela apenas nos torna mais livres, dá-nos uma liberdade cuja extensão se mede de acordo com o grau de nosso adiantamento. Tanto de um lado quanto de outro, temos a possibilidade de fazer tanto o bem quanto o mal, a facilidade de nos adiantar, de progredir e de nos reformar.
No instante da morte, dizem-nos os espíritos, quase sempre não há dor. Morre-se como se adormece. Essa opinião é confirmada por todos aqueles a quem a profissão e o dever chamam freqüentemente à cabeceira dos moribundos.
Entretanto, se considerarmos a calma, a serenidade de certos doentes na hora derradeira, e a agitação convulsiva, a agonia de outros, deve-se reconhecer que as sensações que antecedem a morte são bastante diversas em relação aos indivíduos. Os sofrimentos são tanto mais vivos quanto mais numerosos e fortes são os laços que unem a alma ao corpo. Tudo o que os pode diminuir, enfraquecer, tornará a separação mais rápida e a mudança menos dolorosa.
Se a morte é quase sempre isenta de sofrimento para aquele cuja vida foi nobre e bela, o mesmo não acontece com os sensuais, os violentos, os criminosos, os suicidas. Assim que a passagem é feita, uma espécie de perturbação, de entorpecimento, invade a maior parte de almas que não souberam se preparar para a partida. Nesse estado, suas faculdades ficam veladas; só passam a perceber as coisas em meio a um nevoeiro mais ou menos denso. A duração dessa perturbação varia de acordo com a natureza e o valor moral delas. Pode ser muito prolongada para as mais atrasadas e até mesmo durar vários anos.

(continua)

Fonte: O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR
LÉON DENIS

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Um comentário:

  1. Amiga Denise, passando por aqui para beber da água da fonte da instrução.
    Um abraço. Tenhas um lindo fim de semana.

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