Páginas

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

INSEGURANÇA II

                Parte do desenvolvimento da personalidade humana é construída na infância e a esta soma-se a milenar bagagem espiritual adquirida em outras encarnações. As bases de muitas indecisões diante da vida se devem à educação autoritária dada pelos pais, que escolhem sistematicamente pelos filhos desde roupas, alimentos, esportes, brinquedos, férias, até amigos, profissão e afetos. Crianças crescem deixando parentes, companheiros ou professores decidirem por elas sem levar em conta seus gostos e preferências. Essas crianças se tornarão, mais tarde, homens sem segurança, firmeza e coragem de tomar atitudes perante a vida. O direito de decidir deve ser estimulado sempre desde a infância, pois se trata de apoio vital na formação de um sólido sentimento de determinação e firmeza, que refletirá no adulto de amanhã.
                O constrangimento que se faz à nossa liberdade de consciência prejudica a busca de nós mesmos, a nossa afirmação perante a vida, bem como nos dificulta encontrar a peculiar forma de amar.
                Em razão disso tudo, indivíduos passam a usar uma máscara de bonzinho como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a enorme incerteza que carregam, mas periodicamente, mostram de modo claro sua insatisfação interior: explodem em raiva inesperada contra aqueles com quem convivem. As relações ficam sensivelmente limitadas, pois nunca se sabe quanto a sua bondade extremada vai suportar uma opinião contrária ou algo que lhes desagrade.
                Essas estranhas bondades são peculiares das pessoas que não desenvolveram a confiança em suas idéias, intuições e vocações íntimas e nunca se afirmam em si mesmas. Não admitem sua insegurança e, por isso, a agressividade acaba quase sempre controlando suas reações. Vivem comportamentos irreais e simulados, tenteando agradar a todos e fazendo da mentira uma necessidade para viver. Pagam, porém, um preço fisiológico, ou seja, a somatização das raivas e fragilidades que mantêm fantasiadas em candura e amabilidade.
Um comportamento exagerado de um indivíduo geralmente significa o oposto do que ele demonstra e confessa.
Os inseguros não escolhem as leis que regem sua conduta. Distanciados cada vez mais de uma vida autônoma, submetem-se a princípios e a pessoas diferentes de seu modo de pensar.
Usar a nossa própria intimidade para nos guiar, lançar mão de nossas sensações, emoções e sentimentos é a chave essencial que nos dará segurança.


Do livro: As Dores da Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: www.motivo.me

2 comentários:

  1. Pois é amiga Denise, realmente nada acontece por acaso, tudo tem uma explicação. Daí o erro de prejulgar ou perseguir os indivíduos por suas condutas, já que a correção comportamental terá de ocorrer no foro íntimo.
    Um abraço. Tenhas uma semana abençoada.

    ResponderExcluir

  2. Graças a Deus, meu pai nunca me obrigou a comer
    carne porco (argh!).
    Talvez por isso, hoje não entendo pais obrigando
    crianças a comer o que não gosta.
    Dar o exemplo,
    tá certo. Se é bom fazer, que os adultos façam.
    Obrigar, porém, não faz sentido.
    Por outro lado,
    nota-se hoje em dia, pais permitindo que as
    crianças façam tudo que der na telha.
    Não, assim também não!
    Criança tem que ser, antes de tudo, orientada.
    Beijos.

    ResponderExcluir

Adoro saber sua opinião sobre os textos aqui postados. Obrigada por sua visita.