Compreensível
o anseio dos filhos pela emancipação doméstica por meio do casamento, deixando
a família de origem para a construção de um novo lar. Como deveria ser,
igualmente, a expectativa dos pais, pois já percorreram, outrora, esse mesmo
caminho. É a lei natural.
Contudo,
de mãos atadas, quantas dificuldades sentem aqueles que vivem essa transição,
especialmente por envolver uma relação habitualmente muito mais estreita e
profunda, ainda que nem sempre saudável, de mãe/filho.
Muito
embora haja exceções, comumente a interação mãe/filho é uma das
vinculações mais intensas,
duradouras e bem configuradas na cicatriz umbilical, que remete sempre à
lembrança histórica de uma relação de entranhas, ou seja, uterina.
O
desvelo maternal alcança tal rigor, que é costumeiro tomá-lo como medida de
comparação quando se quer fazer menção ao amor divino.
Assim,
o filho guarda esta sinalização da vida impressa no seu abdome como lembrete
para a eterna gratidão.
É
preciso ressaltar, também, que se trata de uma relação duplamente importante,
pois embute uma dimensão quantitativa e outra qualitativa.
A
quantitativa se refere ao tempo de convivência íntima, que se estende continuamente
por vinte, trinta ou mais anos; a qualitativa fala do período em que cabe à
mãe, especialmente, lhe dar os primeiros sinais de vida, ou seja, é quando se
estabelecem as bases para a formação do novo eu humano – o ego – e justamente
por se reportar aos primeiros anos de vida, torna-se fundamental para a
definição da personalidade.
Por
estas e outras razões que se revelam quando levamos em conta a reencarnação,
surgem as dificuldades para a emancipação do filho da família de origem, em um
claro exercício de amor e desapego para os membros envolvidos na triangulação
que se forma: mai, filho/filha e nora/genro.
O sentimento de posse,
da mãe, de dependência, do filho, e o apego de ambos conspiram conta o novo
relacionamento, ao lado de outros conteúdos que se agregam, variando de acordo
com cada caso.
Fonte: CASAMENTO: A ARTE DO REENCONTRO – ALBERTO
ALMEIDA
imagem: google
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