A pluralidade dos mundos e das existências é um dos
pilares do espiritismo. Se, por um lado, algumas religiões e doutrinas
espiritualistas até aceitam a existência de um Deus, a imortalidade da alma e a
vida futura, já não é tão frequente a aceitação dos conceitos da reencarnação e
pluralidade dos mundos habitados. Mas, para quem se diz adepto do espiritismo,
é fundamental crer que, num universo infinitamente grande, existem muitos
mundos habitados por espíritos como nós, só que em diferentes graus de evolução.
Essa aceitação nos aproxima da frase do Mestre de que são as muitas moradas na
casa do Pai e exalta a grandeza da criação e o seu propósito. Claro que é
preciso entender o homem como resultante da composição
espírito+períspirito+corpo. Na condição de espíritos fora da carne, somos
inteligências incorpóreas, vivendo em outra dimensão, caracterizada por
organização e constituição diferente da Terra. São colônias ou comunidades de
transição, onde os espíritos se reúnem de forma homogênea baseados em laços de
afinidade, caracterizados pelo estágio de elevação moral.
A literatura espírita nos dá conta da existência de
várias esferas de vida no Mundo Maior, cada uma com suas peculiaridades. E o
que torna a ideia palatável, tangível e muito mais adequada aos conceitos de
Justiça, Poder e Bondade, atributos de Deus, é a de que estamos todos
integrados ao trabalho. Ao contrário do que se prega, o labor não é castigo
divino, trabalhar é a grande misericórdia divina atuando em nosso favor. Para
conhecer e passar pelas diferentes moradias da Casa do Pai, precisamos aprender
a labutar na seara do Mestre. É por isso que a doutrina espírita não se baseia
na prosperidade terrena e, sim, na evolução moral. O ensino dos espíritos sobre
a vida de além-túmulo é um constante lembrete ao espírito apraz o trabalho,
porque a ociosidade não é o paraíso; no universo não há lugar algu destinado à
contemplação estéril ou à beatitude ociosa. Não existe espaço vazio na criação
de Deus, os buracos negros exaltados pela Ciência são aparentes, pois em tudo
há vida. Todas as regiões do espaço estão povoadas por espíritos laboriosos.
Aqui, ali e acolá, todos os dias, horas, minutos e segundos há bandos, enxames
de almas que sobem, descem ou agitam-se no meio da luz ou na região das trevas.
Seareiros da luz levam socorro e consolação aos desgraçados que os invocam. Na
Terra ou em qualquer outra morada, cada um tem o seu papel e concorre para a
grande obra, na medida de seu mérito e de seu adiantamento. Como León Denis
vaticina, “o universos inteiro evolui. Como os mundos, os espíritos prosseguem
seu curso eterno, arrastados para um estado superior, entregues a ocupações
diversas. Progressos a realizar, ciência a adquirir, dor a sufocar, remorsos a
aclamar, amor, expiação, devotamento, sacrifício, todas essas coisas os
estimulam, os aguilhoam, os precipitam na obra; e, nessa imensidade sem
limites, reinam incessantemente o movimento e a vida.
A imobilidade e a inação é o retrocesso. É a morte.
Sob o impulso da Grande Lei, seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e
move-se na órbita gifantesca traçada pela vontade divina”. (Depois da Morte)
Orlando Ribeiro
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – julho/2015
imagem: google
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