A expressiva maioria da sociedade encontra-se desassisada, especialmente pela falta de amor.
Assevera-se que o amor não conseguiu sobreviver à época da ciência de pesquisas frias e da tecnologia, tornando-se uma vaga sensação de prazer, que se experimenta nos encontros momentâneos.
Informa-se, ainda, que a convivência consegue destruí-lo, produzindo a rotina, o desinteresse, sendo ideal, portanto, que os relacionamentos da afetividade ocorram sem a contínua convivência.
Como efeito, as pessoas que se dizem amar, residem em locais diferentes, encontrando-se, sem maiores responsabilidades para os prazeres do repasto, das festas, do teatro e do cinema, dos períodos de férias, sobretudo para a união sexual.
A experiência vivida por Jean Paul Sartre e Mme. Beauvoir, no século passado, amando-se e vivendo em residências separadas, influenciou toda uma geração e ressurge com características especiais, ensejando relacionamentos sem maiores compromissos, nos quais os parceiros têm a sua própria vida, sua liberdade inalterada, mantendo fidelidade ao eleito.
Essa conduta leviana proporciona uma falsa existência de gozo, na qual a amizade enriquecedora, os diálogos recheados de experiências e de permutas de bondade desaparecem, dando lugar a encontros fortuitos somente para a preservação do egoísmo. Em conseqüência, o isolamento das criaturas faz-se cada dia mais volumoso, e as distâncias tornam-se mais difíceis de ser vencidas. A desconfiança substitui o prazer da companhia, a insensibilidade domina os sentimentos, e quando surgem os desafios, em forma de enfermidades, de conflitos, de econômicos, o outro imediatamente desaparece, deixando ao abandono o ser com o qual se vinculava.
Dir-se-á que o mesmo ocorre nos relacionamentos convencionais, no matrimônio, na parceria no mesmo lar, o que não deixa de ser verdade, ,orem em número de vezes muito menor.
O prazer sensual, como é compreensível, desaparece logo depois de um período de experiências, dando lugar á busca erótica de novas sensações, especialmente para as pessoas sem formação moral equilibrada.
Isto porque, nessas relações, o amor verdadeiro é dispensável, não se tornando essencial para a perfeita identificação dos sentimentos.
O amor é uma emoção profunda que merece considerações especiais, caracterizando-se por valores significativos.
Ele inspira a amizade sem mácula, o apoio incondicional, o respeito contínuo, a dedicação integral, porque é fator de imensurável significado para a existência humana. Mesmo entre os animais, o instinto que se transforma em afetividade no processo da evolução é responsável pela preservação da prole e sua preparação para os enfrentamentos da sobrevivência.
Pessoas imaturas, sonhadoras e fantasistas mantêm o sentimento de amor dentro do padrão lúdico, vivendo em busca da sua alma gêmea, a fim de completar-se, como se os indivíduos fossem metades aguardando a outra parte.
As almas nascem gêmeas nos sentimentos universais, nos ideais de engrandecimento, na grande família, na qual se destacam os espíritos mais evoluídos, capazes dos gestos nobres da renúncia e da abnegação em favor daqueles a quem amam e, por extensão, por todas as criaturas.
Desejando-se a alma gêmea, intimamente anela-se por encontrar alguém disposto a servir e estando sempre presente nas necessidades, sem pensar-se na retribuição e nos cuidados que devem ser mantidos por sua vez.
(continua)
Do livro: Entrega-te a Deus
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
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