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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O SER E O TER NA ADOLESCÊNCIA I


A princípio, no conflito que surge com a adolescência, o jovem não se preocupa, normalmente, com a posse nem com a realização interior, face aos apelos externos que o convocam à tomada de conhecimento de tudo quanto o cerca.
Vivendo antes em um mundo especial, cujas fronteiras não iam além dos limites do lar e da família, no máximo da escola, rompem-se, agora, as barreiras que o detinham, e surge um campo imenso, ora fascinante, ora assustador, que ele deve conhecer e conquistar, a fim de situar-se no contexto de uma sociedade que se lhe apresenta estranha, caprichosa, assinalada por costumes e atitudes que o surpreendem. Os seus pensamentos primeiros são de submeter tudo a uma nova ordem, na qual ele se sinta realizado e dominador, alçado à categoria de líder reformista, que altere a paisagem vigente e dê-lhe novos contornos. Lentamente, à medida que se vai adaptando aos fatores predominantes, percebe que não é tão fácil operar as mudanças que pretendia impor aos outros, e ajusta-se ao “modus operandi” existente ou contribui para as necessárias e oportunas alterações por que passam os diferentes períodos da cultura e do comportamento humano.
Observando que a sociedade contemporânea se baseia muito no poder e no ter, predominando os valores amoedados e as posições de destaque, em uma competitividade cruel e desumana, é tomado pela ânsia de amealhar recursos para triunfar e programar o futuro de ordem material. Não lhe ocorrem as necessidades espirituais, as de natureza ético-moral, porque tudo lhe parece um confronto de oportunidades e de poderes que entram em choque, até que haja predominância do mais forte. Por outro lado, dá-se conta da rapidez com que passa o carro do triunfo e procura fruir ao máximo, imediatamente, toda a cota possível de prazer e de destaque, receando o futuro, face ao exemplo daqueles que ontem estavam no ápice e agora, após o tombo produzido pela realidade, encontram-se esquecidos, perseguidos ou desprezados.
Somente alguns adolescentes, mais amadurecidos psicologicamente, que procedem de lares equilibrados e saudáveis, despertam para a aquisição dos valores íntimos, da conquista do conhecimento, dos títulos universitários com os quais esperam abrir as portas da vitória mais tarde. Assim, empenham-se na busca dos tesouros do saber, das experiências evolutivas, das realizações de crescimento íntimo, lutando com denodo em favor do auto-aprimoramento e da auto-afirmação, no mundo de contrastes e desaires. Nesses jovens, o ser tem um grande significado, porque faz desabrochar os requisitos íntimos que estão dormindo e aguardam ser convocados para aplicação e vivencia.
Nesse sentido, não se faz necessário ser superdotado. É mesmo comum encontrar jovens com menos elevado QI, que conseguem, pela perseverança, pelo exercício, a vitória sobre os impedimentos ao seu progresso, enquanto outros mais bem aquinhoados deixam-se vencer pelos desajustes, sem o empenho de superar as dificuldades. Porque reconhecem as facilidades de aprendizagem, menosprezam o esforço que deve acompanhar todo trabalho de aquisição de cultura ou qualquer outro recurso evolutivo, perdendo as excelentes oportunidades que deparam, não vencendo a barreira do desafio para o crescimento.

ADOLESCÊNCIA E VIDA                
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS


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terça-feira, 30 de outubro de 2012

A PARÁBOLA DA DRACMA PERDIDA


        Uma pobre mulher tinha dez dracmas. Era toda a sua riqueza...
       A dracma era uma pequena moeda grega, que tinha valor também na terra de Jesus, pois muitos filhos da Grécia lá viviam e usavam essa moeda.
       Guardava-as com cuidado, pois era zelosa de seus deveres e aquela pequena quantia estava destinada ao pagamento de suas despesas no lar.
       Ela não ficou sabendo como, mas, a verdade é que, quando abriu o cofre, onde guardava o dinheiro, só encontrou nove moedas. Para onde teria ido a que faltava?
       Acendeu a candeia de barro e procurou-a em sua casa. Remexeu as roupas, arrastou a pequena mobília e buscou a vassoura. Varreu toda a casa, em busca da moeda que lhe era tão útil e necessária. Finalmente, depois de muito procurar e muito varrer, encontrou sua dracma perdida.
       Que alegria! Agora poderia pagar todas as suas pequenas dívidas... Não estava mais preocupada: achou sua moeda desaparecida e novamente a colocou junto das outras nove, na caixinha de ma­deira.
       Ficou tão contente com o encontro, que contou o caso às suas amigas vizinhas que também eram po­bres, e para quem uma pequena moeda fazia igual­mente muita falta.
       E dizia às suas vizinhas:
       - Minhas amigas, alegrem-se comigo, porque achei a minha dracma que se havia perdido.
       Assim também — diz Jesus no Evangelho — há muita alegria entre os anjos de Deus quando um pecador se arrepende dos erros cometidos.
(Lucas, capítulo 15º, versículos 8 a 10)

*
          Esta parábola, tam­bém quer levar nossa alma ao arrependimento de nossas faltas. A história nos mostra que existe um Deus de Bondade que quer salvar-nos de nossos erros e pecados.
Se uma pobre mulher, ao perder uma pequena moeda, se esforça para encontrá-la e não descansa enquanto não a acha, também Deus nos procura, sem cessar, nos quartos escuros de nossas vidas. Também Deus acende uma candeia e nos ilu­mina, pois, nós somos Suas “dracmas perdidas”. Ele quer encontrar-nos, Ele nos quer para Si Mesmo, para o seu Reino, para a Felicidade Eterna que nos reserva.
É por isso, que o Céu tanto se preocupa em iluminar a Terra. É por isso que Deus possui um imenso exército de Benfeitores Celestiais — que são os Bons Espíritos, os Espíritos da Luz e do Bem —que, incessantemente, nos inspiram seus bons pen­samentos, ajudando-nos sempre e ensinando-nos a Vontade Divina em suas mensagens.
Os Benfeitores Espirituais são como que as can­deias de Deus. E nós as dracmas perdidas. Nós esta­mos no chão, na poeira de nossos erros, longe da Luz e da Verdade. Mas, os Benfeitores Espirituais, as candeias de Deus, nos iluminam. Se nós nos entre­garmos em suas mãos, se aceitarmos sua Luz e nos arrependermos sinceramente de nossas faltas, eles nos tomam sob sua guarda — eles nos “acham” — e se alegram muitíssimo com a nossa regeneração. Há, então, muita alegria no Céu, entre nossos Benfeitores Espirituais, porque nossas almas saíram da es­curidão do erro, aceitaram a Luz da Verdade e voltaram para as mãos de Deus.

Do livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU
CLÓVIS TAVARES                                           


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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

LEI DA CONSERVAÇÃO - A Procura do Bem-Estar


Sendo a humanidade terrena uma das mais imperfeitas no concerto universal, compreende-se porque mais sofre do que goza. É o preço de sua primariedade.
                Cada um de nós, porém, pode e deve trabalhar para promover-se socialmente, conquistando, para si mesmo e para os seus, tudo quanto seja agradável, útil e concorra para aumentar a alegria de viver.
                Não é verdade, pois, que o homem deva aceitar, passivamente, tudo que o excrucia; conformar-se, submisso, com a má organização da sociedade, responsável pela miséria de tantos; ou mesmo impor-se penitências voluntárias, por serem estar coisas conformes aos planos divinos a nossos respeito.
                Se assim fora, Deus seria um sádico.
                O que Ele quer é a felicidade de todos, não apenas post-mortem, num suposto paraíso de delícias, onde ninguém tenha o que fazer, mas desde agora e aqui mesmo, contanto que Lhe compreendamos os amorosos e sábios desígnios e saibamos pautar nossos atos por uma fiel observância de Suas leis.
                Não, não é crime a busca do bem-estar.
                Criminosa, isto sim, é a ignorância em que os homens vêm sendo mantidos acerca de seus direitos naturais, direitos esses inerentes à sua condição de filhos de Deus, sem acepção de raça, cor ou nacionalidade.
                Criminosas são as manobras do egoísmo empregadas por juma minoria dominante, no sentido de impedir o advento da justiça social e a conseqüente melhoria do padrão de vida dos povos.
                Criminosos são os gastos enormes que se fazem por toda a parte em programas armamentistas, em detrimento da produção dos bens de consumo que escasseiam ou faltam por completo em milhões de lares.
                Criminoso é o desvio de vultuosas parcelas da humanidade dos trabalhos fecundos que ativam a civilização, para a improdutividade das casernas, ou o que é pior, para as operações bélicas que destroem, em minutos, o que levou séculos para edificar.
                Ao influxo da lei de evolução, pela qual tudo se engrandece e prospera, os mundos também progridem, pois se destinam a oferecer aos seus habitantes condições de morada cada vez mais aprazíveis.
                Não é possível, então, que a Terra permaneça, eternamente, como mundo de expiação e de provas.
                O aperfeiçoamento da estrutura sócio-econômica das nações terrenas é, assim, um imperativo categórico, e bom seria que, ao invés de resistir às medidas que o favoreçam, as classes privilegiadas, em cujas mãos se encontram as rédeas do poder, renunciassem espontaneamente a algo do que lhes sobeja, em favor do bem-estar coletivo.
Isso evitaria os processos violentos e dolorosos que hão assinalado, até o presente, a marcha do progresso neste minúsculo planeta, inaugurando uma nova era, de compreensão e boa vontade, que os reacionários batizarão com outros nomes, mas que representará o triunfo do Cristianismo em sua expressão mais autêntica, mais nobre e mais bela.

Do Livro: As Leis Morais – Rodolfo Calligaris

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domingo, 28 de outubro de 2012

A LEI DA CONSERVAÇÃO


O instinto de conservação, por ser uma das manifestações da lei natural, é inerente a todos os seres vivos.
                Maquinal entre os espécimes situados nos primeiros degraus da escala evolutiva, vai-se desenvolvendo à medida que os seres animam organismos mais complexos e melhor dotados, tornando-se, no reino hominal, inteligente e raciocinado.
                Sendo a vida orgânica absolutamente necessária ao aperfeiçoamento dos sers, Deus sempre lhes facultou os meios de conservá-la, fazendo que a terra produzisse quanto fosse suficiente à mantença de todos os que a habitam.
                Sabendo, entretanto, que, se as criaturas tivessem que usar os frutos da terra apenas em função de sua utilidade, a lei de conservação não seria cumprida, houve Deus por bem imprimir a esse ato o atrativo do prazer, dando a cada coisa um sabor especial que lhes estimulasse o apetite.
                A par disso, pela própria constituição somática com que modelou os seres, restringiu-lhes o gozo da alimentação ao limite do necessário, limite esse que, se observado, lhes asseguraria uma saúde perfeitamente equilibrada.
                O homem, porém, no exercício de seu livre arbítrio, frequentemente se desmanda, cometendo toda sorte de excessos e extravagâncias, resultando daí muitas das doenças que o excruciam e o conduzem à morte, prematuramente.
                Mas como nada se perde na economia da evolução, os sofrimentos decorrentes dos desregramentos que comete dão-lhe experiência, fortalecem-lhe a razão, habilitando-o, finalmente, a distinguir o uso do abuso.
                Poder-se-á dizer que, em certas regiões do globo, o solo, menos fértil, não produz o bastante para a nutrição de seus habitantes e que o grande número de pessoas que nelas sucumbem vitimadas pela fome parece desmentir haja uma Providência Divina a provê-los dos recursos com que cumprirem a lei de conservação da vida.
                Tais calamidades ocorrem, de fato, mas não por culpa de Deus, a quem não se pode imputar as falhas de nossa sociedade, na qual uns se regalam com o supérfluo, enquanto outros carecem do mínimo necessário.
                Fossem os homens menos egoístas, não tivessem apenas a máscara de religiosos, e, nessas contingências, prestar-se-iam mútuo apoio, já que a terra e eles mesmos pertencem a uma só família: a humanidade.
                Além disso, cumpre aos homens aplicarem-se no estudo dos problemas que os afligem a fim de dar-lhes a devida solução, seja aperfeiçoando cada vez mais as técnicas de cultivo da gleba, de modo a conseguirem aumento de produção, seja entregando-se a pesquisas, no sentido de descobrirem outras fontes de alimentos, esforços esses que lhes engrandecerão a inteligência, assinalando novas etapas no progresso da civilização.
                                                                         
Do Livro: As Leis Morais – Rodolfo Calligaris


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DIVULGANDO - EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


sábado, 27 de outubro de 2012

NOVO OLHAR

Agradecer mais, sentir mais, viver mais. Essa é uma receita simples para ter a felicidade sempre ao seu lado. De que adianta ter tantos desejos e sonhos se as realizações, sejam as pequenas ou as grandes, ao serem conquistadas, não recebem a devida atenção? Ninguém comemora, ninguém agradece, só quer mais e mais.
                Não que seja errado ter ambições, afinal, elas nos impulsionam, mas, quando não temos gratidão pela vida, tudo de maravilhoso à nossa volta permanece escondido. É como se os tropeços ou dificuldades diários provocassem uma cegueira permanente ao que é belo.
                Tudo é muito igual: o horário para acordar, para tomar café da manhã, o jornal matinal, a emissora de rádio no carro durante o mesmo caminho para o trabalho. O retorno mantém um ritual também já conhecido. Quando nada muda, não há sensações diferentes, muito menos a percepção de quanto importante é a vida. Esse é o principal erro das pessoas. Estão sempre tão insatisfeitas que sentem-se no direito de reclamar constantemente e, pior, acusando a vida de “ingrata”.
                Os problemas encontrados no dia a dia impedem as pessoas de agradecer pela saúde que possuem, pela família em que cresceram e que formaram, pelo prato de comida farto, pela oportunidade de estudar e conquistar uma posição no mercado de trabalho ou um concurso almejado. As pessoas são incapazes de ver isso e agradecer pelo o que têm porque só conseguem enxergar o que não têm.
                Querem tanto a mais que perdem a visão de tudo o que já conquistaram de gratificante na vida. É a miopia emocional defluente do predomínio da sombra no comportamento do ser humano. Impede-o que veja a harmonia existente na vida.
                Ter gratidão é ter autoconsciência e ser humilde para admitir que para viver bem é preciso ficar longe do egoísmo, gerando em si mesmo a sensação de satisfação, felicidade e bem-estar. É uma atitude de dentro para fora que não pode ser sentida caso não tenha sinceridade naquilo que se acredita.
                As pessoas que são gratas mandam, sem saber, para o inconsciente delas uma imagem boa sofre si mesma. No momento em que há uma crença, há a criação de uma imagem que será a minha realidade. Quanto mais elas são boas, mais haverá acontecimentos bons.
                Essa satisfação depende somente dessa abordagem com novos olhos – e, claro, de coração aberto – pois ela é independente de dinheiro ou beleza.   Isso impede a presença e intensidade de tristezas e inseguranças ao fortalecer a saúde emocional. Temos de ser gratos a Deus pela vida que temos. Quanto mais eu sei que sou grato, mudo meus pensamentos e conceitos, sendo o maior beneficiado.
                Para que a concepção sobre gratidão seja possível, é importante que haja uma harmonia entre corpo, mente e espírito. A sintonia entre eles garante que a correria e a exigência do cotidiano não tirem o foco da busca pela felicidade, sem a inversão dos valores.

Elen Valereto

Fonte: Revista Bem-Estar – 16/09/2012
Encarte do jornal Diário da Região
São José do Rio Preto


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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ÊXITO E FRACASSO


        O estado normal da criatura é o de saúde, no qual o bem-estar e o equilíbrio proporcionam clima respi­rável de satisfação.
Elaborada para um ritmo harmônico de vida, a maquinaria fisiopsiquica obedece a automatismos pre­cisos, dos quais resultam a saúde e as disposições emocionais, para galgar-se patamares reais elevados nos processos das aspirações idealistas.
Ser pensante, destaca-se a criatura na escala zoo­lógica, compreendendo os mecanismos da vida e aplicando o conhecimento para os logros da auto-rea­lização e da autoplenificação que lhe constituem o ápice da saúde.
Saúde seria, portanto, um fenômeno natural. Não fossem, do ponto de vista biopsicológico, as heranças genéticas, os fatores psicossociais, as ocorrências fa­miliares e o convívio do lar, o ser não atravessaria os caminhos difíceis dos distúrbios e doenças perturba­doras.
Passo a passo, desenvolvem-se os atributos da personalidade, ampliando-se os conteúdos da indivi­dualidade e aprimoram-se as aptidões latentes que são o germe da presença divina em todos.
Possuidor de recursos e potências não dimensio­nadas, o ser desabrocha e cresce sob as condições que lhe são inerentes, cabendo-lhe seguir o heliotro­pismo superior que o leva à sua destinação gloriosa.
Impregnado pelas partículas e moléculas materi­ais que o vestem, enquanto reencarnado, não raro a visão do êxito apresenta-se-lhe distorcida, caracteri­zando-se como o deleite contínuo, resultante dos pra­zeres hedonistas que a posição social relevante e o poder político-econômico proporcionam, ensejando um prolongado desfrutar.
Esquecendo-se da impermanência de tudo e da fugacidade do tempo — pelo qual apenas transita, na sua dimensão de eternidade — desgasta-se, en­velhece, adoece e morre... O imprevisível surpreen­de-o, e surgem-lhe a saturação, o desinteresse, os sentimentos apaixonados e os frustrados, proporci­onando desequilíbrios interiores que se expressarão em tormentos para si e para os outros no inter-rela­cionamento pessoal.
Na busca do êxito, o ser, psicologicamente ima­turo, investe todos os valores, e na competição en­contra o estímulo para galgar os degraus do desta­que, descendo moralmente, na escala dos padrões, à medida que ascende na aparência.
Essa dicotomia de ocorrências — a interna e a ex­terna — resultará em infelicitá-lo, perturbando-lhe o senso de avaliação e de consideração da realidade, talvez ferindo profundamente a pessoa.
Caça-se o êxito como se fosse, na floresta huma­na, o objetivo essencial à vida, confundindo-se triunfo de fora com realização de harmonia interior.
Denigre-se então o adversário, que não o sabe, tornado assim por estar à frente ou mais alto; segue-se-lhe o passo, ocupando-lhe o lugar imediatamente inferior por ele deixado, até emparelhar-se-lhe e der­rubá-lo, assumindo-lhe a posição.
Inevitavelmente, porque não permanecem espa­ços vazios nos relacionamentos humanos, enquanto, por sua vez ascende, deixa o degrau aberto que logo esta­rá ocupado por aqueloutro que lhe será o substituto.
O triunfo de hoje é o prólogo do desencanto e das lágrimas de amanhã; sorrisos se tornarão esgares, e aplausos far-se-ão apedrejamentos, considerando-se, na população humana, as mesmas aspirações e os equivalentes conflitos.
As psicoterapias são aplicadas conforme as reve­lações do inconsciente, arrancando dos arquivos do psiquismo os fatores que geraram os traumas e deter­minaram os conflitos, interpretando as ocorrências dos sonhos nos estados oníricos e as liberações catársi­cas nas demoradas análises.
Nem sempre, porém, serão encontradas as ma­trizes de tais patologias, que estão profundamente registradas no Espírito, como decorrência de condu­tas, de atividades, dos sucessos das reencarnações passadas.
Somente a sondagem cuidadosa dos arcanos do ser pretérito enseja o encontro das causas passadas, geradoras dos problemas atuais.
Uma análise transpessoal libera-o dos tabus, in­clusive, da visão distorcida da realidade, que deixa de ser a exclusiva expressão terrena, para transportá-la para a vida imortal, precedente ao corpo e a ele sobrevivente, demonstrando que o êxito, o triunfo, o fra­casso, o insucesso, não se apresentam conforme a proposta social imediatista, porém outra mais signi­ficativa e poderosa.
Convém determinar-se que o êxito material pode significar fracasso emocional, espiritual, e, às vezes, o insucesso, a aparente falta de triunfo constitui a ple­na vitória sobre si mesmo, suas paixões e pequene­zes, uma forma de opção para o crescimento interior, ao invés do empenho pelo amealhar de moedas e reu­nião de títulos que não acalmam as emoções nem tranqüilizam as ambições.
Certamente, a criatura deve possuir e dispor de recursos necessários para uma vida saudável, con­sentânea com o grupo social no qual se encontra. No entanto, o êxito não pode ser medido em contas ban­cárias, prestígio na comunidade e destaque político. Da mesma forma, não é factível definir-se por fracas­so a ausência desses troféus.
Os homens e mulheres plenos, vitoriosos de to­dos os tempos, venceram-se, completaram-se e, sem qualquer tipo de conflito, optaram pela realização in­terior, respeitando todas as aspirações e direitos dos demais indivíduos, porém, a eles próprios impondo-se a auto-realização que lhes propiciou saúde — mes­mo quando enfermos —, felicidade — embora perse­guidos algumas vezes — e êxito — isto é, a vitória no que anelavam, apesar de levados ao martírio.
A visão transpessoal do êxito e do fracasso está ínsita na pessoa interior, real, a criatura harmonizada consigo mesma, com as outras pessoas, com a natu­reza e a vida.
Êxito é encontro, enquanto fracasso é domínio pelo ego.
O êxito gera paz, e o fracasso inquieta.
Auto-analisando-se, cada qual se descobre, as­sim dando-se conta do triunfo ou do insucesso, po­dendo recomeçar para alcançar o êxito, nunca o fra­casso.

O SER CONSCIENTE - Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis


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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O REINO DESTE MUNDO


            Um velho ermitão foi certa vez convidado para ir até a corte do rei mais poderoso daquela época.
            - Eu invejo um homem santo, que se contenta com tão pouco – comentou o soberano.
            - Eu invejo Vossa Majestade, que se contenta com menos que eu – respondeu o ermitão.
            - Como você me diz isto, se todo este país me pertence? – disse o rei, ofendido.
            - Justamente por isso. Eu tenho a música das esferas celestes, tenho os rios e as montanhas do mundo inteiro, tenho a lua e o sol, porque tenho Deus na minha alma. Vossa Majestade, porém, tem apenas este reino.

Extraído da Revista Bem Estar – coluna do Paulo Coelho – 6/5/2012
Jornal Diário da Região – São José do Rio Preto

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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A DOR NOS ANIMAIS


A ordem da Criação se divide em planos ou instâncias (filosoficamente em hipóstases). Há enorme distância, como se vê pelo item 597 de O Livro dos Espíritos, entre o plano animal e o plano hominal.
           As plantas e os animais também sofrem, como os homens, também apresentam deformações e aleijões, mas essas coisas são diferentes nos três planos. A matéria é a mesma, mas o conteúdo espiritual (a essência) é diferente. A planta não tem consciência, o animal tem consciência rudimentar, o homem tem consciência definida e possui por isso o livre arbítrio.
A lei fundamental da Natureza é a evolução. Nas fases iniciais de processo evolutivo essa lei é soberana. O mineral, o vegetal e o animal evoluem “empurrados” pelas energias intrínsecas e extrínsecas, ou seja, orgânicas e mesológicas, que representam o que Bergson chamou de “energias criadoras”. O homem, que já tomou consciência de si mesmo e do Universo, sofre ainda o impulso dessas energias, mas já pode controlá-las pela sua vontade e orientá-las pela sua consciência. Torna-se então responsável pelos seus atos e enquadra-se na lei moral.
A planta monstruosa é um acidente material. O animal monstruoso é outra forma de acidente no processo criador, um desarranjo da “mecânica” da matéria. Mas a criatura humana tem a sua reencarnação controlada pelas inteligências que executam as ordens referentes às suas necessidades de evolução moral.
Assim, a criatura humana tem no seu corpo defeituoso ou monstruoso a aplicação das “deficiências da matéria” em favor da sua correção moral.
Não há expiação para os animais, como vemos no item 602 de O Livro dos Espíritos. A dor nos animais é um agente de excitação psíquica, auxiliando o despertar das faculdades do “princípio inteligente”. Nos homens é uma reação provocada pelos abusos de livre arbítrio.
Do livro “O Homem Novo” - Herculano Pires
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“A vida do animal não é propriamente missão, apresentando, porém, uma finalidade superior que constitui a do seu aperfeiçoamento próprio, através das experiências benfeitoras do trabalho e da aquisição, em longos e pacientes esforços, dos princípios sagrados da inteligência.”
Emmanuel - Livro “O Consolador” - Psicografia: Chico Xavier


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