Sendo
a humanidade terrena uma das mais imperfeitas no concerto universal,
compreende-se porque mais sofre do que goza. É o preço de sua primariedade.
Cada um de nós, porém, pode e deve trabalhar para
promover-se socialmente, conquistando, para si mesmo e para os seus, tudo
quanto seja agradável, útil e concorra para aumentar a alegria de viver.
Não é verdade, pois, que o homem deva aceitar,
passivamente, tudo que o excrucia; conformar-se, submisso, com a má organização
da sociedade, responsável pela miséria de tantos; ou mesmo impor-se penitências
voluntárias, por serem estar coisas conformes aos planos divinos a nossos
respeito.
Se assim fora, Deus seria um sádico.
O que Ele quer é a felicidade de todos, não apenas
post-mortem, num suposto paraíso de delícias, onde ninguém tenha o que fazer,
mas desde agora e aqui mesmo, contanto que Lhe compreendamos os amorosos e
sábios desígnios e saibamos pautar nossos atos por uma fiel observância de Suas
leis.
Não, não é crime a busca do bem-estar.
Criminosa, isto sim, é a ignorância em que os homens
vêm sendo mantidos acerca de seus direitos naturais, direitos esses inerentes à
sua condição de filhos de Deus, sem acepção de raça, cor ou nacionalidade.
Criminosas são as manobras do egoísmo empregadas por
juma minoria dominante, no sentido de impedir o advento da justiça social e a
conseqüente melhoria do padrão de vida dos povos.
Criminosos são os gastos enormes que se fazem por
toda a parte em programas armamentistas, em detrimento da produção dos bens de
consumo que escasseiam ou faltam por completo em milhões de lares.
Criminoso é o desvio de vultuosas parcelas da
humanidade dos trabalhos fecundos que ativam a civilização, para a
improdutividade das casernas, ou o que é pior, para as operações bélicas que
destroem, em minutos, o que levou séculos para edificar.
Ao influxo da lei de evolução, pela qual tudo se
engrandece e prospera, os mundos também progridem, pois se destinam a oferecer
aos seus habitantes condições de morada cada vez mais aprazíveis.
Não é possível, então, que a Terra permaneça,
eternamente, como mundo de expiação e de provas.
O aperfeiçoamento da estrutura sócio-econômica das
nações terrenas é, assim, um imperativo categórico, e bom seria que, ao invés
de resistir às medidas que o favoreçam, as classes privilegiadas, em cujas mãos
se encontram as rédeas do poder, renunciassem espontaneamente a algo do que
lhes sobeja, em favor do bem-estar coletivo.
Isso
evitaria os processos violentos e dolorosos que hão assinalado, até o presente,
a marcha do progresso neste minúsculo planeta, inaugurando uma nova era, de
compreensão e boa vontade, que os reacionários batizarão com outros nomes, mas
que representará o triunfo do Cristianismo em sua expressão mais autêntica,
mais nobre e mais bela.
Do Livro: As Leis
Morais – Rodolfo Calligaris
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