Por que sofrem os
animais? Eis aí um tema a exigir muitos e profundos estudos, aos quais a Doutrina
Espírita oferece os primeiros fundamentos.
Por exemplo: o mal
da vaca louca nas manchetes da imprensa, ficamos nos perguntando o motivo
dessas epidemias que dizimam milhares e até milhões de bovinos.
A chave para a
explicação pode estar no abate desenfreado de gado para alimentação humana.
Ainda sem livre arbítrio, a alma animal tem necessidade do aprimoramento, num
processo reencarnatório estabelecido pela Natureza. O homem o interrompe
violentamente e a resposta é a doença coletiva, porque o equilíbrio natural foi
abruptamente partido.
A alma animal já
possui, em maior ou menor quantidade, uma relativa liberdade, e mantém a
individualidade depois da morte. Ainda sem livre arbítrio, contudo, ela não
dispõe da faculdade de escolha desta ou daquela espécie para renascer. Seu
espírito progride, reencarnando em corpos cada vez mais capazes de lhe
favorecerem condições para as primícias do raciocínio acima do instinto.
Entre o espírito do
homem e os espíritos dos animais, todavia, a distância é quase do tamanho da
existente entre Deus e o homem. É um mistério que a mente humana só muito
lentamente aclarará.
A alma animal, que
já passou pelo reino mineral, onde a individualidade não existe, evoluiu
através do reino vegetal e um dia iniciará a longa caminhada da espécie humana
em direção à angelitude.
Mas é muito difícil
raciocinar nesses termos devido ao ranço das religiões sectárias, ao orgulho,
pretensão, vaidade e egoísmo próprios da espécie humana. O egocentrismo
persiste até hoje e é ele quem impede à esmagadora maioria das pessoas aceitar
a existência da vida em outros planetas, embora Jesus tenha afirmado, há
dois mil anos, que a casa do Pai tem muitas moradas.
Ernesto Bozzano
trouxe da escola positivista o hábito de se apoiar no fato para dele tirar
conclusões. Seu audacioso livro 'Os animais têm alma?' Produzido na
primeira metade do século XX, é fruto de pesquisas sérias realizadas em 130
casos de aparições e outros fenômenos supranormais com animais.
No prefácio da
edição brasileira de sua obra, Francisco Klors Werneck lamenta que, geralmente
preocupados com outros problemas, os homens não dêem atenção a seus irmãos
inferiores, aos grandes e pequenos seres da criação como cavalos, cães, gatos e
outros, “como se eles também não tivessem alma, não possuíssem sentimentos
afetivos e mesmo faculdades surpreendentes.”
Ele cita que alguns
animais percebem a morte próxima, como cavalos e bois que se recusam a entrar
no matadouro, advertidos, ninguém sabe como, do que os espera lá dentro.
Animais, como os cães, se deixam morrer depois da morte de seus donos, tal a
desesperada saudade que sentem deles. Um famoso cavalo de corrida se tornou de
tal afeição por uma cabra que não aceitava se separar dela.
Jávier Godinho
(continua)
Revista Espírita Allan
Kardec – nº48
Artigo presente no site Panorama Espírita e no blog Estudando Espiritismo
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