Logo advêm transtornos de breve ou longa duração, tal a depressão como resultado da amargura que domina as paisagens íntimas, devorando os parcos ideais de viver ou transformando-se em mecanismo de vingança, transferindo a culpa que perturba como de responsabilidade de outrem, daquele que gerou a situação, nunca, porém de si mesmo. Outras vezes, desenvolve a ansiedade pelo desejo mórbido de desforço, mediante o qual supõe erradamente seria resolvido o conflito justificado.
Esse comportamento tem a ver com o estágio da consciência adormecida ou não de quem se acredita vítima da injunção que toma corpo superior à qualidade do fato ocorrido.
Os indivíduos biliosos já se fazem caracterizar pela debilidade da organização fisiológica, responsável por transtornos funcionais dos equipamentos de que se constitui, tendo maior facilidade em aceitar os desafios existenciais como provocações e instigações à sua aflição.
Portadores de diversos complexos, entre os quais se destaca a inferioridade que se atribuem, acreditando sempre que tudo de desagradável que lhes sucede é desconsideração de pessoas ou de grupos, mantém-se sempre armados, disparando petardos violentos contra todos, por decorrência de suspeitas incoerentes que lhes denotam a insegurança.
Não amando, consideram-se desamados, e sempre estão em vigilância rigorosa em torno de tudo quanto lhes diz respeito, desde que procedente dos demais, nunca, porém, deles originado.
A um passo de distúrbios graves, facilmente acolhem o ressentimento em que se comprazem, alterando o comportamento já doentio e mergulhando cada vez mais no poço sem fundo da amargura.
Neurotizando-se com mais vigor, não são capazes de uma catarse honesta, de uma busca de esclarecimento, de um apaziguamento interior, e mais revoltam-se quando são confrontados pela sensatez que os convida a uma revisão do acontecimento, a uma mudança de atitude. Acumulam motivos e transtornam-se emocionalmente, considerando-se perseguidos e vinculando-se a mais graves compulsões de desforço.
É nesse clima de fixação mental, cultivando fel da amargura, que se deixam tombar nas malhas nefastas de vinculações psíquicas com outras mentes em desalinho na esfera espiritual em que se movimentam, iniciando-se ligações obsessivas de grave porte.
Estabelecida a sintonia, o hóspede psíquico passa a realizar um processo hipnótico bem urdido, ampliando a idéia da ocorrência na mente do hospedeiro, aumentando-lhe a carga vibratória com o acumular de outras ocorrências já superada, que agora ressumam com teor de gravidade, mais afligindo o desditoso que se entrega de maneira masoquista ao fenômeno de que não se dá conta.
Nesse processo, apresenta-se a mistura dos sentimentos da vítima e do novo algoz, induzindo a desequilíbrio grave.
É natural que a incidência do transtorno obsessivo sobre o orgulho do ego ferido na sua soberania, resulte em alta carga de descompensação emocional que o sistema nervoso central tem dificuldade de administrar, emitindo ondas fragmentárias ou aceleradas para as glândulas de secreção endócrina que descarregarão as suas substâncias no sistema imunológico,desarticulando-lhe as defesas.
O avanço para distúrbios mais profundos é inevitável, porque o paciente bloqueia o discernimento e qualquer convite para o equilíbrio, para a revisão do comportamento, nele produz reação violenta ou falsa passividade que significa indiferença pela terapia de que necessita.
Ei-los que transitam pelo mundo infelizes, cabisbaixos, sucumbidos ou exaltados, rancorosos, despejando dardos violentos a qualquer contrariedade, justificando a insânia coletiva e desejando agravamento das ocorrências infelizes até a consumação geral pelo caos que gostariam tivesse vigência imediata.
Tudo poderia ser resolvido com imensa facilidade, com uma boa dose de compreensão, de tolerância e de compaixão.
Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
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