É a disposição consciente para fazer algo. Nela, a iniciativa faz parte de conexões emocionais e racionais dirigidas a determinado fim.
A falta de ânimo numa pessoa não lhe anula o desejo, mas apenas inibe sua vontade, a qual estará impedida pelo direcionamento daquele a outro móvel.
É fundamental que estejamos sempre a nos perguntar a serviço de que objetivo está nossa vontade, a fim de que não nos peguemos de surpresa, atendendo a desejos inconscientes contrários aos nossos propósitos de vida. Esse objetivo deve pertencer aos ideais de vida e ser considerado como algo que transcende o tempo e as limitações do corpo.
Quando nossa vontade nos dirige para objetivos que nem sempre estão de acordo com o que queremos de bom, pode ser que estejam ocorrendo influências externas, além daquelas oriundas do nosso mundo interior. Muitas vezes nos afirmamos sem força de vontade por não percebermos a sutileza dessas influências. Face à interferência dos complexos e das influências espirituais, a vontade dirige os nossos pensamentos para um alvo determinado, porém nem sempre consciente. Esses complexos, na sua maioria estruturados no decorrer das vidas passadas, necessitam da percepção consciente da natureza de seus conteúdos, a fim de que a vontade possa se manifestar em sua plenitude para dissolvê-los. Mesmo conscientes do que queremos e percebendo a direção de nossa vontade, isso não significa que conheçamos seus motivos estruturais. Mesmo que se encontre um nome para definir essa objetividade inconsciente, sempre há que considerar a impossibilidade de obstaculizar-lhe a direção ascencional. É preciso que nos conscientizemos desse movimento para o qual a vida nos conduz. Entendê-lo e trabalhar na sua direção é condição essencial à felicidade; torna-se fundamental aprender a perceber o fluxo espontâneo da vida e para onde ela nos leva, diminuindo a ansiedade e a impulsividade.
Ela é direcionadora do princípio da evolução de espírito. É o motor da existência real. Saber educá-la e direcioná-la a serviço do amor e da vida é garantia de felicidade.
É necessário em algum nível realizar a vontade. Por algum motivo ela é conseqüência do impulso criador do espírito querendo fluir. Muitas vezes sua manifestação em algumas atitudes nos choca pela flagrante oposição ao amor, à paz e à harmonia; no entanto devemos ter o discernimento para avaliar o nível de evolução daquele que a manifesta a fim de não disparar o crivo forte do juízo ao comportamento alheio. O respeito ao equívoco do outro é fundamental ao próprio equilíbrio.
O perispírito contém várias configurações que representam as diversas experiências reencarnatórias, os inúmeros processos existenciais, bem como as aquisições evolutivas. A vontade perpassa essas configurações, trazendo novas re-configurações, as quais mobilizam a matéria sutil do perispírito gerando pensamentos e atitudes.
O espírito, no ato da criação, não possui livre-arbítrio, visto que essa é uma conquista decorrente das experiências no contato com a vida. Nele há apenas o impulso natural para o desenvolvimento.
É preciso que coloquemos a vontade a serviço da própria felicidade dentro dos objetivos singulares de Deus para conosco. Onde a vontade é conscientemente e harmonicamente exercida, o destino se mostra mais flexível e os caminhos se abrem à disposição do espírito para que melhor possa escolher.
O que nos move para construir e realizar na vida tem vários nomes. Pode ser chamado de necessidade, instinto, motivação, desejo, impulso; não importa a denominação que se lhe dê, porém deve-se ter a consciência de que é isso que leva o ser humano a atender algum anseio íntimo; esse anseio é a expressão de Deus através do espírito. Há que considerar a existência de uma motivação inconsciente no ser humano, da qual ele só se dá conta quando ascende na escala evolutiva. Ele tem um desejo, ou necessidade latente, em realizar, em construir, em fazer, em se movimentar na vida.
Há um influxo criador divino. Há algo que de Deus emana e flui, o qual perpassa cada ser, que, devido à configuração ou arranjo de cada molde, corporifica-se.
Os motivos pelos quais realizamos as coisas são manifestações características da expressão de Deus e podem ser entendidos sob vários ângulos distintos. Quando buscamos a satisfação dos instintos nas manifestações primárias da energia psíquica, nem sempre educadas; nas respostas ao ambiente, o qual nos estimula a trocas para o necessário convívio; quando aparece o desejo de poder, o qual nos impulsiona ao exercício da autoridade; no desejo de satisfação sexual com a permuta das energias geradoras de vida; quando queremos segurança para estabelecer uma base pessoal; sempre que percebemos a necessidade de amor no equilíbrio das relações pessoais; quando queremos a aceitação dos outros para que nos sintamos existentes; ao buscar uma significação para a própria vida; na busca da necessária socialização por conta da existência do outro; na necessidade de crescer e amadurecer para fazer face aos desafios da vida; no impositivo da autopreservação, condição inerente à imortalidade; quando temos a necessidade de valorização pessoal na busca da individuação; na necessidade de realização do próprio destino e do si mesmo; quando estamos na busca do que consideramos ser o criador da vida; quando estamos à procura de algo ou alguém que nos complemente. Em todas essas circunstâncias estaremos expressando a vontade divina para a manifestação do Deus interior que em nós habita.
A motivação é um componente básico da personalidade. Sem ela estaríamos à mercê do inconsciente e das influências externas. Tê-la sob o fluxo que nos leva às realizações superiores do espírito, possibilitando a conquista da harmonia.
A motivação se traduz num certo querer, numa inclinação para um objeto além de nós, num impulso para a saída da inércia, numa tendência a que algo se realize fora de nós, num anseio a que algo se concretize. Todas essas possibilidades nos levam à manifestação daquilo que flui de Deus para a realização de sua obra.
A necessidade do encontro com o outro, bem como a integração com Deus, também são manifestações desse fluxo criador e realizador da vida.
Deus quando criou o espírito e consequentemente fez o universo, colocou-Se nele para que o ser O buscasse de acordo com suas possibilidades evolutivas.
O impulso criador da vida é dotado de um certo poder de renovação e criatividade. Quando, através da motivação e da vontade, o colocamos a serviço do amor, realizamos a obra divina.
Do Livro : PSICOLOGIA DO ESPÍRITO
Adenáuer Novaes
Um comentário:
Excelente texto.
Muito interessante a colocação sobre o desejo e vontade. Sobre influencias externas, mas que no fundo, a nossa vontade é soberana.
Obrigado por compartilhar, minha amiga!
Beijo!
Postar um comentário