Em
que pese à opinião dos cépticos e da criaturas mal informadas, um exame tento e
sem juízo preconcebido da conduta humana há-de levar-nos à conclusão
irrefutável de que, a despeito dos inúmeros males sociais que ainda nos
assoberbam, a humanidade tem progredido, afastando-se, pouco a pouco, do
egoísmo, da crueldade e da injustiça, fazendo que prevaleçam os sentidos
nobres, inspiradores dos mais belos e puros ideais.
Graças àqueles que, em vez de julgarem o mal uma
fatalidade, se dispõem, ao contrário, a trabalhar pela vitória do bem, dia a
dia mais se desenvolve a noção de solidariedade para com nossos semelhantes,
mais vivazes se mostram os anseios pela abolição da guerra e maiores avanços se
verificam na luta em prol dos direitos humanos.
Uma boa prova disso no-la dão as nações unidas no
relatório correspondente aos seus 20 anos de existência. Digna de destaque,
nesse documento, a informação de que algumas das nações mais prósperas estão
doando seus excedentes agrícolas e outros gêneros alimentícios para amenizar os
graves efeitos da fome em outras áreas do mundo, fornecendo-lhes, em
complemento, vultosos empréstimos, em condições de resgate bastante vantajosas,
bem assim assistência técnica, visando ao aumento da produção de víveres e
conseqüente melhoria de seus padrões de nutrição.
Ressalte-se, por outro lado, o compartilhamento de
conhecimentos científicos promovido pelas Nações Unidas, tendo em vista o
desenvolvimento de todos os países e a eficiente ajuda da Organização Mundial
da Saúde, um de seus órgãos, na elevação das condições sanitárias de toda a
humanidade, seja amparando e fomentando a pesquisa médica internacional, seja
auxiliando a erradiação de doenças epidêmicas ou de disseminação em massa, como
a febre amarela, a varíola, a malária, a tuberculose, etc.
Perguntamos: essa colaboração espontânea dos povos
mais adiantados em benefício dos menos desenvolvidos não constitui indício
seguro de que estamos caminhado rumo ao altruísmo, ou seja, ao solidarismo
cristão?
As relações amistosas entre as nações vão, a seu
turno, ganhando extensão e profundidade. Haja vista que, através de mediações
ou negociações entre as partes litigantes, vários conflitos armados foram
evitados ou tiveram fim nestas últimas duas décadas, evitando-se, com tais soluções
conciliatórias, o sacrifício de milhões de vidas.
O magno problema do desarmamento, inclusive a
proscrição das armas de destuição maciça, um dos objetivos precípuos da ONU,
tem sido alvo, igualmente, de persistentes debates no seio da Assembléia Geral
e, apesar das divergências entre as principais potências nele interessadas,
notáveis progressos já foram alcançados, dando-nos a esperança de que um acordo
geral venha a ser firmado em breve, garantindo-se, finalmente, a segurança e a
paz internacionais.
Enquanto esse dia não chega, as guerras continuam
flagelando diversas regiões, obrigando milhares de pessoas a deixar suas
pátrias em busca de refúgio em outros países. Sob os auspícios das Nações
Unidas, porém, esses refugiados recebem abrigo, alimentação, cuidados médicos,
educação e formação profissional, tornando-se, assim, capazes de se
auto-sustentarem onde quer que venham a viver.
Tais realizações revelam que entre os homens não
existe apenas ódio, mas também muita bondade e muito esforço sincero no sentido
de acabar com o sofrimento.
Fecunda e incansável, do mesmo modo, tem sido a
porfia da Organização das Nações Unidas pela implantação da justiça social em
todas as partes do mundo, e daí o haver elaborado e proclamado, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, segundo a qual todos, indistintamente, tem
direito à vida, à liberdade e segurança física, à liberdade e movimento, de
religião, de associação e de informação; o direito a uma nacionalidade; o
direito de trabalhar sob condições favoráveis, recebendo remuneração igual por
igual trabalho realizado; o direito ao casamento e a constituir família.
Certos setores especializados, como os direitos da
mulher, os direitos da criança e a eliminação da discriminação racial na
educação, no emprego, nas práticas religiosas e no exercício dos direitos
políticos, tem-lhe merecido, outrossim, acurados estudos, dos quais resultaram
declarações especiais, juntamente com a solicitação a todos os seus estados
membros de providências efetivas para a concretização dos princípios aprovados.
Não é só. Agindo em consonância com os propósitos
gerais da Organização, as Nações Unidas utilizaram fortes estímulos junto aos
povos dependentes para que reivindicassem o autogoverno, resultando desse apoio
o surgimento de grande número de novas nações independentes, notadamente na
Ásia e na África, fazendo que seu quadro de membros, que abrangia apenas 51
estados fundadores, subisse para 114. Isso equivale a dizer que as liberdades
fundamentais do homem vigoram, hoje, em mais do dobro dos países que, há vinte
anos, gozavam desse privilégio.
A evolução da humanidade, como se vê, é palpável. Não
enxergá-la, pois, é d ar mostra de acentuada miopia espiritual.
Do Livro: As Leis
Morais – Rodolfo Calligaris
2 comentários:
Uma bela explanação sobre a atualidade, realmente a evolução espiritual esta seguindo em frente e jamais parou, isso é um fato visível.
Verdades nesse excelente texto,Denise.
Não podemos deixar de ver que houve melhoras e que nem tudo está perdido.
Urge sermos mais otimistas e lutarmos sempre para que melhore dia a dia,começando por nós mesmos e divulgando o que ocorre realmente.
Beijos e linda semana.
Donetzka
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