Ninguém, no mundo, que não necessite de oferecer o perdão, tanto
quanto de recebê-lo.
Concedê-lo, porém, é sempre melhor, porque expressa enriquecimento interior
e disposição de auxiliar crescendo, enquanto consegui-lo traduz equívoco
que poderia ser evitado. A aprendizagem, todavia, em qualquer circunstância,
oferece valioso contributo para uma existência tranquila.
Todas as criaturas necessitam pensar profundamente no perdão. Quando
alguém é ofendido, o seu agressor tomba em nível vibratório e a vítima prossegue
no padrão em que se encontra. Se reage, devolvendo o insulto, a agressão,
igualmente, desce à condição de inferioridade; se permanece em tranqüilidade,
demora-se no mesmo patamar. Entretanto, quando perdoa, ascende
e localiza-se emocional e psiquicamente em situação melhor do que o seu
opositor. Não foi por outra razão que Jesus, como Psicoterapeuta Invulgar, proclamou
a necessidade do perdão como condição de plenitude para o ser.
O adolescente, descomprometido com ressentimentos anteriores, aberto às
novas lições da vida, sempre encontrará, no ato de perdoar, uma forma de realizar-se,
preenchendo os vazios do sentimento e superando as constrições de
uma família-problema, um lar difícil, circunstâncias perturbadoras que passam
a dar significado diferente à sua existência, liberando-o das reminiscências
amargas e dos traumas que, por acaso, teimem por permanecer-lhe
no ser.
Essa atitude de perdoar é resultado também de exercícios. Ao
analisar a situação
do agressor, compreendendo que ele se encontra infeliz e exterioriza essa
situação mediante a agressividade, torna mais fácil a atitude da desculpa, que
se encoraja em olvidar a ofensa, perdoar sinceramente. Inicia-se nas pequenas
conjunturas desagradáveis que vão sendo ultrapassadas sem vínculos
de mágoas, na necessidade pessoal também de ser compreendido, e, portanto,
perdoado, criando um clima de legítima fraternidade que permite ao outro
ser aceito conforme se apresenta, entendendo-lhe as dificuldades de amadurecimento
e de atitude, dessa forma ajudando-o sem impor-lhe percalços
pelo caminho.
O verdadeiro e compensador período da adolescência é aquele que guarda
melhores recordações, responsáveis pela estruturação do caráter e da personalidade,
devendo ser a fase na qual ocorrem as expressões de amadurecimento
psicológico, superando a criança caprichosa que não sabe desculpar
e abrindo campo para o desenvolvimento do indivíduo compassivo e fraterno,
que está disposto a contribuir com valiosos tesouros para a dignificação
humana.
Quando se ama, portanto, o perdão é um fenômeno natural, que se exterioriza
como conseqüência da atitude aberta de aceitar o próximo na condição
em que se apresenta, porém, exigir-se ser melhor cada dia, e mais nobre em cada oportunidade que surge.
ADOLESCÊNCIA
E VIDA
DIVALDO
PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS
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