A crise de credibilidade, de confiança, de amor instaura
o estado conflitivo da personalidade que perde o roteiro, incapaz de definir o
que é correto ou não, qual a forma de comportamento mais compatível com a
época e, ao mesmo tempo, favorável ao seu bem-estar, anquilosando pessoas
refratárias ao progresso nas idéias superadas ou produzindo grupos rebeldes
fadados à destruição, que se entregam à desordem, à contra-cultura, buscando
sempre chocar, agredir.
É necessário, portanto, que se dê a transformação, a evolução
dos conceitos, o engrandecimento dos valores. Para tal fim, às vezes, é preciso
que ocorra a demolição das estratificações, do arcaico, do ultrapassado.
Lamentavelmente, porém, nesta ação demolidora, a revolta contra o passado, pretendendo
apagar os vestígios do antigo, vai-lhe até as raízes, buscando extirpá-las.
O mesmo vem acontecendo com a sociedade que, para
livrar-se das teias da hipocrisia, da hediondez, dos preconceitos, da vilania,
da prepotência, elaborou os códigos da liberdade, da igualdade, da
fraternidade, em lutas sangrentas, ainda não considerados além das formulações
teóricas e referências bombásticas, sem repercussão real no organismo das
comunidades humanas em sofrimento.
As recentes reações culturais contra a autenticidade da
conduta têm produzido mais males que resultados positivos.
Em nome da evolução, sucedem-se as revoluções destrutivas
que não oferecem nada capaz de preencher os espaços vazios que causam.
A insatisfação do indivíduo fustiga e perturba o grupo no
qual ele se localiza, sendo expulso pela reação geral ou tornando-se um câncer
em processo metastático. Facilmente o pessimista e o colérico contaminam os
desalentos, passando-lhes o morbo do desânimo ou o fogo da irritação, a
prejuízo geral.
O personalismo se agiganta, as paixões servis se revelam,
o idealismo cede lugar à vileza moral.
A predominância do egoísmo em a natureza humana faz-se
responsável pelo caos em volta, no qual os conflitos degenerativos da
sociedade campeiam.
Surgem as plataformas frágeis em favor do grupo desde que
sob o comando e a alternativa única do ególatra, que alicia outros
semelhantes, que se lhe acercam, igualmente ansiosos por sucessos que não
merecem, mas que pleiteiam. Inseguros, incapazes de competir a céu aberto, honestamente, aguardam
na furna da própria pequenez, por motivos verdadeiros ou não, para incendiarem
o campo de ação alheia, longe dos objetivos nobres, porém reflexos dos seus
estados íntimos conflituosos.
Face às distonias pessoais de que são portadores, decantam
a necessidade do progresso da sociedade e bloqueiam-no com a astúcia, a desarticulação
de programas eficientes, antes de testados, atacando-os vilmente e aos seus
portadores, a quem ferem pessoalmente, pela total impossibilidade de permanecerem
no campo ideológico, já que não possuem idealismo.
Em razão da insegurança pessoal desconfiam dos sentimentos
alheios e provocam distúrbios que se originam em suspeitas injustificáveis, a
soldo do prazer mórbido que os assinala.
Cabe ao homem em conflito revestir-se de coragem, resolvendo-se
pelo trabalho de identificação das possibilidades que dispõe, ora soterradas
nos porões da personalidade assustada.
Sentindo-se incapaz de enfrentar-se, a busca de alguém
capacitado a apontar-lhe o rumo e ajudá-lo a percorrê-lo é tão urgente quão
indispensável. Inúmeras terapias estão ao seu alcance, entre os técnicos da
área especializada, assim como as da Psicologia Transpessoal apresentando-lhe a
intercorrência de fatores paranormais e da Psicologia Espírita, aclarando-o
com as luzes defluentes dos fenômenos obsessivos geradores dos problemas
degenerativos no indivíduo e na sociedade.
O conglomerado social, por sua vez, tem o dever de auxiliar
o homem em conflito, de ajudá-lo a administrar as suas fobias, ansiedades,
traumas, e mesmo o de socorrê-lo nas expressões avançadas quando padecendo
psicopatologias diversas, em ética de sobrevivência do grupo, pois que, do contrário,
através do alijamento de cada membro, quando vier a ocorrência se desarticulará
o mecanismo de sustentação da grei.
Os conflitos degenerativos da sociedade tendem a desaparecer,
especialmente quando o homem, em se encontrando consigo mesmo, harmonize o seu
cosmo individual (micro), colaborando para o equilíbrio do universo social
(macro), no qual se movimenta.
Do livro: O Homem
Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
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