A propósito do ocorrido, relembro uma página
excepcional do espírito Emmanuel que se aplica como luva: “ poucas expressões
da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado,
que oferece vasto lugar aos monstros do crime.
A atividade religiosa e científica há descoberto
numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por
extinguir-lhes os focos essenciais.
Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao
álcool e à sífilis?
Ninguém lhes contesta a influência destruidora.
Arruinaram coletividades, estragam a saúde, deprimem
o caráter.
Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que
sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou
aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas
sombras.
Raros meditam nisto.
Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da
calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?
Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório.
A palavra digna infunde consolação e vida. A
murmuração perniciosa propicia a morte.
Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do
vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos?
Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as
energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas
sementeiras de felicidade e sabedoria, de amor e paz? Se há educadores
preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos
desvarios da conversação?
Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição
evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.
Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando
a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso
relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.
Cada frase do discípulo do evangelho deve ter lugar
digno e adequado.
Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não
passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando espíritos valorosos e
comunidades inteiras”. (Vinha de Luz)
Jesus conviveu com todas as misérias morais na época
em que esteve encarnado entre nós, mas as suas palavras foram sempre do convite
perene para o caído levantar-se e seguir. Nunca de afundá-lo ainda mais sob o
peso da consciência comprometida. Cessemos o falatório infeliz e muitas vezes,
injusto, para que mais rapidamente possamos promover a escola que habitamos de
um planeta de provas e expiações e um mundo de regeneração. Lembremo-nos do
cisco em nossos olhos e não transformemos a trave do semelhante em motivos para
movimentarmos a nossa língua comprometendo-nos perante a Lei que determina que,
com a mesma medida que medirmos seremos medidos.
Ricardo Orestes Forni
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – setembro/2012
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