Os sofrimentos humanos de natureza cármica podem
apresentar-se sob dois aspectos que se complementam: provação e expiação. Ambos
objetivam educar ou reeducar, predispondo as criaturas ao inevitável
crescimento íntimo, na busca da plenitude que as aguarda.
A provação é a experiência requerida ou proposta
pelos guias espirituais antes do renascimento corporal do candidato, examinadas
as suas fichas de evolução, avaliadas as suas probabilidades de vitória e os
recursos ao seu alcance para o cometimento. Apresenta-se como tendências,
aptidões, limites e possibilidades sob controle, dores suportáveis e alegrias
sem exagero, que facultem a mais ampla colheita de resultados educativos. Nada
é imposto, podendo ser alterado o calendário das ocorrências, sem qualquer
prejuízo para a programação iluminativa do aprendiz.
No mapa dos compromissos, não figuram as injunções
mais aflitivas nem as conjunturas traumatizantes irreversíveis.
As opções de como agir multiplicam-se favoravelmente,
de forma que, havendo arestas a aplainar, esse trabalho não impõe uma ação
imediata pelo sofrimento.
A ação do amor brinda o ser com excelentes ensanchas
de alterar para melhor o seu desempenho e as suas atividades, constituindo-lhe
suportáveis provas o malogro e alguma aspiração, o desafio ante algumas metas
que lhe parecem inalcançáveis, as dores dos processos de desgaste orgânico e
mental, sem as quedas profundas nos calabouços das paralisias, das alienações,
das doenças irrecuperáveis.
Se tal suceder, ainda poderemos catalogar como
escolha pessoal, por acreditar o candidato ser esse o meio mais eficaz para a
sua felicidade próxima, liberando-se da canga rude da inferioridade moral.
Poder-se-á identificar essa providencial escolha, na
resignação e coragem demonstradas pelo educando e até mesmo na sua alegria
diante das ocorrências dolorosas.
As provações se manifestam, dessa forma, de maneira
suave, lenificadora no seu conteúdo e abençoada nas suas finalidades. Sem o
caráter punitivo, educam de forma consciente, incitando ao aproveitamento da
ocasião em forma eficiente e mais lucrativa, com o que equipam aqueles que as
experimentam, para que se convertam em exemplos, apóstolos do amor, do
sofrimento, missionários do bem, mártires dos ideais que esposam, mesmo que no
anonimato dos testemunhos, sempre se tornando modelos dignos de serem imitados
por outras pessoas.
As provações mudam de curso, suavizando-se ou
agravando-se conforme o desempenho do espírito.
A eleição de certas injunções mais difíceis no
processo evolutivo representa um ato de sabedoria, tendo-se em vista a rapidez
da existência corporal e os benefícios auferidos que são de duração ilimitada.
Considerando-se a vida sob o ponto de vista causal,
das suas origens eternas, as ocorrências na esfera física são de breve duração,
não se alongando mais do que um curto período que, ultrapassado, deixa as
marcas demoradas de como foram vivenciadas. Valem, portanto, quaisquer
empenhos, os sacrifícios, as provas e testes que recompõem os tecidos
dilacerados da alma, advindos das anteriores atitudes insensatas.
Toda aprendizagem propõe esforço para ser assimilada
e toda ascensão exige o contributo da persistência, da força e do valor moral.
(continua)
Fonte: PLENITUDE
Divaldo Pereira
Franco/Joanna de Ângelis
imagem: google
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