O hábito de evitar-se responsabilidades e deveres que parecem insuportáveis, conduz o indivíduo a uma falsa comodidade assinalada pela conduta leviana e infantil.
Os seres humanos existem para realizar o crescimento interior, a sua individuação.
Inutilmente busca-se burlar o impositivo do progresso, que é o recurso hábil para a conquista do si profundo e de todas as suas potencialidades.
Quando resolve-se pela acomodação ao já feito, deperece-se a energia vitalizadora e empobrece-se a existência, que tem por finalidade precípua o enriquecimento pela sabedoria.
Desse modo, os mecanismos de fuga psicológica quase sempre candidatam o paciente a um estado de inconseqüências morais, fruto da constante evasão da realidade para um universo de fantasia, onde tudo se realiza magicamente, utopicamente.
Essa imaturidade emocional faz que se perca o interesse pelos nobres ideais, aqueles que exigem postura adequada e luta contínua, não dando abrigo a comportamentos alienantes ou desculpistas.
A culpa ancestral, fixada no inconsciente do indivíduo, exerce uma grande pressão sobre a conduta atual, estimulando às evasões da realidade, ao esquivar-se dos compromissos vigorosos, mantendo atormentada a sua vítima, sempre à espera de algo perturbador.
Ignorar a responsabilidade, transfere-a em tempo e lugar, para futuros enfrentamentos inevitáveis, em situações aflitivas pelo impositivo da reencarnação.
Do ponto de vista psicológico, o próprio indivíduo perde a auto-estíma e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exijam esforço, acostumado conforme se encontra a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais ou intelectuais.
Com o tempo, torna-se desagradável, acreditando-se não amado, sempre traído pelos amigos, deixado à margem nos empreendimentos que se realizam à sua volta, acumulando mágoas e dissabores perfeitamente injustificáveis.
Certamente, as demais pessoas não tem capacidade para uma convivência fraternal com aqueles que se fazem omissos, com quem não se pode contar nos momentos difíceis, que sempre está adiando decisões... Após algum período de tolerância, as pessoas afastam-se, procurando seus pares em espíritos combativos, corajosos e empreendedores, aos quais se afeiçoam. A busca de harmonia é inevitável no ser humano.
Sabendo-se que se trata de um logro de largo porte, o empenho de forças e de emoções constitui, sem dúvida, um fenômeno natural, que não pode ser considerado como sacrifício.
O castigo do tempo é a inexorabilidade do progresso, das transformações incessantes a que tudo e todos estão submetidos.
Os mecanismos de fuga da responsabilidade e do dever, somente atormentam aqueles que se lhes entregam inermes, quando seria mais factível e próprio lutar com tenacidade, vencendo os limites e impondo a vontade aos temores e conflitos, por cuja conduta encontraria a auto-realização, a paz.
Do Livro: Conflitos Existenciais - Divaldo Pereira Franco
Pelo espírito Joanna De Ângelis
Nenhum comentário:
Postar um comentário