O ser humano deve empenhar-se pela superação dos impedimentos que lhe surgem como fenômeno perfeitamente normal e comum a todas as demais criaturas.
A necessidade dos enfrentamentos faz parte da existência humana, sem os quais o processo de crescimento interior ficaria interrompido, dando lugar a transtornos profundos de comportamento que se transformariam em patologias de difícil solução.
O ego que teme o fracasso, que é sempre um insucesso previsível e reparável, resolve evitar os processos desafiadores, mascarando a realidade e fugindo para o mundo de fantasia, constituídos de sonhos utópicos e irrealizáveis gerados pelas frustrações.
Pequenos exercícios de afirmação da personalidade e de autodescobrimento dos valores adormecidos funcionam como terapia valiosa, por estimular o paciente a novos e contínuos tentames que se vão coroando de resultados favoráveis, eliminando o sutil complexo de inferioridade e mesmo diluindo, a pouco e pouco, a culpa perturbadora.
Cada vitória serve de base para futuros cometimentos que facultarão a autoconfiança, o reconhecimento das potencialidades que respondem pelas forças morais de que é possuidor o self.
Quanto mais se transfere o encontro com a realidade elaborada pelo eu consciente atual, mais difícil torna-se a construção da identidade pessoal, que se apresenta como destituída de significados elevados, ocultando as imperfeições que fazem parte de todo processo evolutivo.
À medida que se alcançam patamares mais elevados outros surgem convidativos, demonstrando que não existe pouso definitivo para quem deseja a plenitude, sem novas metas a serem conquistadas.
Adicionando-se realizações, umas sobre as outras, ocorrerá um somatório de experiências que impulsionam o indivíduo com segurança no rumo certo da realidade.
A verdadeira saúde psicológica não anui com a precipitação nem com o destemor, que pode parecer heroísmo.
A prática das boas ações oferece encorajamento para realizações mais amplas nos relacionamentos interpessoais, na convivência social e no amadurecimento da realidade pessoal.
Sempre quando alguém predispõe-se a auxiliar, experimenta forte empatia que resulta de contínuas descargas de adrenalina estimuladora que encoraja para novas realizações e bloqueia os temores infundados.
Quando surge essa disposição real para superar as fugas psicológicas conscientes ou não, automaticamente desenvolvem-se os sentimentos íntimos, proporcionando bem-estar e alegria de viver.
Tornam-se um tormento a manutenção das fugas emocionais, o escamoteamento da própria realidade, mascarando o ser de júbilos que não existem e de satisfações que são irreais.
Assumir-se as próprias dificuldades constitui um dos passos necessários para supera-los.
Como todos os indivíduos são seres humanos em processo de crescimento, em conserto, na trajetória carnal, porque ainda portadores de imperfeições de vários tipos, a aceitação de si mesmo conforme se encontra é recurso valioso para a compreensão dos limites que caracterizam os demais, tornando-os tolerantes em relação às faltas alheias, em face das próprias condições agora conhecidas.
A culpa transforma-se em auto-perdão, o medo faz-se estímulo para o avanço contínuo e as incertezas convertem-se em convicções em torno da própria vitória: a saúde integral!
Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
Um comentário:
Adorei o texto. Estou estudando sobre o ego, com vistas a reforma íntima. Agradeço a indicação do livro, bem como a disponibilização do trecho. Abraços fraternos, Denise.
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