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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

AUTONOMIA

           A autonomia vem da capacidade de libertar-se dos padrões idealizados, assumindo sua realidade em busca do melhor possível. Libertar-se da correnteza da baixa auto-estima proveniente do subconsciente.
            A grande batalha pela autonomia não está em se libertar de pressões externas e sim das velhas programações mentais e gatilhos emocionais que nos escravizam aos processos de desamor e crueldade conosco. É uma mudança na forma de relacionar-se consigo próprio através do foco mental positivo.
            Contra nossos nobres propósitos de iluminação, temos variados inimigos íntimos gestores e mensagens corrosivas da auto-estima e da segurança. Somente aprendendo a nos amar, conseguiremos transformar esses clichês pessimistas em respeito, reflexão, auto-avaliação e perdão.
            A saúde mental surge quando nos livramos dessas estruturas internas opressoras que são impulsos, condicionamentos, complexos, tendências, clichês emocionais, clichês intelectuais, que constituem subpersonalidades ativas na nossa vida subconsciente.
            Quando não reconhecemos nosso valor, vivemos à mercê dos estímulos-evolutivos, ou seja, pessoas, lugares, guias espirituais, cargos, instituições e filosofias que nos dizem quem somos e o que devemos fazer.
            Somos todos interdependentes, precisamos uns dos outros, mas não a ponto de depositar em algo ou alguém a responsabilidade de nos fazer felizes ou determinar nossas escolhas. Ouviremos a todos e refletiremos sobre tudo que aconteça, tomando por divisa o compromisso de melhoria e do crescimento gradativo. Acima de tudo, porém, devemos guardar por guia infalível os sentimentos positivos, a consciência individual.
            Os bons sentimentos são portadores de orientações do inconsciente para nosso destino particular. Quando os escutamos, tornamo-nos mais úteis a Deus, ao próximo e a nós próprios.
            A atitude de autonomia pode ser sintetizada na frase: entrego-me a mim mesmo e respondo por mim. Seu princípio básico é: somente eu posso dizer o que quero e interpretar através dos meus sentimentos o que realmente necessito para crescer.
            Pertencer-se a si mesmo é adquirir gerência sobre o repositório da vida interior. Ter domínio de si próprio. Responder por si perante o Criador.
            Raríssimas criaturas escapam da submissão e da dependência em matéria de relacionamentos. Sentimentos estruturados no processo evolutivo do egoísmo ainda nos atam aos enfermiços contágios da ilusão de galgar o progresso através do outro, delegando o direito natural de pertencer a si mesmo. Com essa atitude, atolamos no apego a pessoas e bens passageiros como únicas referências de bem-estar e equilíbrio, navegando no mar da existência como descuidados viajantes ao sabor dos fatos externos, sem posse do timão dos fenômenos internos da alma.
            Fomos treinados para ter medo de pensar bem sobre nós ou sobre a capacidade de gerenciar nossos caminhos evolutivos. Fomos treinados para atender a expectativas. Até mesmo em nossos grupos de amor cristão, com assídua freqüência, é enaltecida a dependência e, algumas vezes, até a submissão.
            A pior conseqüência da falta de autonomia é medir o valor pessoal pela avaliação que as pessoas fazem de nós. Por medo de rejeição, em muitas situações, agimos contra os sentimentos apenas para agradar e sentir-se incluído, aceito. Quem se define pelo outro, necessariamente tombará em conflitos e decepções, mágoa e agastamentos.
            Autonomia é a maior defesa da alma porque estabelece limites, produz a serenidade, dilata a autoconfiança e coloca-nos em contato com nossas aspirações superiores.
            Em algumas ocasiões, a conquista da autogerência requer a solidão e o recomeço. Às vezes precisamos de muita coragem para abandonar estruturas que construímos durante a vida e seguir os sinais que nos indicam novos caminhos. O medo surge porque gostaríamos de contar apenas com o êxito em nossas escolhas. Adoramos respostas e soluções imediatas, prontas para usarmos. Uma leitura, uma opinião, uma mensagem mediúnica. Não ter riscos. Não ter que ser criticados pelos caminhos que optamos. Esse medo ainda reflete a dependência. Nessa hora, teremos que escutar nossos sentimentos e seguir. Ouvi-los não quer dizer escolher o certo, mas optar pelo caminho particular em busca da experiência sentida e conquistada dentro de sua realidade.
            Esse é o preço que pagamos para descobrirmos quem somos verdadeiramente. Libertar-se do ego é um parto psicológico. A sensação de insegurança é eminente. Todavia, quando a alma é chamada a semelhante experiência no relógio da evolução, a vida mental compensa essa sensação com emoções enobrecedoras que descortinam percepções ampliadas acerca das intenções mais subjetivas do ser. É com base na intenção que o espírito assegura seu equilíbrio e suas escolhas no vasto aprendizado da eternidade.
            Essa liberdade psíquica e emocional da alma é o resultado inevitável de algumas vivências da criatura em seu percurso evolutivo. Para alguns é a maior conquista de uma reencarnação inteira. Para outros, que já a desenvolveram com maior amplitude em outras existências, será a base para o cumprimento de exigentes missões coletivas Podemos enumerar em quatro as principais vivências que conduzem à autonomia:

1-     Auto-estima – é o aprendizado do valor pessoal. Quem se ama sabe sua real importância.
2-     Resistência emocional – é a capacidade de suportar os próprios sentimentos, que muitas vezes levam-nos às crises e opressões em razão da bagagem da alma. Atravessar dores amadurece.
3-     Saber o que se quer – somente fazendo escolhas, descobrimos nossas aspirações. Algumas dessas escolhas incluem a corajosa decisão de romper com velhas muletas mentais.
4-     Escutar os sentimentos – nos sentimentos está o mapa de nosso plano divino. Aprender a ouvi-los sem os ruídos da ilusão será a nossa sintonia com o Deus Interno.

Quem adquire autonomia fica bem consigo, torna-se ótima companhia para si e passa a buscar, automaticamente, com mais intensidade, o próximo, o trabalho.
      As pessoas, quando educadas para enxergar claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes.
      A ausência de autonomia pode levar-nos à condição de mendigos de amor ou vítimas do destino. Considerando-a como gestora da almejada condição de sentir-se bem perante a existência, na sua falta o ser humano debate-se em flagelos morais lamentáveis que o escravizam a condutas autodestrutivas, tais como conflitos crônicos, mágoas permanentes, baixa tolerância a frustrações, projeções psicológicas nos outros, vergonha de si.  
      Imperioso saber quem somos, pois, do contrário, seremos quem querem que sejamos.

Do livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos
Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux

Um comentário:

franciete disse...

Em agradecimento à sua visita eu retribuo com amizade.
Todos sabemos que a terra não é, obviamente, povoada por santos. Porém o esforço para adquirirmos um espírito brilhante, as sucessivas tentativas para vivermos lúcida e dinamicamente com objectivos defendidos, não nos fica nada mal.
Beijinhos de luz e paz