A dor situa-se no corpo e o sofrimento pertence a instâncias subjetivas perispirituais. Portanto doer é diferente de sofrer. O sofrimento pressupõe conexão com eventos passados, os quais provocam sensações e emoções geradoras de sentimentos de perda, rejeição, derrota, abandono, culpa, mágoa, dentre outros.
A dor é uma sensação física e o sofrimento uma percepção do espírito. A repetição dos processos que causam dor pode levar ao sofrimento. O sofrimento pode promover renovação e experiência quando o espírito dele se utiliza para refletir sobre suas experiências pregressas, valorizando os efeitos em vivenciar o amor.
O sofrimento surge como conseqüência de atos e pensamentos do ser em evolução; não se constitui em punição deliberada como alternativa de reparação a erros cometidos.
A apologia ao sofrimento como forma de evoluir, não deve ser buscada, visto que a escolha representa defecção em si mesma. O amor é sempre a forma adequada de buscar o conhecimento das leis de Deus. O sofrer é opção construída pelo próprio indivíduo, por ignorância.
Há pessoas que escolhem o sofrer, não por opção para evoluir, mas por entenderem ser a única via de solucionar seu conflito.
A conexão com o sofrimento parece promover o retorno do indivíduo a si mesmo. Isso o leva a repensar sua vida e a tentar buscar uma ligação maior com aquilo que acredita ser Deus. Muitas vezes consegue conectar com um padrão de lamentação e de consolo que o reconforta, mas não lhe acrescenta crescimento espiritual. Às vezes, o sofrimento faz o indivíduo conectar-se com Deus quando também se liga com sua própria força interior, isto é, com o deus interno.
O sofrimento também possibilita o aumento do campo de percepção do ser pelas ligações que automaticamente faz com o inconsciente, ampliando a consciência para a busca do crescimento espiritual. Esta possibilidade estará condicionada ao estado psíquico e à auto-estima do indivíduo, a qual não deverá permitir um padrão de tendência derrotista e lamentosa.
Os processos de sofrimento que se experiênciam nas várias vidas e que se acumulam psiquicamente exigindo compreensão e transformação, não alcançam a consciência, em face do mecanismo reencarnatório do esquecimento do passado. O esquecimento na reencarnação torna-se uma espécie de defesa contra o “sofrimento” acumulado.
A dimensão que emprestamos ao sofrimento, ou melhor, a energia com que focamos os processos que nos causam desconforto é fator fundamental para sua permanência.
A saída do padrão de sofrimento é proporcionada quando se busca conexão com os propósitos pessoais da existência. Os objetivos de vida e as finalidades pelas quais se pretende viver devem ser motivadores para a mudança do padrão que caracteriza o sofrimento. Embora ele possa, e o faz, ampliar as percepções da alma, não significa dizer que deve ser buscado para o crescimento espiritual. Caso ele ocorra, por força de mecanismos expiatórios, deve ser encarado como oportunidade de alcançar as forças interiores da alma em equilíbrio e harmonia com a própria vida.
Do livro: PSICOLOGIA DO ESPÍRITO
Do livro: PSICOLOGIA DO ESPÍRITO
Adenáuer Novaes
Um comentário:
Fiquei feliz com a sua visita e vim retribuir com muita alegria.
Esta página de Adenáuer Novaes é muito própria para uma boa reflexão.
Agradeço por seguir-me e também vou segui-la.
Um abraço fraterno.
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