Desenvolvimento do Amor
Em cada etapa da evolução do ser o amor experiência manifestações pertinentes ao próprio processo.
Dos impulsos desconexos da proteção às crias, na fase animal, esse psiquismo avança na escala evolutiva sob a contribuição dos sentimentos de defesa e de orientação que surgem nos primórdios da razão, embora sob os impositivos da dor.
O medo, que predomina em a natureza animal, transfere-se para o ser humano que aprende a submeter-se, de modo a poupar-se aos sofrimentos, a diminuir as aflições.
A domesticação da fera transforma-se em educação do indivíduo humano e social, que aprende a discernir e a compreender o significado, o sentido psicológico e real da existência.
A sensação do prazer cresce para tornar-se emoção de paz e de felicidade, fundindo a manifestação sensorial em expressão de sentimento que avança da fase física para a psíquica e emocional, através dos feixes nervosos que compõem o corpo sob o comando do espírito em pleno desenvolvimento.
O amor possessivo, herança do pretérito, pode passar pelos dissabores das enfermidades emocionais, levando ao crime, em razão do ciúme, da insegurança, da ausência de auto-estima e de desconforto moral.
Esse desenvolvimento ocorre mediante a contribuição moral do esforço para que o indivíduo adquira independência, seja capaz de amar, após exercitar-se no auto-amor, superando os conflitos da insegurança, do medo, das resistências à entrega.
Jornadeando na infância emocional, o ser imaturo deseja receber sem dar, ou quando oferece espera a retribuição imediata, compensadora e fácil.
Somente após descobrir que a vida é portadora de muitos milagres de doação em todos os aspectos em que se apresente, é que o self discerne, deixando de ter necessidade de receber para poder regatear emocionalmente, identificando a excelência do ato de amor sem restrições, sem as exigências egóicas que descaracterizam o ato de amar.
O amor é a mais elevada e digna realização do self que se identifica plenamente com os valores da vida, passando a expandir-se em formas de edificação em todas as partes.
Os atavismos ancestrais estabelecem parâmetros a respeito do sentimento de amor, que não correspondem à realidade, por serem manifestações ainda primárias dos períodos antropológicos vencidos, mas não superados.
Processos educativos castradores, métodos coercitivos de orientação emocional desenvolvem no adolescente e se aprofundam mais tarde, nos adultos, conflitos que não existiam na infância, gerando medo, ansiedade e desconfiança em relação às demais criaturas e à sociedade em geral.
A espontaneidade infantil que existia no âmago do self cede lugar à hipocrisia adulta, à negociação para estar bem, mediante o engodo e a promessa, longe do comportamento natural e afetuoso que deve viger no amor.
As expectativas de quem ama são decorrentes da visão distorcida da realidade afetuosa, esperando plenificar-se com a presença de outrem, esquecendo-se de que ninguém pode proporcionar ao ser mais amado aquilo que não foi gerado nele mesmo. Pode oferecer-lhe estímulos valiosos para o encontro do que já possui em germe, mas não pode transferir-lhe, por mais que o deseje.
Da mesma forma, não consegue infelicitar senão àquele que já mantém o conflito da desarmonia interior, embora submersos em neblina, que vai dissipada pelo calor da realidade, que é a exteriorização do outro conforme é e não consoante a imagem que se lhe fez.
Na experiência do amor, pe indispensável o auto-enriquecimento, a fim de poder entender e sentir a manifestação afetuosa do outro que lhe comparte as alegrias e que lhe reparte as satisfações.
A viagem do amor é sempre de dentro para fora, sem ornamentos exteriores, que muitas vezes disfarçam-lhe a ausência em face dos conflitos nos quais o indivíduo se encontra mergulhado.
Por imaturidade psicológica as pessoas fingem amar, sonham que amam, permutando brindes, como orientação para transações.
Acostumados a negociar, pensam que a experiência do amor deve ser revestida de outros interesses que despertem cobiça e facultem a ansiedade de lucros. Por isso não são capazes de amar realmente, mesmo quando o desejam, vitimadas pelo medo de serem ludibriadas, feridas no sentimento, abandonadas ao se entregarem...
Há um esquecimento em torno da emoção de que se pode amar e se deve amar, porém, nunca amar por necessidade de ter um amor.
O amor resulta de um estado de amadurecimento psicológico do ser humano, que deve treinar as emoções, partilhado os sentimentos com tudo e com todos.
Quando se ama a outrem, sempre se exige que o outro submeta-se, adquira valores que ainda não possui, cresça ao elevado patamar da expectativa de quem se lhe afeiçoa.
No momento do amor, o fascínio exercido pela função da libido levaà necessidade da conquista de outrem, daquele que lhe desperta o desejo, a qualquer preço, dando lugar a sentimentos que não correspondem à realidade. Passado o período da novidade sexual, caídas as máscaras que foram afixadas na face do outro, daquele que se deseja conquistar, e no qual se projetam valores, beleza e talentos que realmente não possue, vem a decepção, surge o desencanto, e o antes sentimento dito de amor transforma-se em frustração, rebeldia, agressividade e mesmo ódio...
O relacionamentos afetivos são individuais, tornando o amor uma emoção responsável, madura, preparada para enfrentamentos e desafios perturbadores, tornando-se gentil e incondicional.
Num relacionamento amoroso, são duas metades que se completam, embora possuindo características diferentes que são harmonizadas pelo sentimento afetivo.
Cada um deve manter a preocupação de oferecer mais do que recebe, resultando numa constante permuta de emoções felizes.
A pessoa que ama deve medir quanto ama, a fim de que mantenha a responsabilidade de levar adiante o compromisso afetivo.
Não havendo essa conscientização, em qualquer circunstância menos agradável abandona o outro, foge da realidade, sem conseguir evadir-se de si mesmo, o que é mais grave.
Somente ama de fato aquele que é feliz, despojado de conflitos, livre de preconceitos, identificado com a vida.
As pessoas atormentadas pensam que poderão ser felizes quando forem amadas, sem a preocupação de serem aquelas que amam. Na sua inquietação e insegurança, esperam encontrar portos seguros para as embarcações das emoções desordenadas, sem a preocupação de curar-se para navegar em paz...
Não havendo amor interno, asfixiando-se no desespero, transmitem essa sensação estranha e inquietadora, sem condições de saberem receber a bonança que lhes chega, quando lhes alcança.
Logo, fazem-se exigentes, ciumentas, vigilantes e apreensivas em constante ansiedade, temendo perder o que gostaria que lhes pertencesse. Ninguém pode aprisionar o amor, se o tenta, asfixia-o, mata-o
Enquanto viger o interesse físico, a busca da beleza, do contato sexual em face da atração irresistível, o amor estará distante, com todas as conseqüências da imprevidência, da precipitação, da ansiedade de agir para considerar depois do fato acontecido.
O desenvolvimento do amor faz-se lentamente, conquista a conquista de experiência, de vivência, de entrega...
Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
Um comentário:
Denise queridíssima,
Hoje a verdadeira essência do AMOR está bem distante da realidade.
A visão do AMOR está deturpada.
Enquanto o ser humano não se conectar com sua Luz Divina, o que irá prevalecer serão os prazeres da matéria, a ilusão, os apegos, etc...
Ainda não conseguem sentir o verdadeiro AMOR INCONDICIONAL.
Aquele AMOR em que um se sente parte do outro, sente e compartilha das mesmas emoções e sentimentos.
Aquele AMOR em que um se coloca no lugar do outro e juntos buscam crescer e desenvolver suas consciência em total harmonia e união.
Muita Luz em seu coração!!!
Beijos!
Lú
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