Muitos de nós apenas nos empenhamos em evitar o mal; tentamos fazer um trabalho interior a custa de informações amealhada pelo estudo ou em movimentações de imitação nos serviços fraternais. Tais iniciativas são escolas de despertamento e que jamais deveremos dispensá-las, entretanto, se não descobrirmos nessas iniciativas a postura íntima da missão individual que nos insere no contesto das mesmas, ou seja, o motivo profundo pelo qual ali nos encontramos, ficaremos na condição da rotina, sem ação consciente, distanciando-nos da criatividade, da empatia e do auto-conhecimento – únicos caminhos para transpormos a condição de apenas evitar o mal e penetrarmos nas vivências educativas da criação do bem que nos libertará definitivamente.
Evitar o mal é a etapa da contenção, da volta para dentro de si, uma volta sob brumas de incompreensão e sem nitidez de autopercepção. Somente quando partimos para a etapa da benevolência para com todos, é que excursionamos nas paragens da reparação, da atração para a felicidade e da responsabilidade real, assumindo os caminhos do crescimento real e renovador.
Evitando o mal ficamos na culpa. Reparar inclui esforço, sacrifício, comprometimento e amor.
Nova ótica sobre responsabilidade com a tarefa espírita – responsável não é somente aquele que tem boa assiduidade e disciplina. Acima de tudo, é aquele que vive a tarefa de amor para os outros enquanto ela se realiza, e a internaliza para si quando encerra para os demais.
Somente quando levamos a tarefa espírita no coração para fora dos seus horários de realização é que abrimos nossas experiências para a criação do bem, candidatando-nos a novas e maiores responsabilidades, que ensejarão clima e ocasião para a conquista definitiva da tão sonhada felicidade. Mister criar o hábito da meditação sobre os efeitos das ações espirituais no bem de nós mesmos, a fim de não sucumbirmos na hipnose fantasista do personalismo que nos inclina a ver o bem tangível no lado de fora, impedindo-nos de semeá-lo por dentro, nos resfolhos do sentimento. Esse é um perigoso ardil do egoísmo que leva a criatura a fazer muitos cálculos matemáticos com seu amor, sendo que o amor é algo muito subjetivo para compor a folha de serviços de alguém...
Se queremos realmente vencer os estágios enfermiços da culpa estéril que em nada colabora para nossa harmonia, pensemos em como criar o bem.
O bem é uma questão interior, consciencial.
Criar o bem não é das tarefas mais fáceis na escola da espiritualização humana. Exige o gesto comum, o risco, a quebra com o padrão, o servir incondicional, a disposição para experimentar o novo sem medo de normas, aprender a respeitar todas as experiências alheias por mais imaturas que sejam, e muita vontade de ser útil à vida na pessoa do próximo e da sociedade.
O ato de ser responsável significa assumir nossa vida e parar com hábito de colocar no mundo de fora as razões de nossos fracassos; é assumir o “chamado específico” de Deus para conosco; é desvendar quais os sábios Desígnios do Criador para com nosso destino.
Os responsáveis são mais felizes, porque descobriram seu papel divino no universo simplesmente pelo fato de que resolveram experimentar não seguir o rumo da maioria, procurando ouvir a voz da consciência, onde se encontram as Excelsas Mensagens de Deus para cada um de nós.
MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
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