Quando exercitamos o mister de julgar, invocamos para nós a posição de Deus, pois que somente Ele pode julgar com exatidão e na boa media, pois conhece o mais íntimo de nós. O apóstolo Tiago (4:12) nos diz: “Só há um legislador e juiz, a saber, aquele que pode salvar e destruir. Tu, porém, o que és para julgar o teu irmão”? na nossa inferioridade, deveríamos saber que o verbo julgar não pode pertencer ao dicionário de quem se diz cristão. Jesus nos exemplificou, inúmeras vezes, que seu Evangelho era de amor. E amar, significa ser capaz de aceitar o outro mesmo com todos os seus defeitos, sem condenar. Em suma, exercitar o pleno perdão.
Quem já leu a passagem bíblica que relata o episódio
da Mulher Adúltera, entende a verdadeira mensagem cristã. No tempo de Jesus,
quando surgia algum caso legal difícil de ser solucionado, era costume da
comunidade levar o problema para que o rabino tomasse uma decisão. Estando o
povo sob domínio romano, os escribas e os fariseus quiseram desacreditar Jesus,
colocando-o “entre a cruz e a espada”. Trouxeram-no uma mulher surpreendida em
adultério, crime grave de acordo com a lei judaica. Os rabinos diziam: “Todo
judeu deve morrer antes de cometer idolatria, adultério ou assassinato”;
portanto invocavam a pena de morte, com base no que está escrito em Levítico
20:10: “Se um homem comete adultério com a mulher de seu próximo, o adultero e
a adúltera indefetivelmente serão mortos”. No Deuteronômio 22, 23-24,
estabelece-se a pena de morte por apedrejamento no caso da mulher já estar
casada. Também a Mishna estabelece que a pena para o adultério é o
estrangulamento para o homem e o apedrejamento para a mulher.
Em suma, na opinião dos escribas e fariseus, se Jesus
seguisse a lei, determinaria que a mulher fosse morta. Com isso, o Mestre
perderia a fama que conquistou por seu amor aos fracos e sua misericórdia aos
pecadores. Além disso, Jesus iria desafiar a lei romana, que tirara dos judeus
o direito de condenar alguém à morte. Ou seja, se a condenasse, Jesus se
condenaria também, perderia o respeito da população e ainda se tornaria um
criminoso diante do Império Romano. Se, ao contrário, Jesus a absolvesse, de
imediato os seus algozes diriam que Ele ensinava a desobedecer a Lei de Moisés,
tornando-o um incentivador do adultério, um propagador do pecado. O que fez
Jesus? Começou a escreve sobre o solo,
oferecendo a sua primeira lição: antes de qualquer decisão, é preciso
pensar, refletir, orar. Deu também ao povo um tempo necessário para que todos
tomassem consciência do que estavam fazendo.
Ante o olhar arrogante, lascivo e malicioso dos
escribas e fariseus, enfrentando a curiosidade da multidão, que se divertia com
a vergonha da mulher, vaticinou: “O homem que estiver sem pecado, que seja o
primeiro a atirar uma pedra”. Após um ligeiro silêncio, lentamente, os
acusadores, envergonhados, foram se afastando. Em seu Sermão, Santo Agostinho
decreta o fim da passagem: “Ficou uma grande miséria, a da mulher. E uma grande
misericórdia, a de Jesus”. Todo mundo sabe o que aconteceu depois; Jesus
perguntou à mulher: “Ninguém te condenou?”. “Ninguém, Senhor”, ela respondeu.
“Então, vá e não peques mais”. Ao contrário dos escribas e fariseus, os
eruditos legais da época, que acreditavam que autoridade era o poder para
condenar, o meigo rabi da Galiléia fez ver que a autoridade pode e deve
basear-se na compreensão e que seu objetivo é o de recuperar o pecador, jamais
humilhá-lo. A autoridade autêntica é aquela que vem de Jesus, que se baseia na
compreensão. Por isso, ao vermos um criminoso na televisão, ao invés de
desejar-lhe a pena de morte, deveríamos dizer: “Graças à Deus, não estou no
lugar dele”.
Jesus disse “Não julgueis, para que não sejais
julgados (Mateus 7:1). Disse também que aquele que pretende julgar a seu irmão
é como quem tem uma trave no olho e trata de tirar o cisco do olho do outro
(Mateus 7:3-5). Jesus foi mais além quando completou “vá e não peques mais”.
Além de não condená-la, lança-lhe um desafio, para que ela se esforce e vença
seus erros. O espiritismo nos esclarece que o espírito culpado é quem se julga
a si mesmo e nesse tribunal da consciência, não adiantam advogados caros e nem
promotores impiedosos como nos tribunais humanos. Em lugar do julgamento
seguido da condenação dos culpados, os espíritos transgressores, encarnados ou
desencarnados, são conduzidos às retificações através das provas e expiações,
pela lei da reencarnação, o instrumento da Justiça Divina.
Orlando Ribeiro
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – Nov/2012
Um comentário:
OLA AMIGA DENISE QUE BELO TEXTO UMA LIÇÃO COMPLETA PARA QUEM QUER APRENDER A VIVER SOB AS LEIS DE DEUS DO AMOR E DA SABEDORIA PARA OS QUE DESEJAM PROGREDIR NO CONHECIMENTO DA ESPIRITUALIDADE DO SABER DOBEM UM ABRAÇO GRANDE AMIGA BJS MARLENE
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