Os erros e crimes praticados durante a fase inicial de conquista da razão, ressumam dos arquivos profundos do self e reaparecem na personalidade com imposição constrangedora.
Trata-se de um medo absurdo, que se transforma em transtorno de comportamento agravado pela natural aceitação do paciente, que o aumenta em face da insegurança emocional, tornando-se uma patologia que pode desencadear síndromes do pânico ou transtornos depressivos graves.
Quando se apresenta em comportamentos assinalados pela timidez, há uma natural tendência para a alienação ao convívio social, isolando-se e ruminando pensamentos pessimistas em relação a si mesmo e aos demais ou transformando o sentimento em raiva malcontida que empurra para pavores imprevisíveis.
Todos são vítimas do medo em relação ao desconhecido como ocorrência normal.
Em face da instabilidade dos fenômenos existenciais o medo ocupa um lugar de destaque, assim como ocorre com outros sentimentos. Todavia, quando extrapola, gerando situações conflitivas, propiciando ansiedade, identifica-se de imediato um pavor que assoma e ameaça a estabilidade emocional.
Instala-se o transtorno fóbico, que a cada dia mais temível se torna, violentando a lógica e gerando outros distúrbios no comportamento do indivíduo.
O medo condicionado é resultado de um processo de acúmulo desse fanômeno, desde que associado a qualquer estímulo do meio quase sempre de natureza neutra, responde ao estímulo.
Quase sempre cultivado, deveria ser racionalizado, a fim de inutilizar-se-lhe a procedência, para constatar que tem origem maior na imaginação receosa do que em fator real de desequilíbrio e de prevenção de perigo.
Existem fatores endógenos e exógenos que respondem pela presença do medo. No primeiro caso, os comportamentos infelizes de reencarnações imprimem-no nos refolhos do perispírito, instalado no inconsciente profundo o receio de ser identificado como autor dos danos que foram produzidos noutrem e procurou ignorar, mascarando-se de inocente. Podemos incluir as perturbações de natureza espiritual, conseqüência dos atos inditosos que ficaram sem regularização no passado. No segundo caso, as atitudes educacionais no lar, os relacionamentos familiares agressivos, o desrespeito pela identidade infantil, as narrativas apavorantes nas quais muitos adultos se comprazem atemorizando as crianças, os comportamentos agressivos das pessoas, desenvolvem medos que adquirem volume à medida que o crescimento mental e emocional amplia a capacidade de conduta do educando.
Ao mesmo tempo, os fenômenos sismicos, o terrorismo, a violência urbana, as injustiças sociais, a competição no mundo dos negócios, produzem medo naqueles cuja constituição emocional, perturbada desborda-se em pavores inquietantes.
É como se aquilo que mais se teme sempre acontecesse, exatamente por estar registrada no cerne do ser a necessidade dessa experiência para vir a ser vivenciada, para contribuir eficazmente em favor do amadurecimento psicológico, do crescimento cultural, da realização pessoal.
Nos fenômenos de obsessão espiritual, a indução telepática do perseguidor faz que o vitimado ressinta-se de tudo quanto à sua volta possa trabalhar pela sua recuperação, pela reconquista da saúde e do equilíbrio. Teleguiado pelo adversário invisível, experimenta o desconforto que se deriva do medo que lhe é infligido, adotando conduta estranha, doentia...
De maneira idêntica ocorre quando se está preocupado demais com a realização de um projeto, o cansaço, a não renovação do entusiasmo desencadeiam o medo de não ser bem-sucedido, passando-se a adotar essa postura desastrosa.
Do Livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
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