- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -

- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -
Daisypath - Personal pictureDaisypath Anniversary tickers

CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NOSSO LADO ESCONDIDO

Sombra Amigável


            A sombra designa o outro lado do ser humano, aquele em que vige a escuridão.
            Comumente destacamos a sombra negativa nos ambientes educativos da doutrina. Convém, porém, uma atenção à sombra positiva, que são nossos potenciais e talentos ainda não expressados ou descobertos. Em meio a essa escuridão da vida inconsciente existe muita sabedoria e riqueza ainda não exploradas.
            Escutando nossos sentimentos e o que eles têm a nos ensinar sobre nós mesmos, estaremos entrando em contato com esse material reprimido no inconsciente, com todas as habilidades instintivas que nos asseguram a Herança Inalienável de Filhos do Altíssimo em Sua Obra Magnânima.
            Escutar sentimentos é aceita-los. Aceitação quer dizer pensar sobre eles. Habitualmente exaramos a colocação: não quero nem pensar nisso!, referindo-nos a questões desagradáveis do mundo íntimo. Os sentimentos são os principais canais de conexão emitindo constantes mensagens do inconsciente.
            Quando usamos a expressão sentimentos mal resolvidos, estamos tratando de sentimentos não aceitos ou negados pela consciência e reprimidos para o inconsciente por alguma razão particular. A sombra originou-se basicamente em função dessa relação insatisfatória com nosso poder de sentir e os arquivou em forma de culpas, desejos estagnados, bloqueios, traumas, medos, criando todo um complexo psíquico que, em muitos lances, são fatores geradores das psicopatologias, desde as mais toleráveis até ás mais severas.
            Ao longo dos últimos milênios (aproximadamente quarenta mil anos, dependendo da história individual), o que mais fizemos foi negar e temer nossos sentimentos – um fato natural na trajetória evolutiva da animalidade para a hominilidade. O medo de sentir e do que sentimos acompanha-nos desde o momento em que começamos a tomar consciência  desse  mecanismo bio-psíquico-emocional-espiritual. Ainda hoje, esconder o que se sente, é uma conduta social comum e até necessária para a maioria das pessoas.O mundo prepara-se para o século do amor vivido e sentido. A pergunta mais formulada em todas as latitudes neste momento é: como está você? E o interesse por uma resposta que fale de sentimentos é eminente; tende a tornar-se um hábito. Estamos com enorme necessidade de falar do que sentimos e saber com mais clareza sobre o mundo das emoções, embora ainda temerosos de suas conseqüências.
            Quando digo sou minha sombra não significa que tenha que viver conforme sua orientação. Apenas admiti-la, entender suas mensagens.
            A sombra só é ameaça quando não é reconhecida. Só pode ser prejudicial quando negligenciamos identifica-la com atenção, respeito e afabilidade.
            É importante para a meta da individuação, isto é, da realização do si-mesmo, que o indivíduo aprenda a distinguir entre o que parece ser para si mesmo e o que é para os outros. É igualmente necessário que conscientize seu invisível sistema de relações com o inconsciente, ou seja, com anima, a fim de poder diferenciar-se dela. No entanto, é impossível que alguém se diferencie de algo que não conheça.
            Escutar sentimentos é a primeira lição na nossa educação espiritual para o auto-amor. Amaremos a nós mesmos somente quando deixarmos de culpar os outros pelas nossas dores e desacertos e tivermos a coragem de perscrutar o íntimo, interrompendo o fluxo das projeções e fugas ainda ignoradas nas nossas atitudes.
            Recebemos contínuos chamados do inconsciente através do que sentimos. Uma análise atenta de nossos impulsos e da nossa reação afetiva a tudo que nos cerca levar-nos-á a entender com exatidão as reclamações do psiquismo profundo. Nessa investigação da alma encontraremos indicativas seguras no entendimento das mais ocultas raízes de nossos conflitos. Percorreremos caminhos mentais até então incognoscíveis. Igualmente, descobriremos valores adormecidos que solicitam nossa criatividade para desenvolve-los a contento.
            Entretanto, somente daremos importância às mensagens da sombra quando nos relacionarmos amigavelmente com ela. O processo de ouvir a voz do inconsciente através dos sentimentos para por algumas etapas na alfabetização do sentir:
  • Imprescindível o auto-respeito. O que sentimos é indiscutível, individual, é a nossa forma de viver a vida. Com isso não devemos admitir que os apelos do coração devem ser seguidos como brotam. Muito menos supô-los a expressão da Verdade. Apenas tenhamos respeito por nós sem reprimendas e condenações, procurando compreender os recados do coração.
  • Havendo respeito, instaura-se o clima da serenidade, da ausência de conflitos e batalhas interiores. Somente serenos vamos conseguir uma comunicação sem interferências. É o silencio interior. O fio que nos leva ao intercâmbio produtivo.
  • Aprender a linguagem dos sentimentos exige meditação, atenção. Separar a imagem programada pela educação social da imagem idealizada é um trabalho lento. Diferenciar o que pensam que sou daquilo que penso que sou é o caminho para se chegar ao que sou verdadeiramente.
  • Utilizar indagações. A sombra adora dar respostas. Nossa tarefa será discernir no tempo a natureza dessas respostas. No início elas serão confusas, enganosas, talvez decepcionantes.
Na medida que se dilata esse exercício, a intuição vai aclarando a capacidade de perceber e sentir o que nos convém. Teremos a sensação do melhor caminho, das melhores escolhas, do que queremos. É o início da identificação com o projeto singular do Criador a nosso respeito.
As pessoas, quando educadas para enxergarem claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes.
Ao conquistarmos a sombra de maneira amigável, criaremos uma relação de paz com a vida íntima e, nesse ponto, as projeções não serão mecanismos defensivos contra nossas imperfeições, mas reflexos da bondade e harmonia que habitarão a vida mental. Nessa postura mental amaremos a vida com mais ardor. Será muito mais interessante olhar o nosso próximo, senti-lo e perceber a grandeza da vida que nos cerca.
O crescimento pessoal e a felicidade incluem a missão de explorar as riquezas do inconsciente.
Escutar sentimentos é a arte de mergulhar na vida profunda e descobrir o manancial de força e beleza que possuímos.

Do livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos
Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux

4 comentários:

Angela Maria disse...

Oi Denise,
Obrigada pelo seu comentário. Achei bem interessante o seu blog. Sou católica, mas como meu esposo é espirita, estou aprendendo algumas coisas sobre o a doutrina. Foi atravéz do espiritismo que consegui entender um pouco melhor algo triste que aconteceu comigo: A perda de uma gravidez de 3 meses.
Espero seus comentários em minhas próximas postagens.

Anônimo disse...

Minha cara.
Um belíssimo texto, esclarecedor, ponderado, muito bem escrito. Buscar o lado positivo e conhecer bem o lado negativo da sombra é um ideal pra mim na medida em que acredito que o auto conhecimento é fundamental para evoluirmos como seres humanos. Mas é tarefa de uma vida inteira e todos os dias ocorrem descobertas e surpresas em relação a mim mesma. A capacidade de assumir os próprios atos e as próprias escolhas vem dessa convivência sincera e honesta entre nós e nossa sombra. Enfim, tudo que eu possa dizer, repetirá o que foi tão brilhantemente escrito pelo autor.
Um excelente post.
Gostei muito do seu blog.
Vá conhecer o Chocolate. Será um prazer recebê-la.
Beijokas.
Seguindo...

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Amiga. Adorei o post. Nós vivemos na dualidade do sim e do não constantemente. Temos dois lados, um bom e outro de sombra. Mas devemos estar sempre atentos para alimentarmos o lado de luz. Beijos e obrigada pela visita.

MYS disse...

Olá,

Vim visitar vc, esse texto é excelente, adorei!!!

abç de luz
MYS