Psicogênese da Perda de Sentido
O indivíduo renasce assinalado por debilidade de forças morais, que resulta da indisciplina e da falta de morigeração na conduta, durante as experiências evolutivas que não ficaram bem trabalhadas.
Preso ao cordão umbilical da mãe, não amadurece psicologicamente a ponto de libertar-se, mantendo interesses imediatos, entre os quais a plenificação emocional através do conúbio sexual.
Antes, porque os preconceitos eram muito severos em relação ao comportamento sexual, a culpa inscrevia-se-lhe nos refolhos da psique, atormentando-o e levando-o a uniões ligeiras, destituídas de sentido emocional profundo, sem a anuência do amor, nem o respeito que se devem todas as criaturas, umas às outras.
Mais necessidade fisiológica do que expressão de realização afetiva, quando não lograva a completude, experimentava o vazio existencial, que se fazia acompanhar pela falta de outros objetivos existenciais.
Lentamente, nesse estado emocional, perdia a própria identidade, mergulhando em aparências que pudessem agradar aos outros em detrimento da sua própria realização.
Na atualidade, não obstante o sexo constitua um paradigma de comportamento essencial, a sua satisfação aligeirada continua destituída de significado profundo, que permita o equilíbrio das emoções e a segurança afetiva. A troca insensata de parceiros, na busca da variedade, ao invés de satisfazer mais frustra, demonstrando que o intercurso sexual é mais um modismo da sociedade moderna que se considera liberta dos tabus do passado, do que realmente uma forma de expressar os sentimentos e trabalhar a ansiedade.
Nessa busca desenfreada, transita-se de um estado de estresse para outro, sem que haja harmonia interior nas buscas efetuadas. As pessoas que compartem desses momentos são descartáveis, grátis ou remuneradas, bem ou mal situadas no contexto social, objeto de uso sem nenhum sentido psicológico realizador.
Em face da rapidez dos momentos modernos, não se apresentam oportunidades para amadurecimento das emoções, para escolhas corretas, para reflexões e ponderações significativas. Os indivíduos são devorados pela volúpia do muito agarrar e do pouco reter. Há uma sofreguidão para aparecer, uma necessidade desesperadora para estar em todos os lugares ao mesmo tempo, tombando na exaustão e levantando-se sob estímulos químicos ainda mais frustrantes.
Vitimado, em si mesmo, o indivíduo, que perdeu o contato com o self, exaure-se no ego exigente e pouco gratificante, preocupando-se em ser espelho que reflete outras pessoas, suas opiniões, seus aplausos, suas desmedidas ambições.
Aumenta-lhe a necessidade psicológica de esconder o sentimento e exibir a aparência, sobrecarregando as emoções com desaires e amarguras que procura dissimular no convívio com os demais até quando já não mais o consegue.
A falta de metas, de objetivos, que assalta a consciência, dando lugar a indivíduos psicologicamente vazios.
A grande maioria dos que assim se comportam intelectualizou-se, aprendeu a discorrer sobre temas variados, mesmo que superficialmente, mas aprendeu a trabalhar-se interiormente, a enfrentar os seus medos e culpas, sempre transferindo-os no tempo ou anestesiando-os no inconsciente.
Compreende-se a necessidade das conquistas externas, que se torna uma forma de auto-realização, e afadiga-se a criatura por consegui-las, para logo constatar a sua quase inutilidade, por não preencher os espaços tomados pela angústia e pelas incertezas.
Faz-se um abismo entre o self e o ego que se afastam um do outro, concedendo espaço para a desintegração da personalidade, para a esquizofrenia...
Esse vazio existencial, de certo modo, também se deriva do tédio, da repetição de experiências que não se renovam, da quase indiferença pelas demais criaturas, sugerindo a inutilidade pessoal
O advento da comunicação virtual, as intermináveis horas de buscas na internet, os encontros românticos de personalidades neuróticas e medrosas, estabelecendo perspectivas mais angustiosas, por se tratar de pessoas frustradas e inseguras, refugiadas em frente da tela do computador, procurando a ilusão de seres ideais, incorruptíveis, maravilhosos.
Passada a fase de deslumbramento, iniciando-se a convivência, logo se constata o equívoco e a imaginação arquiteta novas fugas da realidade.
Em tentativas inúteis de preencher este vazio, elaboram-se as festas alucinantes, volumosos, arrastando as multidões desassisadas e ansiosas, que se esfalfam no prazer anestesiante, para depois despertar no mesmo estado de vácuo interno, agora com os conflitos e culpar das loucuras perpetradas.
Este vazio não significa ausência de significados internos, de valores adormecidos ou ignorados, mas sim, da incapacidade que toma do indivíduo, sugerindo-lhe impossibilidade ou inutilidade de lutar contra a maré das dificuldades, permitindo-se uma resignação indiferente, como mecanismo de autodefesa, que se transforma num grande vácuo interno.
A pouco e pouco, porque se adapta à nova conjuntura, perde o interesse pelo desejar e pelo realizar, ficando amorfo, embora com aparência que corresponde aos padrões sociais, por mínima exigência do ego soberbo e rebelde.
Perdido o respeito pelo grupo social e suas instituições, logo depois perde-o por si mesmo, deixando-se arrastar para profundos conflitos de inutilidade e de depressão.
Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
4 comentários:
Puxa Denise, coloco algumas questões no texto, mas muito preciso, profundamente analítico e cehga a dar até um pouco de medo.
Fique pensando nesse lance que no consumo esacerbado de tudo e de todos, não amadurecemos nossos sentimentos e emoções. Isso é muito serio....
bom ano pra vc!
Tenho esse livro, é maravilhoso. gosto muito da Joanna de Ângelis, uma valorosa lutadora da evangelização da humanidade.
Beijos
Olá,
a você um maravilhoso 2011!!!
de PAZ e AMOR!!!
FELIZ ANO NOVO!!!
abç de luz
MYS
Gostei muito do texto, vou procurar o livro da ler.
Denise minha querida, desejo a você e familiares um ótimo 2011, repleto de luz e realizações.
Feliz Ano Novo!
Beijinhos
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