Quando desejamos o bem, sentimos amor, a compaixão e a fraternidade pelo outro.
Quando desejamos o mal, sentimos o ódio, a raiva e a indiferença ao outro.
Quando desejamos estagnar, sentimos a preguiça, o pessimismo e a descrença.
Quando desejamos o progresso, sentimos o idealismo, o otimismo e a fé.
Entre nós é muito conhecido o enunciado “Desejando, sentes. Sentindo, mentalizas. Mentalizando, ages”, que estabelece uma realidade quase geral sobre a rotina da mente.
Desejo, fenômeno da vida mental inconsciente, conquista evolutiva de valor na formação da consciência. Podemos classifica-lo como uma “inteligência instintiva” ampliando o espectro das pesquisas modernas sobre a multiplicidade das inteligências.
Temos o desejo de viver, desejo dos sentidos, desejo de amar, desejo de pensar, desejo de raciocinar, desejo de gratificação, todos consolidados no que vamos nomear como “inteligência primária automatizada”, guardando vínculos estreitos com as memórias estratificadas do psiquismo na evolução hominal. É dessa “inteligência” que são determinados o impulso do sentir conforme o desejo central, desejo esse que mais não é senão o reflexo indutor da rotina mental na vida do homem.
Intensificando ainda mais essas “forças impulsivas” do desejo central, encontramos os estímulos sociais da atualidade delineando novos hábitos e atitudes, no fortalecimento de velhas bagagens morais da alma através do instinto de posse, degenerando em apego lamentável no rumo das apropriações desrespeitosas entre os homens.
Na convivência, a intromissão desse hábito de posse estabelece o ciúme, a inveja, a dependência e a dor em complexas relações. Façamos uma análise mais atenta.
O afeto, como expressão do sentimento humano, carreia, em muitos lances da experiência relacional, um conglomerado de desejos. Entre eles encontram-se aqueles que nos mantém na retaguarda espiritual, carecendo de educação a fim de não fazer da vida interpessoal um colapso de energias, em circuitos delicados de conflitos e atitudes desajustadas do bem, provenientes de ligações malsucedidas e possessivas.
Devemos trabalhar para que todos consórcios de afeto, com quem seja, progridam sempre para a desvinculação, abstraindo-se de elos de idolatria e intimidade ou desprezo e mágoa - posturas extremas no terreno dos sentimentos que conduzem aos excessos.
O afeto que temos é somente aquele que damos, porque o experimentamos nas nascentes do coração, irradiando de nós. E porque é nosso podemos dar, gratificando mais plenamente em cede-lo ao outro que criar vínculos doentios por exigi-lo de outrem, em aprisionamentos velados ou declarados. Em verdade, esse “possuir afetivo” é a nossa busca de completude, entretanto a verdadeira complementaridade gera autonomia, liberdade e crescimento, enquanto essa possessividade gera escravidão, desrespeito e desequilíbrio.
A afeição deve ser administrada na medida exata. Nem frieza, nem excessos. Isso solicita a disciplina sobre os desejos que são, em boa parte, forças de propulsão nas fibras sensíveis da afetividade.
Quando se trata do tema transformação íntima na vitória sobre nós mesmos, estamos referindo, sobretudo, a esses “impulsos-motrizes” de sentimento que são originados nas pulsões dos desejos. Graças aos desejos centrais que, costumeiramente, assenhoreiam nossa rotina mental, constata-se uma dicotomia entre pensar, sentir e fazer. Exemplo comum disso é o ideal de espiritualização que esposamos. Temos consciência da urgência de unirmos, amarmos, somar esforços, crescer e melhorar, porém, nem sempre é assim que sentimos sobre aquilo que já conhecemos. Fortes interferências no sentir causam solavancos e acidentes nos percursos da mudança interior. Falamos, pensamos e até agimos no bem em muitas ocasiões, mas nem sempre sentimos o bem que advogamos, estabelecendo “hiatos de afeto” no comprometimento com a causa, atraindo desmotivação, dúvida, preguiça, perturbação e ausência de identificação com as responsabilidades assumidas. Tudo isso coadjuvado por interferências de adversários espirituais, nos quadros da obsessão em variados níveis.
É assim que nossos sentimentos sofrem a “carga psico-afetiva” milenar dos desejos exclusivistas e inferiores, que ainda caracterizam a rotina induzida nos campos da mentalização.
E como instaurar matrizes novas no psiquismo de profundidade em favor da renovação de nossos sentimentos? Como renovar esse “coração milenar” pulsando independente da vontade?
Eis um empreendimento desafiante e progressivo. A solução está na aplicação de intenso regime disciplinar dos desejos, deixando de fazer o que gostaríamos e não devemos, e fazendo o que não gostaríamos, mas é o dever.
Em outras palavras, saber desejar afinando impulsos com os alvitres conscienciais.
A disciplina dos desejos tem duas operações mentais principais, que são a contenção e a repetição, para que essa disciplina alcance o patamar de fator de educação emocional.
Na contenção é utilizado todo o potencial da vontade ativa e esclarecida, com finalidade de assumir o controle sobre as fontes energéticas de teores primários e suscetíveis de causar “danos” aos novéis propósitos que acalentamos.
Já a repetição é a força que coopera na dinamização dos exercícios formadores de hábitos novos, com os quais desenvolvemos os valores divinos depositados na intimidade do ser desde a criação.
Contenção e repetição são movimentos mentais neutros, que adquirirão natureza e qualidade na dependência das cargas afetivas com as quais serão impregnadas, e nisso encontra-se a verdadeira transformação interior.
REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIO
Ermance Dufaux
5 comentários:
Denise querida!
Olá, tudo bem?
Vim fazer uma visitinha
e ler as novidades!!!
"Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...
E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...
Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...
Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Prá você não deixar
De duvidar...
Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...
Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...
Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar...
Eu desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar" (Frejat)
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Beijos, muitos!
Sônia Silvino
Texto muito apropriado em tempos de liberação total, onde cada um quer satisfazer seus desejos sem importar-se com os outros.
Tenho pensado nisto ultimamente, todos reclamam seus direitos mas poucos conseguem cumprir com seus deveres perante a sociedade.
Gosto muito desta autora.
Beijos
Olá amada vim retribuir a visita que vizeste em minha casa.Estive viajando e qual surpresa ao abrir a porta de minha casa , na sala estava sua mensagem.Obrigada pelas palavras ,volte sempre.Beijos na alma
Oi amiga vim retribuir sua visita,esse cantinho meu é novo e todas as visitas são uma alegria pra seja bem vinda sempre que quiser!!,adoro todos esses cantinho de paz que encontro aqui um grande beijo no coração.
Paz e Alegria Denise!! Texto muito edificante, compartilhei-o no facebook e no nosso bloguinho.
Fica com Deus
Bella
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