A um jovem, que parecia disposto
a ingressar na Nova Era, candidatando-se a segui-lO, Jesus propôs o
convite direto, sem preâmbulos.
Apesar do interesse que se
refletia na face ansiosa, o moço, receoso, esquivou-se sob a justificativa de
que iria antes sepultar o genitor que havia morrido.
Diante da resposta que parecia
justa, o Mestre foi, no entanto, contundente, informando-o “Deixa aos mortos o
cuidado de sepultar os seus mortos; mas tu, vem construir no coração o reino de
Deus”.
Pode causar estranheza a atitude
e proposta de Jesus a um filho que pretendia cumprir com o seu dever imediato:
no caso, enterrar o pai desencarnado.
É provável que esse fosse o seu
intento real, adiando o engajamento na tarefa da vida eterna. Todavia, é
possível que o moço ocultasse alguma outra intenção.
O desejo de estar presente ao
velório e à inumação do cadáver talvez significasse a preocupação de ser visto
como um filho cuidadoso e fiel, merecedor da herança que lhe cabia.
Alguma disposição testamentária,
provavelmente, exigia-lhe o cumprimento desse dever final, sob pena de perder o
legado. Então, a sua presença não significaria um ato de amor, mas um ato de
interesse subalterno.
Os bens materiais, não obstante
possuam utilidade, favorecendo o conforto, o progresso, a paz entre os homens
quando bem distribuídos, são, às vezes, de outra forma, algemas cruéis que
aprisionam as criaturas, e que, transitando de mãos, são coisas mortas, que não
merecem preferência ante as verdades eternas.
Igualmente se pode pressupor que
o rapaz, ainda cioso da sua juventude, não estivesse disposto a
renunciá-la, encontrando, na justificativa, uma forma nobre para evadir-se do
compromisso.
Os gozos materiais são cadeias
muito vigorosas que jugulam os homens às paixões primitivas que deveriam
superar a benefício próprio, mas que quase sempre os levam à decomposição
moral, à morte dos ideais libertadores.
Quiçá a preocupação a respeito
da nova responsabilidade causasse no candidato um receio injustificado,
levando-o à escusa com o argumento apresentado.
O medo de assumir compromissos
graves impede o desenvolvimento intelecto-moral do indivíduo, mantendo-o
estacionado na rotina despreocupada e monótona do seu dia-a-dia.
O convite de Jesus faz-se
acompanhar de um programa intenso, iniciando-se na renovação íntima para
melhor, e prosseguindo na ação construtiva do bem em toda parte.
O medo é fator dissolvente da
individualidade humana, responsável por graves desastres e crimes que poderiam
ser evitados.
É força atuante que conduz à
morte das realizações dignificantes e das próprias criaturas.
Por fim, suponhamos que o
sentimento filial prevalecesse na resposta e ele estivesse preocupado com o pai
desencarnado.
Ainda assim, qualquer pessoa
poderia sepultá-lo, mas ninguém, exceto ele mesmo, poderia encarregar-se da sua
iluminação.
Jesus era a sua oportunidade
única.
Jesus penetrou-o e sabia o
motivo real da sua recusa. Porém, deixou-o livre para decidir-se.
Ele foi sepultar o progenitor e
não voltou.
Perdeu a oportunidade.
Muitos ainda agem assim.
Observa o que elegeste para a
tua atual existência: seguir a vida e vivê-la ou acumular tesouros mortos para
sepultá-los no olvido.
Desnuda-te interiormente e
contempla-te. Que possuis de real, que a morte não te arrebatará, e o que
seguirá contigo?
Usa de severidade neste exame de
consciência e toma o lugar do jovem convidado.
Que responderias a Jesus nesse
momento?
Queixas-te dos problemas que te
aturdem e os relacionas, ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra
para aprender, resgatar, reeducar-te.
Olha ao redor e compreenderás o
quanto é urgente que te decidas pelo melhor e duradouro para ti como ser
imortal que és.
Postergando a decisão, quando
então a tomar, provavelmente as circunstâncias já não serão as mesmas e a tua
situação estará diferente, talvez complicada.
O momento é este.
Deixa-te permear pela presença
dEle e, feliz, segue-o.
Com tal atitude os teus
problemas mudarão de aparência. perderão o significado afligente, contribuirão
para a tua felicidade.
Renascerás dos escombros e
voarás no rumo da Grande Luz, superando a noite que te aturde.
Fonte: JESUS E
ATUALIDADE
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DE
ÂNGELIS
imagem: ayeri.deviantart.com
Um comentário:
Observando de longe parece coisa fácil, é tão simples:
Seguir o iluminado mestre e desprezar os bens materiais que temos!
Mas não é nada disso quando o "jovem convidado" somos nós.
Primeiro que tudo não temos certeza do que queremos.
E não temos certeza do que vemos.
- Quais são os bens que devo abandonar? Tudo?! Não, não é possível. Fica para a próxima.
E assim continuamos.
Eu mesmo não eduquei meus filhos para o desprendimento.
Também não fui educado pra isso.
Não o somos.
A família, a sociedade, nos encaminha tão somente para sermos "cidadãos de bem".
E, quando o conseguimos, nisso ficamos.
Nada a mais.
Por enquanto, só boas intenções.
Teremos que aprender, os que ficarmos no planeta, uma 'ova ordem mundial'.
Beijos.
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