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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 13 de abril de 2011

CRISES E TURBULÊNCIAS

Crises Sociais I

            Como efeito das crises existenciais nos indivíduos, surgem as de natureza social, inevitáveis, porque o grupo resulta do conjunto das unidades. Desde que a unidade se apresenta em desconcerto, a inarmonia logo se faz identificar.
            O mesmo ocorre no organismo físico, quando apenas uma célula, perdendo a memória da sua mitose, propicia o surgimento do tumor, da anomalia.
            O ser humano deve sempre racionalizar a sua ambição, direcionando-a para aquelas de natureza espiritual, portadoras de caráter permanente, porquanto, as efêmeras, que se caracterizam pelos desejos egoísticos, fazem-se geradoras de posses que ultrapassam os limites da capacidade de armazenar-se. Transformando-se num tormento, advém-lhe a cegueira a respeito dos direitos dos demais e logo converte-se em verdugo da próprias paz, assim como da harmonia que deve vicejar à sua volta. Não se satisfaz com o conseguido, permanecendo em torpe anseio de mais acumular.
            A sua abundância exagerada produz a miséria dos outros, fomentando ódios e desejos desenfreados de tomar-se-lhe uma parte que seja e que têm direito, esses infelizes, a qualquer custo.
            Surgem, então, as crises econômicas, porque os governos – que são esses indivíduos ambiciosos e insaciáveis – abandonam os compromissos que assumiram com o povo, para tratar do seu e do enriquecimento do seu partido, da sua família, dos seus interesses inconfessáveis.
            Dessas derivam-se as outras, que são de natureza social, quando as classes menos abastadas transformam-se em parto para a exploração realizada pelos mais poderosos.
            Aparecem, no cenário, em começo de conturbação, os partidos políticos apresentando filosofias atraentes, normalmente ilusórias e portadoras de grande poder hipnótico, seduzindo e arrastando fanáticos que se transformam em abutres devoradores, sempre voltados contra aqueles que lhes não compartem os propósitos.
            As crises sociais culminam em convulsões de poderes, nas quais as massas insatisfeitas com o esmagamento que sofrem rebelam-se e são normalmente fulminadas, em face da desigualdade de forças em litígio. Entretanto, não poucas vezes, conseguem assegurar o seu direito à vida mediante o derramamento de sangue, em cujas lutas as vítimas inocentes são trucidadas.
            Não apenas de alimentos vive a criatura e, por extensão, a sociedade, mas também da dignidade que é adquirida através da justiça social, quando se tornam acessíveis os bens inalienáveis da escola, do trabalho, da saúde, do repouso, dos direitos da liberdade de pensar, de ir-e-vir, de participação.
            Para que as crises sejam superadas, sem converter-se em lutas destrutivas, necessitam da decisão, que equivale a um ideal por meta, que se estruture no bem-estar geral, no serviço em favor de outrem.
            Sustentada por esse objetivo, torna-se dinâmica e procedente, porque se faz portadora de vitalidade criativa, convocando os cidadãos a uma tomada de consciência que produza frutos sazonados de progresso para todos, de fraternidade geral, de desenvolvimento artístico, moral, cultural, espiritual.
            Essas crises, em tais casos, deixam de ser fenômenos perturbadores da sociedade para transformar-se em mudança necessária quão inadiável. O seu momento crítico ocorre quando se substituem as lutas de classe por identificação de propósitos que culminam no entendimento fraternal das massas.
            As pessoas deixam apenas de opinar para atuar, liberando-se da complexidade das palavras que ocultam os sentimentos, para desvelar aqueles que devem ser aplicados em realizações operosas e libertadoras.
            Desse modo, a crise social é uma descontinuadora do modus vivendi e do modus operandi vigentes, ensejando novos métodos de comportamento para que ocorram as mudanças necessárias ao equilíbrio do todo social.
            Naturalmente que as crises ocorrem quando se dá o esgotamento dos métodos para diminuir ou terminar com os fatores responsáveis pela perplexidade e confusão generalizadas. Não se encontrando os recursos filosóficos e éticos que possam alterar os quadros existentes, criando novos caminhos e diferentes padrões de conduta, o desfecho será sempre danoso para todos.

Do livro: ENCONTRO COM A PAZ E A SAÚDE
Divaldo P. Franco/Esp. Joanna de Ângelis

Um comentário:

Pris Jardim disse...

Ótimo texto minha querida.
Ele nos mostra que o desequilibrio pequeno gera grandes crises socias.
Depende de nós tentarmos manter o equilibrio e cobra-lo também.

Beijinhos