O homem de coração entende perfeitamente que, com as
experiências que mantém com os amigos atuais ou que manteve com os amigos que se foram, pode oferecer
importantes conexões para ampliar os horizontes do autoconhecimento. A partir
daí, tem condições de discernir a variedade de categorias de amigos.
Há amigos de atividades habituais: possuem uma
convivência restrita, reúnem-se somente para cultos religiosos, em dias de
lazer e de esportes, nas horas de trabalho, ou em cursos ou eventos diversos.
Outros existem, qualificados como amigos, por vantagens recíprocas. São unidos
pelas profissões que exercem, promovem sociedades de interesse comum e com
metas especiais, desempenhando papéis e ofícios especializados juntos; mas não
juntos interiormente.
Os denominados amigos de décadas diferentes são todos
aqueles ligados por enormes afinidades das vidas passadas, que nem mesmo a
grande diferença de idade consegue separ´-los da convivência diária. Adquirem
uma intimidade carinhosa e verdadeira, que enseja a permita de experiências, de
vigor e de ânimo. Outra categoria a ser considerada é a dos chamados amigos
itinerantes ou transitórios. Cruzam nossas vidas durante determinada etapa.
Compartilham nossa amizade em épocas cruciais; outras vezes, em busca de
aprendizagem, passam por nós nas encruzilhadas do caminho terreno, para depois
se desligarem, porque se desvaneceram os elos comuns que os mantinham conosco.
No decorrer do tempo, cada um deles segue o caminho que traçou rumo ao próprio
destino.
Os reconhecidos, porém, como amigos íntimos ou
permanentes são aqueles que possuem afeto mútuo e o conservam indefinidamente.
A intimidade entre eles faz com que tenham um crescente amadurecimento espiritual.
Alargam seu mundo interior à medida que aumentam a capacidade de
compreender as similaridades e as
diferenças entre si mesmos.
Em verdade, para se possuir real intimidade e
adquirir plena confiança entre amigos é necessário nunca esconder o que há de
desagradável em nós; em outras palavras, é preciso revelar nossa falibilidade.
Querer demonstrar caráter impecável e isenção de dúvidas é característica de
indivíduos incapazes de perdoar e iábeis para manter relações duradouras e
afetividade verdadeira.
Em síntese, a perda de amigos representa momentos
difíceis e dolorosos. As dores da alma em relação às amizades não são
propriamente dificuldades desta época; já eram no passado distante motivo de
admoestações e de conselhos.
Do livro: As Dores da Alma
– Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: laravazz.wordpress.com
Um comentário:
Interessante mesmo entender o mecanismo das amizades.
Amigos que a gente via, na adolescência,
como portos seguros para o resto da vida,
se desvanecem e se enfumaçam.
Maravilhosas amizades que fazemos na universidade: "Agora sim!
Construiremos um seguro laço profissional",
e nunca mais os vemos!
É uma aprendizagem difícil, mas a teia da amizade supera o pequenino esboço de uma existência.
Beijos.
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