O autodescobrimento é o clímax de experiências
do conhecimento e da emoção, através de uma equilibrada vivência.
Para consegui-lo, faz-se indispensável o empenho com que
o homem se aplique na tarefa que o possibilita. É certo que o tentame se
reveste inicialmente de várias dificuldades aparentes, todas passíveis de
superadas.
A realização de qualquer atividade nova se apresenta complexa
pelo inusitado da sua própria constituição. Não há, todavia, nada, com que o
indivíduo não se acostume. Demais, tudo aquilo que se torna habitual reveste-se
de facilidade.
Assim, a busca de si mesmo, para a liberação de conflitos,
amadurecimento psicológico, afirmação da personalidade, resulta de uma
consciente disposição para meditar, evitando o emprego de largos períodos que
se transformam em ato constrangedor e aborrecido.
A meditação deve ser, inicialmente, breve e gratificante,
da qual se retorne com a agradável sensação de que o tempo foi insuficiente, o
que predispõe o candidato a uma sua dilatação.
Através de uma concentração analítica, o neófito examina
as suas carências e problemas, os seus defeitos e as soluções de que poderá
dispor para aplicar-se. Não se trata de uma gincana mental, mas de uma sincera
observação de si mesmo, dos recursos ao alcance e dos temores, condicionamentos,
emoções perturbadoras que lhe são habituais. Estudando um problema de cada vez, surge a clara
solução como proposta liberativa que deve ser aplicada sem pressa, com
naturalidade.
A sua repetição sistemática, sem solução de continuidade,
uma ou duas vezes ao dia, cria uma harmonia interior capaz de resistir às
investidas externas sem perturbar-se, por mais fortes que se apresentem.
Após a meditação analítica, descobrindo as áreas frágeis
da personalidade e os pontos nevrálgicos da conduta, o exercício de absorção
de forças mentais e morais torna-se-lhe o antídoto eficiente, que predispõe ao
bem-estar, encorajando ante as inevitáveis lutas e vicissitudes do viver
cotidiano.
As empresas do dia-a-dia fazem-se fenômenos existenciais
que não assustam, porque o indivíduo conhece as suas possibilidades de
enfrentamento e realização, aceitando umas, e de outras declinando, sem
aturdimentos emocionais, nem apegos perturbadores.
Sucessivamente passa do estado de análise para o de tranqüilidade,
deixando a reflexão e experimentando a harmonia, sem discussão intelectiva,
como quem se embriaga da beleza
de uma paisagem, de uma agradável recordação, da audição de uma página musical,
de um enlevo, nos quais apenas frui, sem questionamento, sem raciocinar. Fruir
é banhar-se por fora e penetrar-se por dentro, simplesmente, desfrutando.
A meditação, portanto, não deve ser um dever imposto,
porém, um prazer conquistado.
(continua)
Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
imagem: www.humaniversidade.com.br
Um comentário:
A meditação proposta por Joanna, parece ser o contrário do que pregam
as escolas de orientação indiana:
É uma análise do que se é, de como se está, do que se pretende nesta existência.
Algo inteiramente prático, embora feito com muita dedicação.
Nada de deixar a mente vagar pelo universo, sem rumo definido.
Nada de se consagrar à tarefa inglóriade "não pensar".
Algo viável e, se feito com consciência, com resultados benpeficos.
Concordo!
Beijos.
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