Um comportamento que hoje nos incomoda não foi sempre
totalmente ruim. Se no passado assumimos um determinado padrão comportamental,
a ponto de fazer dele um condicionamento, é porque ele nos dava prazer ou nos
trazia alguma vantagem, alguma forma de gratificação ou ainda, no mínimo, era
nossa cultura ou educação de determinada época.
Enquanto não estivermos logicamente convencidos de
que mudar será vantajoso, não mudaremos. É a fé raciocinada apresentada pelo
espiritismo.
Só estamos dispostos a abrir mão de um prazer quando
isso nos habilita a um prazer maior, no caso da queixa, veja prazer em ser
diferente. Ninguém muda porque deve mudar. Mudamos porque acreditamos que há
vantagem em mudar, mesmo que seja vantagem que venha a contribuir com nosso
crescimento moral, de convivência, espiritual ou outro.
Mas saber não é suficiente. O simples fato de
conhecermos os inconvenientes do velho hábito não cria novos condicionamentos.
No entanto, alguma coisa dentro de nós já mudou
quando decidimos mudar, mesmo antes da modificação concluída. Surge uma
sensação de desconforto associada ao velho hábito. Esta sensação irá aumentar
com o tempo, gerando a progressiva racionalização do comportamento
condicionado.
O que era feito automaticamente, agora é reavaliado
criticamente a cada vez. Se antes reclamávamos sem pensar, agora a cada queixa
existe uma repreensão interior.
O segundo passo é a efetiva necessidade de mudar. A
sensação de desconforto associada ao velo padrão de comportamento acaba gerando
no indivíduo a efetiva necessidade de ser diferente. De tanto contabilizar
prejuízos à saúde física, espiritual ou financeira, aos relacionamentos e aos
negócios, a pessoa finalmente sentirá vontade de mudar com maior intensidade.
Mas se a vontade ainda não está suficientemente
manifestada, dividida entre os bons propósitos e os velhos hábitos, a pessoa
experimenta agir de outra maneira e isso lhe dá prazer. Porém, quando se descuida,
já está seguindo os velhos hábitos voltando a reclamar e isso também lhe dá
prazer, embora esse prazer venha associado ao sentimento de culpa ou
repreensão. Entramos na fase das recaídas.
Quando raciocinamos antes de agir, geralmente
conseguimos seguir o novo padrão. Mas quando ligamos o piloto automático, lá
estão os velhos condicionamentos nos induzindo a agir da maneira que não
queremos mais.
O terceiro passo ocorre quando um novo
condicionamento assume o lugar do antigo. De recaída em recaída, racionaliza-se
cada vez mais o processo e nossa vontade se fortalece até nos sentirmos
suficientemente fortes para dar um basta.
Um novo condicionamento veio substituir o antigo. A
partir de agora, ao agir automaticamente seguiremos o novo padrão de comportamento.
Para agir segundo o velho modelo, será necessário tomar uma decisão de
novamente mudar.
Um novo hábito veio substituir o antigo. Está criado
um novo paradigma. Somos uma nova pessoa modificada em mais um ponto e a isso
chamamos crescimento.
(continua)
Do livro: Terapia Antiqueixa –
Roosevelt Andolphato Tiago
imagem: mudancacomportamentopmf.blogspot.com
Um comentário:
Grandes verdades, amiga Denise. Para mudar comportamentos, realmente, é necessário a vontade firme para mudar. Darei aqui um pequeno testemunho: fui fumante por mais de trinta anos. Nos últimos tempos de tabagista, eu pensava em parar. Tentava e não conseguia. Por diversas vezes, parava por uns dias e recomeçava...
No final do ano de 2003 pus na cabeça que iria parar no dia 01 de janeiro de 2004. Mas foi um desejo forte, decidido, direcionado, programado. Fumei o último cigarro desta existência, às 22 horas e 30 minutos do dia 31 de dezembro de 2003 e comentei com os familiares que não fumaria mais, que aquilo não interessava mais...
Nos dias que se seguiram, senti necessidade do antigo vício, mas como eu estava determinado, não houve recaída...
Após o episódio, ficou bem claro para mim, que mudanças em nossas vidas só acontecerão se nós quisermos de fato.
Um abraço. Tenhas um dia abençoado.
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