O ser humano estabeleceu como necessidades próprias da sua vida aquelas que dizem respeito aos fenômenos fisiológicos, com toda a sua gama de imposições: alimentação, habitação, agasalho, segurança, reprodução, bem-estar, posição social. Poderemos denominar essas necessidades como imediatas ou inferiores, sob os pontos de vista psicológico e ético-estético. Inevitavelmente, a conquista dessas necessidades não plenifica integralmente o ser e surgem aqueloutras de caráter superior, que independem dos conteúdos palpáveis, imediatos: a beleza, a harmonia, a cultura, a arte, a religião, a entrega espiritual.
Toda a herança antropológica se situa nos automatismos básicos da sobrevivência no corpo, na luta com as demais espécies, na previdência mediante armazenamento de produtos que lhe garantam a continuação da vida, na procriação e defesa dos filhos, da propriedade... Para que pudesse prosseguir em garantia, tornou-se belicoso e desconfiado, desenvolvendo o instinto de conservação, desde o aprimorar do olfato até à percepção intuitiva do perigo.
Desenhadas no seu mundo interior essas necessidades básicas, indispensáveis à vida, entrega-se a uma luta incessante, feita, muitas vezes, de sofrimentos sem termos, por lhe faltarem reflexão e capacidade de identificação do real e do secundário.
Aprisionado no círculo estreito dessas necessidades, mesmo quando intelectualizado, sua escala de valores permanece igual, sem haver sofrido a alteração transformadora de objetivos e conquistas. Todas as suas realizações podem ser resumidas nesses princípios fisiológicos, inferiores, de resultado imediato e significado veloz.
Atormenta-se, quando tem tudo organizado e em excesso, dominado pelo medo de perder, de ser usurpado, e atira-se na volúpia desequilibrada de querer mais, de reunir muito mais, precatando-se contra as chamadas incertezas da sorte e da vida. Se experimenta carência, porque não conseguiu amealhar quanto desejaria, a fim de desfrutar de segurança, aflige-se, por perceber-se desequipado dos recursos que levam à tranqüilidade, em terrível engodo de conceituação da vida e das suas metas.
Ninguém pode viver, sem o mínimo de recursos materiais, uma existência digna, social e equilibrada. Mas, esse mínimo de recursos pode atender e sustentar outros valores psicológicos, superiores, que situam o ser acima das circunstâncias oscilantes do ter e do deixar de ter.
A grande preocupação deverá ser de referência a como conduzir-se diante dos desafios da sua realidade, não excogitada como essencial para a própria auto-identificação, auto-realização integral.
A luta cotidiana produz resultados imediatos, que contribuem para atender as necessidades básicas da existência, mas é indispensável alongar-se na conquista de outras importantes exigências da evolução, que são as de natureza psicológica, que transcendem lugar, situação, posição ou poder.
Enquanto um estômago alimentado propicia reconforto orgânico, uma conversação edificante com um amigo faculta bem-estar moral; uma propriedade rica de peças raras e de alto preço oferece alegria e concede comodidade, mas um momento de meditação enriquece de paz interior inigualável; o apoio de autoridades ou guarda-costas favorece segurança, em muitos casos, entretanto a consciência reta, que resulta de uma conduta nobre, proporciona tranqüilidade total; roupas expressivas e variadas ajudam na aparência e agradam, no entanto, harmonia mental e correção de trato irradiam beleza incomum; o frenesi sexual expressa destaque na vida social, todavia, o êxtase de um momento de amor profundo compensa e renova o ser, vitalizando-o; a projeção da comunidade massageia o ego, mas a conquista do si felicita interiormente.
As necessidades básicas fisiológicas são sempre acompanhadas de novas exigências, porque logo perdem a função. Aquelas de natureza psicológica superior se desdobram em variantes inumeráveis, que não cessam de proporcionar beleza.
Por isso mesmo, a realidade do ser está além da sua forma, da roupagem em que se apresenta, sendo encontrada nos valores intrínsecos de que é constituído, merecendo todo o contributo de esforço emocional e moral para conseguir identificar-se.
Somente aí a saúde se torna factível, o bem se faz presente e os ideais de enobrecimento da sociedade como da própria criatura se tornam legítimos, de fácil aquisição por todo aquele que se empenha na sua conquista.
Do livro: VIDA: DESAFIOS E SOLUÇÕES
DIVALDO P. FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
3 comentários:
Oi Denise obrigado pela visita e carinho, lindo esse seu post uma realidade incrivel de nosso mundo atual parabens, pelo blog, pelos posts e pela divulgação de nossa doutrina, bjs no coração, abraço fraterno e um desejo de muita LUZ em sua vida.
Vanderlei
Bom dia Denise, concordo com você, como seria um mundo muito mais justo se soubessemos somente amar ao proximo.. bjs e obrigada pelo seu carinho...
Uma ótima semana para você... bjs
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