Os conflitos psicológicos se instalam sempre nas pessoas imaturas, que da vida conhecem e valorizam apenas as sensações, desejando, em particular, as agradáveis, sem levar em consideração as outras, que resultam de desordens de variada natureza.
A raiva é um fator de freqüentes conflitos, que aparece repentinamente, provocando altas descargas de adrenalina na corrente sanguínea, alterando o equilíbrio orgânico e, sobretudo, o emocional.
Ninguém deve envergonhar-se ou conflitar-se por ser vítima da raiva, fenômeno perfeitamente normal no trânsito humano. O que se deve evitar são escamoteamento dela, pela dissimulação, mantendo-a intacta; o desdobramento dos seus prejuízos pelo remoer do fator que a gerou; a autocompaixão, por sentir-se injustiçado; o desejo de revide mediante a agressividade ou acompanhando o deperecer, o sofrimento do antagonista.
Quando algo ou alguém se choca com o prazer, o bem estar de outrem, ou afeta o seu lado agradável, desencadeia-lhe instantaneamente a chispa da raiva, que se pode apagar ou atear incêndio, dependendo da área que atinja. O ideal será permitir que a descarga voluptuosa e abrasadora tombe sobre material não inflamável, logo desaparecendo sem deixar vestígios.
A sensação da raiva atual tem as suas raízes em conflitos não digeridos, que foram soterrados no subconsciente desde a infância e ressurgem sempre que alguma vibração equivalente atinge o fulcro das lembranças arquivadas. Quando tal ocorre ressumam, inconscientemente, todos os incidentes desagradáveis que estavam cobertos com a leve camada de cinza do esquecimento, no entanto, vivos.
A raiva instala-se com facilidade nas pessoas que perderam a auto-estima e se comprazem no cuidado pela imagem que projetam e não pelo valor de si mesmas. Nesses casos, a insegurança interior faculta a irrascibilidade e vitaliza a dependência do apoio alheio. Instável, porque em conflito, não racionaliza as ocorrências desagradáveis, preferindo reagir – lançamento de uma cortina de fumaça para ocultar a sua deficiência – a agir, afirmando a sua autenticidade.
Toda vez que a raiva é submetida a pressão e não digerida, produz danos no organismo físico e no emocional. No físico, mediante distúrbios do sistema vagosimpático, tais como indigestão, diarréia, acidez, disritmia, inapetência ou gluteneria – como autopunição. No emocional, nervosismo, amargura, ansiedade, depressão.
Muitas raivas que são ingeridas a contragosto e não eliminadas desde a infância, em razão de métodos castradores da educação, ou agressividade do grupo social, ou necessidades sócio-econômicas, podem desencadear tumores malignos e outros de graves efeitos no organismo, alterando a conduta por completo.
O Poder Supremo criou a vida como bênção e o ser para fruí-la. Nas Leis Soberanas não existe um só item punitivo ou gerador de violência, tudo contribuindo para a harmonia geral, inclusive as ocorrências que parecem desconcertantes.
(continua)
Do livro: AUTODESCOBRIMENTO UMA BUSCA INTERIOR
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
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