Havia um garoto que, nos seus quase oito anos, adquirira um hábito
nada salutar. Tudo para ele se resumia em dinheiro. Queria saber o preço de
tudo o que via. Se não custasse grande coisa, para ele não tinha valor algum.
Nem se apercebia o pequeno que há muitas coisas que dinheiro algum
compra. E dentre essas coisas, algumas são as melhores do mundo.
Certo dia, no café da manhã, ele teve o cuidado de colocar sobre o
prato da sua mãe um papelzinho cuidadosamente dobrado. A mãe o abriu e leu:
Mamãe me deve: por levar recados - três reais; por tirar o lixo -
dois reais; por varrer o chão - dois reais; extras - um real. Total que mamãe
me deve: oito reais.
A mãe espantou-se no primeiro momento. Depois, sorriu, guardou o
bilhetinho no bolso do avental e não disse nada.
O garoto foi para a escola e, naturalmente, retornou faminto.
Correu para a mesa do almoço.
Sobre o seu prato estava o seu bilhetinho com os oito reais. Os
seus olhos faiscaram.
Enfiou depressa o dinheiro no bolso e ficou imaginando o que
compraria com aquela recompensa. Mas então, percebeu que havia um outro papel
ao lado do seu prato. Igualzinho ao seu e bem dobrado.
Abriu e viu que sua mãe também lhe deixara uma conta.
Filhinho deve à mamãe: por amá-lo - nada. Por cuidar da sua catapora
- nada. Pelas roupas, calçados e brinquedos - nada. Pelas refeições e pelo
lindo quarto - nada. Total que filhinho deve à mamãe - nada.
O menino ficou sentado, lendo e relendo a sua nova conta. Não
conseguia dizer nenhuma palavra. Depois se levantou, pegou os oito reais e os
colocou na mão de sua mãe.
A partir desse dia, ele passou a ajudar sua mãe por amor.
* * *
Nossos filhos são Espíritos que trazem suas virtudes e suas
paixões inferiores de outras existências. Cabe-nos examiná-las para auxiliá-los
na consolidação das primeiras e no combate às segundas.
Todo momento é propício e não deve ser desperdiçado.
As ações são sempre mais fortes que as palavras.
Na condução dos nossos filhos, cabe-nos executar a especial tarefa
de agir sempre com dignidade e bom senso, o que equivale a dizer, educar-nos.
Com exceção dos filhos extremamente rebeldes, uma boa dose de amor
somada à energia, sempre dá bons resultados.
* * *
É no lar que recebemos os primeiros ensinamentos sobre as
virtudes.
Na construção do senso moral, dos conceitos de certo e errado são
muito importantes os exemplos dados pelos pais.
É no doce mundo familiar que se adquire o hábito da virtude que
nos guiará as ações quando sairmos mundo afora.
Fonte: Jornal Mundo
Maior – www.jornalmundomaior.com.br
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