O medo da rejeição leva muitos corações a alimentarem complexa obsessão em relação à opinião alheia sobre seus feitos, exigindo devotada reeducação dos sentimentos na busca da auto-estima que estabelecerá, paulatinamente, a segurança, a autoconfiança. Noutros casos, de forma oposta a esse medo, a indiferença à emissão de conceitos em torno de nossa personalidade é o resultado da invigilância e da vaidade.
Saber julgar os apontamentos sobre nós conferindo-lhes valor exato é exercício de humildade e bom senso no aprendizado da vida intrapessoal.
As pessoas maduras, que se amam verdadeiramente são autoconfiantes, sem auto-suficiência, sabem o valor real da participação alheia e permitem-na somente até o ponto em que são úteis ao progresso pessoal, quando externado e com respeito e lealdade. Para tais pessoas, a maledicência é atestado de incapacidade moral e imaturidade emocional.
Porque não aprendemos ainda o auto-amor, costumamos esperar as compensações e favores do amor alheio, permitindo um nível de insegurança e dependência dos outros face ao excessivo valor que depositamos no que eles pensam sobre nós.
O medo de ser rejeitado ou não aceito é um resquício fortemente gravado no psiquismo pelas experiências infantis ou por complexos adquiridos em outras existências. Crenças de desvalor a si próprio, consolidadas na mente da criança e do adolescente, refletem agora na adultidade como seqüelas dolorosas e inibidoras, provocando sentimentos de inutilidade e culpa, gerando a autocensura, a autopiedade e uma terrível síndrome de ser culpado pelo mundo estar como está, ainda que muitas situações nada tenham a ver com suas movimentações existenciais.
A auto-estima é fator determinante das atitudes humanas. Quando ela escasseia, a criatura estará sempre escrava de complexos inferiores atormentantes, por mais pródigas que sejam as vantagens de sua vida, cultivando hábitos que visam camuflar seus supostos males para que outros não os percebam.
Não logrando sempre ludibriar através dessa maquiagem, quando se percebe avaliada ou reconhecida em suas realidades, torna-se revoltada, indefesa, deprimida e ofendida. Essa situação tem um limite suportável até o ponto em que as decisões e ações começam a ser comprometidas por estranhas formas de agir, que podem estabelecer episódios neuróticos de gravidade, com estreitos limites com as psicoses.
Assinalemos ainda que, nos bastidores de variados casos, surgem as interferências espirituais dilatando o sofrimento desses corações, acentuando-lhes o sentimento de desmerecimento, de rejeição e desânimo, inspirando idéias nefandas e escolhas enfermiças.
As opiniões sobre nós são valorosas e merecem ouvidos atentos, quando se tornam críticas construtivas. E uma crítica para ser construtiva requer sinceridade fraterna, sentimento de solidariedade e que critica para ajudar apresenta alternativas de melhoria ou solução; afora isso podem não passar de palavras a esmo, mordacidade sistemática, maledicência ou inveja.
Convém-nos muita atenção a esse processo delicado do conviver, porque as expectativas que nutrimos, enquanto companheiros de lides, são muito elevadas unas para com os outros, vindo a constituir pesado ônus nos relacionamentos doutrinários. Em nossos ambientes, porque cultivamos o hábito da fraternidade e da indulgência, não devemos fugir do dever de orientar e corrigir os que partilham conosco das bênçãos do aprendizado.
O personalismo é uma lente de aumento que procura dilatar nossos valores e uma nuvem que busca ofuscar nossas imperfeições, tornando-se entrave à opinião sincera em razão de insuflar o melindre e a mágoa. Afogados em queixumes e desapontamentos algumas pessoas não esperavam serem avaliados em seus defeitos no centro espírita. Todavia, é preciso distinguir o que seja uma correção para denegrir e outra para crescer, sem deixar de lado a sinceridade e a sensatez.
As opiniões alheias são extenso e valoroso recurso de crescimento e não devemos menosprezá-las nunca, ainda mesmo quando constituam excessos, porque assim nos auxiliam a conhecer melhor quem as emitiu, servindo para estipular nossa própria opinião sobre o outro com juízo fraternal, distante da influência nociva da inferioridade que ainda carreamos nos caminhos da evolução.
O cultivo do afeto entre nós, não dispensa a opinião sincera e que, tendo por objetivo a melhoria e o esclarecimento devem ser emitidas de forma a elevar a auto-estima, transformando o medo de rejeição em um novo e agradável sentimento de segurança e amizade cristã.
Do livro: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
Um comentário:
As opiniões alheias são exercícios de humildade e tolerância pois, dependendo das opiniões , pode nos lesar do mesmo jeito.
Realmente depende de nós termos a nossa auto-valorização e estima.
Um beijo, Anjo!!!!
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