Outras carências surgem como ilusões da vida moderna estimuladas pela mídia e pelos costumes, exigindo verdadeiros imperativos de reeducação e controle para não levarem a padecimentos desnecessários, voluntários.
As matrizes profundas da carência podem ser encontradas no subconsciente. É o vício milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruísta suficiente para amar. Resulta de uma construção lenta e gradual com bases no egoísmo.
Solidão, ciúme, dependência, escassa auto-estima, complexo de inferioridade, insegurança, fantasias, atrações proibidas, impulsos mentais permissivos, ambivalência sexual, depressões, patologias corporais e outros tantos quadros de sofrimento podem decorrer dessa tormentosa vivência da prisão emocional – reflexos fidedignos das atitudes inconseqüentes e levianas de outrora. E nos bastidores de todas essas tormentas está o espírito carente atestando sua incapacidade de amar, exigindo atenção e cristalizando-se no apego ou alimentando o ciúme, em conflituosas crises de possessividade.
O carente é um doente que deseja ardentemente amar sem conseguir. Não conseguindo, passa a exigir ser amado, criando relações complicadas e frágeis; é alguém à míngua de amor, um constante cultivador da esperança de ser compensado. Sua experiência revela facetas ignoradas de si próprio.
A carência surge quando desconectamos o mundo dos sentimentos daquilo que realmente preenche e gratifica, priorizando o falso conceito de realização estipulado pela sociedade. A convivência vai moldando na mente alguns modelos de vida e, porque se torna um caminho comum na maioria, mesmo que não atenda a nossos mais íntimos pendores e aspirações, deixamo-nos levar por essa influência, negando o que sentimos e fazendo o que os outros pensam que devemos fazer, ou ainda aquilo que pensamos que devemos fazer.
A alma carente é alguém em débito perante sua própria consciência. Essa realidade da subjetividade humana é percebida na intimidade através de sentimentos de baixa estima, vergonha, incapacidade, autopiedade, que levam o ser a se estiolar nos complexos de culpa de múltiplas variações.
Nada na criação foi gerado com carências e tudo foi criado para pulsar para fora. Porém, nossa infidelidade e rebeldia aos códigos Divinos ensejaram os caminhos da escassez. Carência em termos do espírito não é somente aquilo que falta, mas o resultado em forma de desajuste comprado a preço de irresponsabilidade.
Todos temos o que precisamos e merecemos na vida, e se não concordamos com esse alvitre da Lei Divina cabe-nos, a todo instante, o direito de tentar melhorar nosso existir trabalhando pela melhoria que aspiramos. E somente nesse afã de lutar pelo que idealizamos, no limite de nossas forças, é que saberemos o que nos reserva a vida no rol das experiências de cada dia, eliminando assim algumas carências que dependem do nosso esforço na caminhada de aperfeiçoamento. Para triunfar nesse mister, somente amando e servindo.
Do livro: MEREÇA SER FELIZ – Superando as ilusões do orgulho
Wanderley S. de Oliveira – Espírito Ermance Dufaux
2 comentários:
Estamos em busca sempre, beijo Lisette.
Gostei, Muito bonito este texto.
Abraços, Sueli
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