O significado do termo maldade tem conexão com a
qualidade daquele ou daquilo que é mau, com a ação maligna, a iniquidade e a
crueldade. Mas por que alguns têm atrativo pela perversidade? O tema sempre
inquietou os pensadores dos mais diversos campos do saber e da ação humana:
filosofia, ciência, arte, religião.
Historicamente, segundo alguns modelos previsíveis,
os males humanos pareciam não mais destinados a preocupar os pensadores, pois
que a maldade parecia ser circunscrita. Para alguns estudiosos o holocausto,
durante a Segunda Grande Guerra, reacendeu-se o debate sobre os limites da
barbárie, da perversidade humana, lançando no universo intelectual europeu e
mundial uma onda de pessimismo e ceticismo.
Hanna Arendit, filósofa judia, que estudou as
questões do mal, escreveu o livro Eichmann em Jerusalém, que analisa o
julgamento do verdugo nazista, mentor da morte de milhares de pessoas. Tendo
como referencial o caso Eichmann, a autora justifica que o mal pode tornar-se banal
e difundir-se pela sociedade como um fungo, porém apenas em sua superfície.
Para Arendt, as raízes do mal não estão definitivamente instaladas no coração
do homem e por não conseguirem penetrá-lo profundamente a ponto de fazer nele
morada, podem ser extirpadas.
Para muitos, o mal seria mais forte que o bem, e que
os Espíritos do mal estariam conseguindo sobrepujar os Benfeitores espirituais,
frustrando-lhes os desígnios superiores. Em que pese a antiga tradição de tais
assertivas, elas são insustentáveis e falsas; diríamos mesmo absurdas. Admitir
o triunfo do maligno a prejuízo da humanidade é o mesmo que negar ao Senhor da
Vida os atributos da onisciência e da onipotência, sem os quais não poderia ser
o Senhor da Vida.
O mal não advém dos Estatutos do Todo-Poderoso como
concebem alguns incautos, especialmente aqueles que vivem distanciados do
entendimento da Boa Nova. O mal é transitório, não tem raízes. Para o
Espiritismo o mal é criação do próprio homem e não tem existência senão
temporária, transitória, pois no arranjo maior da Vida não tem sentido a
permanência do mal. No capítulo em que trata da escala espírita, o Codificador,
ao situar os Espíritos imperfeitos na terceira ordem, traça como seus
caracteres gerais “Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão para o
mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são
consequentes”. (Livro dos Espíritos – 89)
(continua)
Jorge Hessen
Fonte: Jornal
Espiritismo Estudado – maio/2015
imagem: google
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