(J. Herculano Pires)
Pensamos geralmente que a herança biológica é a determinante dos temperamentos
e caracteres. O Espiritismo nos mostra que a natureza humana é espiritual e não
material. Assim, o que determina a condição do homem é a sua essência e não a
sua forma, o seu Espírito e não o seu instrumento de manifestação corpórea. As
famílias são aglomerados de Espíritos afins que estabelecem, nas encarnações
sucessivas, a linha da hereditariedade biológica.
Cada espírito que se encarna traz em si mesmo a sua personalidade
já formada em encarnações anteriores. As semelhanças de características psíquicas
e morais entre pais, filhos e outros descendentes não provém da carne, mas do
Espírito. Cada ser humano é o que ele é por si mesmo. Há, portanto, um paralelismo
cartesiano entre hereditariedade e afinidade. Admitindo-se isso, que hoje é
considerado com atenção em grandes centros de pesquisas cientificas, é fácil compreendermos
a necessidade de independência não apenas social, mas também afetiva, para os
filhos que se emanciparam e especialmente para os
que constituíram a sua própria família.
As afinidades espirituais não implicam dependência e sujeição,
porque cada Espírito é o responsável direto pela sua evolução. Os pais são
responsáveis pelos filhos no tocante à orientação que lhes fornecem pelos
exemplos e pela educação. Mas não podem querer sujeitá-los as suas ideias e
formas de vida.
Afinidade não quer dizer identidade. Gostamos de nos reunir com
pessoas afins porque nos entendemos melhor com elas, mas nem por isso pensamos
e vivemos exatamente da mesma maneira. Se assim fosse, a evolução teria de
estagnar. Nossos filhos mais afins, mais ligados a nós, podem tomar caminhos diferentes
do nosso. E devemos respeitar-lhes o desejo de novas experiências, sem que isso
importe em rompimento conosco. Cada Espírito deve ter a jurisdição de si mesmo.
É por isso que Emmanuel nos lembra o amor sem apego, sem intenções
de sujeição, para que não criemos problemas a liberdade de ação e de experiências
dos filhos casados. Devemos ampará-los, auxiliá-los e não torturá-los com as
nossas exigências egoístas.
Fonte: Na Era do
Espírito – Chico Xavier/José Herculano Pires
imagem: google
Um comentário:
De fato , isto é uma grande verdade. Um abraço.
Élys.
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