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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

SALVACIONISMO - UM CICLO PERVERSO

                Uma entre muitas táticas de autocondenação que utilizamos, de forma consciente ou não, faz isso da seguinte armadilha psicológica: ter a pretensão de mudar o que não está em nosso alcance mudar. Ela gera um ciclo perverso denominado drama dos salvacionistas.
                Esse ciclo perverso representa o padrão psíquico que reproduzimos incansavelmente com pessoas difíceis e problemáticas que estiver à nossa volta.
                O ciclo consiste nos papéis de salvador, vítima e atormentador, que se repetem num espaço de tempo que varia de pessoa para pessoa. São ações recorrentes de caráter psicológico que começam e terminam com a mesma atitude. Por exemplo: ora a criatura tenta salvar, ora se vitimiza, ora atormenta, e assim, ela retorna a esses mesmos papéis, intercalando-os sucessivamente.
                Os salvadores de almas são aqueles que tentam a qualquer preço resgatar as pessoas de um conflito ou de uma situação crítica. Importante dizer que não estamos nos referindo a atos de compaixão, bondade ou amor verdadeiros.
                Na primeira etapa do ciclo perverso, assumimos o papel propriamente dito do salvador.
                À medida que assistimos, socorremos ou defendemos desesperadamente as pessoas, podemos registrar uma ou mais das seguintes sensações:
  • Pena, por acreditarmos que o indivíduo que estamos auxiliando é indefeso, impotente e incapaz de, sozinho, realizar algo.
  • Culpa, por não termos capacidade e competência suficientes para resolver o conflito alheio.
  • Santidade, por acreditarmos que temos um compromisso espiritual para amenizar as dores de outrem.
  • Ansiedade, por querermos recuperar, da noite para o dia, todo o bem perdido pelo infeliz, devolvendo-lhe a alegria de viver.
  • Raiva, por termos sido colocados diante do dilema do outro e por nos forçarem a fazer coisas que, no fundo, sentimos não ter poder nem meios para executá-las.
  • Medo, diante da enorme responsabilidade de resgatar alguém do emaranhado em que se encontra.
  • Frustração, por não percebermos alinha tênue que demarca o limite entre ajudar e forçar/invadir, entre caridade e salvacionismo.
Com o passar do tempo, julgamos ter reabilitado a criatura a quem ajudamos tão bondosamente; no entanto, constatamos que ela não se comporta como aconselhamos ou orientamos e não segue os ensinos e idéias que lhe oferecemos de forma desprendida e fraternal. Nem ao menos demonstra um gesto sequer de gratidão pelos benefícios recebidos, despreza nossa total dedicação em seu favor.
A partir desse momento, seguiremos automaticamente para a segunda etapa do ciclo perverso: o da vítima.
        Sentimos autopiedade e nos vestimos com o manto da vítima: fomos usados, feridos, estamos impotentes, arrependidos, abandonados, cansados, envergonhados e depressivos. Fomos humilhados, tratados como algo sem importância, outra vez. Só queríamos ajudar, fazer o bem ou – quem sabe? – resgatar débitos do passado e mesmo afastar os espíritos obsessores.
        Na terceira etapa, é inevitável e previsível que o papel a ser assumido é o do atormentador. Nesse período encerra-se e, ao mesmo tempo, se reinicia o ciclo do salvacionista.
        De forma inconsciente ou não, nos sentimos abalados, magoados e ressentidos com o indivíduo a quem socorremos tão prontamente.
        Tentamos solucionar seus problemas, dissemos sim quando queríamos dizer não, esquecemos de nós para pensar nas suas dificuldades, gastamos muita energia e nos sentimos exauridos; deixamos de lado nosso tempo de descanso e compromissos importantes e ficamos profundamente raivosos pela incompreensão alheia.
        Depois de nos sentirmos furiosos, quando constatamos que nada do que fizemos chegou a se concretizar como era esperado, partimos, mecanicamente, para a fase seqüencial do processo psicológico.
        Desconsolados, nos perguntamos: por que isso está sempre acontecendo comigo? E respondemos para nós mesmos: as pessoas são ingratas, a sociedade é cruel, o mundo é assim mesmo!
        Todos temos a tendência de culpar o mundo por nossas ações, comportamentos, emoções e sentimentos inadequados. Justificamos nosso desalento acusando indiscriminadamente a tudo e a todos, no entanto precisamos assumir inteira responsabilidade pelo que está acontecendo em nossa vida.
        Devemos nos perguntar: o que realmente fizemos para estar infelizes e frustrados? O que temos que modificar em nossas ações e comportamentos para sermos mais felizes e nos realizarmos?
        Até quando perpetuaremos esse ciclo perverso, vivendo a tragédia dos salvacionistas? Já é hora de reconhecermos que reside em nós a fonte que determina e controla nossos atos e atitudes, ações e reações.
        Na verdade, esse esquema mental de querer forçar a mudança de sentir, pensar e agir dos outros nos levará a descuidar da própria existência e a viver um constante estado de inadequação.
        A conta que devemos fazer não é aquela das vezes em que realmente ajudamos e não fomos correspondidos, e sim das vezes em que não nos condenamos nem nos agredimos, mas reconhecemos nossos atos contraditórios e pretensiosos diante do grau evolutivo das pessoas. 
        Não devemos nem podemos forçar ninguém a mudar de atitudes. Em realidade, só podemos modificar a nós mesmos.
        A fé esclarecida e raciocinada proporciona ao seu possuidor o controle da própria vida, não a dos outros.
        Repetir e validar o ciclo perverso do salvacionista – cuidar e proteger sem limites, depois se vitimizar, acreditando que é desventurado, que foi usado enganado, e, mais além, atormentar, perseguir e criticar por estar profundamente irado e ressentido – é a atitude de todo aquele que se condena na decisão que toma.
        Ter fé esclarecida é auscultar e perceber as verdadeiras intenções da Divina Providência, que age em tudo o que existe, e observar que tudo está absolutamente certo, ainda que, temporariamente, não possamos reconhecer a vantagem e o proveito com clareza e nitidez.
        Tudo que existe no Universo tem sua razão de ser, nada está errado conosco. Não há nada a corrigir ou consertar em nós ou nos outros, a não ser melhorar a nossa forma de ver tudo e todos.

Do livro: UM MODO DE ENTENDER, UMA NOVA FORMA DE VIVER
Francisco do Espírito Santo Neto – Espírito Hammed                    

Glitter Symbols - ImageChef.com

3 comentários:

Elaine Figueira disse...

olá,

tem um selinho em meu blog pra você que você amarará. Passe lá.

bjs

espaço esplendoroso disse...

Olá Denise.
Como vimos não é fácil, precisamos cuidar para não cair nas contradições de nossas atitudes. Dicernir o que faço pela vontade sincera, quando ofereço minha ajuda, a quem necessitar sem contudo esperar recompensas. Bjs.

Aprendendo a falar de Amor disse...

As pessoas começam a entender que Deus não criou nada para dar errado...muito menos seus filhos...