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CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 11 de maio de 2011

A HORA FINAL I

                As sensações que precedem e se seguem à morte são infinitamente variadas e dependentes sobretudo do caráter, dos méritos, da elevação moral do espírito que abandona a Terra. A separação é quase sempre lenta, e o desprendimento da alma opera-se gradualmente. Começa, algumas vezes, muito tempo antes da morte, e só se completa quando ficam rotos os últimos laços fluídicos que unem o perispírito ao corpo. A impressão sentida pela alma revela-se penosa e prolongada quando esses laços são mais fortes e numerosos. Causa permanente da sensação e da vida, a alma experimenta todas as comoções, todos os despedaçamentos do corpo material.
                Dolorosa, cheia de angústias para uns, a morte não é, para outros, senão um sono agradável seguido de um despertar silencioso. O desprendimento é fácil para aquele que previamente se desligou das coisas deste mundo, para aquele que aspira aos bens espirituais e que cumpriu os seus deveres. Há, ao contrário, luta, agonia prolongada no espírito preso à Terra, que só conheceu os gozos materiais e deixou de preparar-se para essa viagem.
                Entretanto, em todos os casos, a separação da alma e do corpo é seguida de um tempo de perturbação, fugitivo para o espírito justo e bom, que desde cedo despertou ante todos os esplendores da vida celeste; muito longo, a ponto de abranger anos inteiros, para as almas culpadas, impregnadas de fluidos grosseiros. Grande número destas últimas crê permanecer na vida corpórea, muito tempo mesmo depois da morte. Para estas, o perispírito é um segundo corpo carnal, submetido aos mesmos hábitos e, algumas vezes, às mesmas sensações físicas como durante a vida terrena.
                Outros espíritos de ordem inferior se acham mergulhados em uma noite profunda, em um completo insulamento no seio das trevas. Sobre eles pesa a incerteza, o terror. Os criminosos são atormentados pela visão terrível e incessante das suas vítimas.
                A hora da separação é cruel para o espírito que só acredita no nada. Agarra-se como desesperado a esta vida que lhe foge; no supremo momento insinua-se-lhe a dúvida; vê um mundo temível abrir-se para abismá-lo, e quer, então, retardar a queda. Daí, uma luta terrível entre a matéria que se esvai, e a alma, que teima em reter o corpo miserável. Algumas vezes, ela fica presa até à decomposição completa, sentindo mesmo, segundo a expressão de um espírito, “os vermes lhe corroerem as carnes”.
                Pacífica, resignada, alegre mesmo, é a morte do justo, a partida da alma que, tendo muito lutado e sofrido, deixa a Terra confiante no futuro.
                Para esta, a morte é a libertação, o fim das provas. Os laços enfraquecidos que a ligam à matéria, destacam-se docemente; sua perturbação não passa de leve entorpecimento, algo semelhante ao sono.

Do livro: Depois da Morte – Léon Denis

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