Para evoluirmos de uma forma suave e gradativa, realizando o amor por escolha consciente e não por obrigação, é necessário aceitar as negatividades do ego em nós mesmos, para, no momento certo, dar-lhe destinação adequada.
Sabemos que os sentimentos egóicos negativos são apenas uma forma de energia, na qual está ausente o valor essencial correspondente, sendo as máscaras a repressão deles.
Analisemos os sentimentos: orgulho, egoísmo, ansiedade. Eles são apenas nomenclaturas para que identifiquemos a ausência de valores essenciais.
Eles não são reais. Não podemos dizer que eles não existem, mas não são reais, no sentido de que o real é o permanente, é o Essencial. Eles são ausência. Dentro do conceito da impermanência, da transitoriedade, por mais que haja orgulho, egoísmo e ansiedade em nós, de um ponto de vista transcendente, todos vamos nos libertar desses sentimentos, apesar de que na visão não energética, eles se tornam reais naquele momento, gerando a densificação do ego.
Mas ao longo do tempo, eles tendem a desaparecer, porque o ego é aquele que não pé, ou seja, todos os sentimentos egóicos serão transmutados pelos sentimentos essenciais correspondentes.
Todos esses sentimentos egóicos não são, mas estão, porque são a ausência do exercício dos valores que nos compõem na essência.
O que queremos colocar é a questão da ausência, do não ser, mas estar. O não estado é permanente, é transitório. O orgulho é a ausência do valor de ser humilde. O egoísmo é a ausência da virtude do altruísmo. A ansiedade é a ausência de serenidade. Quando estamos tímidos no exercício do ser, vivemos o irreal do não-ser. O ego é apenas o não-movimento do Ser Essencial.
Quando o Ser Essencial não ego, é o ego que não se situa. A partir do momento que vamos desenvolvendo a luz da essência, isto é, os sentimentos da humildade, do altruísmo, da fraternidade, da compaixão, da serenidade, os sentimentos negativos vão desaparecendo.
Ao contrário, se não aceitamos essa condição, criamos um fardo pesado a ser carregado que são as negatividades egóicas disfarçadas em virtudes, gastando muita energia desnecessariamente na manutenção dessa divisão interna, que apenas nas retarda a marcha.
Todo esse conflito surge devido ao eu idealizado ser diferente do eu real. É fundamental que desenvolvamos um eu ideal como modelo, apenas como referencial e não como uma exigência.
O problema começa quando exigimos a idealização de forma abrupta. Aí, a idealização se torna ilusão.
Toda modelagem inicia-se quando produzimos uma idéia e, a partir daí, sentimos, gerando emoções e, posteriormente, realizamos, por meio dos nossos comportamentos, tornando concretos os pensamentos através de atitudes. As idéias podem surgir em duas fontes: no Ser Essencial ou no ego.
Quando os pensamentos surgem no Ser Essencial, os sentimentos que são estimulados, são os essenciais, originários da energia do amor, produzindo comportamentos equilibrados. Ao contrário, quando estes surgem no ego, a partir de uma crença limitadora, estimulam as negatividades do ego, originadas do desamor, ou mascaradas, originadas do pseudo-amor, gerando comportamentos desequilibrados.
Quando idealizamos situações que podemos realizar e nos esforçamos para conseguí-las, estamos agindo em conformidade com o Essencial em nós mesmos. Ao contrário, quando idealizamos de forma ilusória, questões que ainda não conseguimos realizar e passamos a fingir que as realizamos, num jogo de faz-de-conta, estamos simplesmente cultivando a idealização egóica, falsa em si mesmo.
Portanto, a partir do estudo dos processos de idealização e realização, vamos entender muitos dos conflitos pelos quais os seres humanos passam, ao longo de sua trajetória de vida.
PSICOTERAPIA À LUZ DO EVANGELHO DE JESUS
Alírio de Cerqueira Filho
Um comentário:
O interessante é como ficamos estagnados devido a estes sentimentos que valorizamos tanto que concordo com este estudo....é a ausencia de outro mais nobre.
Desejo que você tenha uma ótima semana
Abraços
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