O sofrimento estrutura-se nos painéis da consciência, conforme o nível ou patamar de lucidez em que se expressa. Do asselvajado, automático, ao martírio por abnegação; desde o grosseiro e instintivo ao profundo, racional, as tecelagens da noção de responsabilidade trabalham a culpa, que imprime o imperativo da reparação como recurso inalienável de recuperação.
Instalam-se então os conflitos – quando há consciência de culpa – que se transferem de uma para outra reencarnação, dando surgimento aos distúrbios psicológicos que aturdem e infelicitam; ou desarticulam as sutis engrenagens do corpo perispiritual – o modelo organizador biológico – propiciando as anomalias congênitas – físicas e psíquicas -, as enfermidades mutiladoras; ou se instalam no ser profundo, favorecendo com as rudes aflições morais, sociais, financeiras, em carmas perturbadores, que dilaceram com severidade o ser.
Nesse complexo de acontecimentos, o amor é o antídoto eficaz para todo sofrimento, prevenindo-o, diminuindo-o ou mudando-lhe a estrutura.
A fatalidade da Lei Divina é a perfeição do espírito. Alcançá-la é proposta da vida. Como conseguir, é a opção de cada qu8al.
O amor é o sentimento que dimana de Deus e O vincula à criatura, aproximando-a ou distanciando-a de acordo com a resposta que der a esse impulso grandioso e sublime.
Nas suas manifestações iniciais, o amor confunde-se com os desejos e as paixões, tornando-se fisiológico ou do queixo para baixo. É egoístico, atormentante, imprevisível, apaixonado...
À medida que a consciência se desenvolve, sem que abandone as necessidades, torna-se psicológico, - do queixo para cima – mantendo os idealismos, diminuindo a posse, os arrebatamentos, e superando os limites egoístas. Lentamente ascende à escala superior, tornando-se humanitarista, libertador, altruísta.
Graças à sua ingerência nas ações, o que favorece o progresso constitui-lhe recurso para alterar as paisagens cármicas do espírito, modificando os painéis dos sofrimentos futuros – prevenido-os, diminuindo-os ou liberando-os – conforme a intensidade da sua atuação. Entretanto, á medida que o ser desperta para a sua realidade interior, o sofrimento muda de expressão e pode tornar-se um instrumento do próprio amor, qual ocorreu com Jesus Cristo, Francisco de Assis e outros que, sem quaisquer débitos a ressarcir, aceitaram-no, a fim de ensinarem coragem, resignação e valor moral...
Uma atitude mental afável, amorosa, é a melhor receita para o sofrimento, porquanto rearmoniza a energia espiritual que vitaliza o corpo e desconecta as engrenagens das doenças, que nelas se instalam como efeito dos distúrbios da consciência de culpa, defluente dos atos pretéritos.
A postura amorosa desperta a consciência de si mesmo, anilando os fluidos perniciosos que abrem campo à instalação das doenças incuráveis, portanto, dos sofrimentos dilaceradores.
A energia gerada por uma consciência em paz, favorável ao desdobramento do sentimento de amor profundo, é responsável pela liberação do sofrimento. Mesmo que, momentaneamente, as suas causas permaneçam, ele se torna um estímulo positivo para maior crescimento íntimo, não se fazendo afligente, embora um espinho na carne, como asseverou o Apóstolo Paulo, advertindo e guiando os movimentos na direção da meta final.
Desse modo, diante dos carmas extremos, o amor é o recurso exato para trabalhar a lei de compensação ou de causa e efeito, alterando-a para melhor ou dando-lhe o sentido de felicidade.
Do livro: AUTODESCOBRIMENTO UMA BUSCA INTERIOR
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis
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