A memória das coisas que viveram, dos atos que se cumpriram, não é condição necessária da existência.
O ser físico parece possuir dois estados de consciência,duas fases alternadas de existências que se encadeiam e se envolvem uma na outra. O esquecimento, como espessa cortina, divide cada vida terrestre das existências anteriores e da vida dos céus.
Se as impressões que a alma sente durante o decurso da vida atual, no estado de desprendimento completo, pelo sono natural,não podem ser transmitidas ao cérebro, deve-se compreender que as recordações de uma vida anterior sê-lo-iam mais dificilmente ainda. O cérebro não pode receber e armazenar senão as impressões comunicadas pela alma em estado de cativeiro na matéria. A memória só saberia reproduzir o que ele tem registrado.
Em cada renascimento, o organismo cerebral constitui para nós uma espécie de livro novo, sobre o qual se gravam as sensações e as imagens. Voltando à carne, a alma perde a memória de quanto viu e executou no estado de liberdade, e só tornará a lembrar-se de tudo quando abandonar de novo a sua prisão temporária.
O esquecimento do passado é a condição indispensável de toda prova e de todo progresso. O nosso passado guarda suas manchas e nódoas. Percorrendo a série dos tempos, devemos ter acumulado bastante faltas e iniqüidades. Libertos apenas ontem da barbaria, o peso dessas recordações seria acabrunhador para nós. A vida terrestre é difícil de suportar; ainda mais seria se, ao cortejo dos nossos males atuais acrescesse a memória dos sofrimentos ou das vergonhas passadas.
A recordação de nossas vidas anteriores não estaria também ligada à do passado dos outros?
Subindo a cadeia de nossas existências, o entrecho de nossa própria história, encontraríamos o vestígio das ações de nossos semelhantes.
As inimizades perpetuar-se-iam; as rivalidades, os ódios e as discórdias agravar-se-iam de vida em vida, de século em século. Os nossos inimigos, as nossas vítimas de outrora, reconhecer-nos-iam e estariam perseguindo-nos com sua vingança.
Bom é que o véu do esquecimento nos oculte uns aos outros, e que, apagando momentaneamente de nossa memória penosas recordações, nos livre de um remorso incessante. O conhecimento das nossas faltas e suas conseqüências, erguendo-se diante de nós como ameaça medonha e perpétua, paralisaria os nossos esforços, tornaria estéril e insuportável a nossa vida.
Sem o esquecimento, os grandes culpados, os criminosos céleres estariam marcados a ferro em brasa por toda a eternidade.
Quase todos temos necessidade de perdão e de esquecimento. A sombra que oculta as nossas fraquezas e misérias conforta-nos o ser, tornando-nos menos penosa a reparação. Depois de termos bebido as águas do Letes, renascemos mais alegremente para uma vida nova e desvanecem-se os fantasmas do passado. Transportando-se para um meio diferente, despertamos para outras sensações, abrem-se-nos outras influências, abandonamos com mais facilidade os erros e os hábitos que outrora nos retardaram a marcha. Renascendo sob a forma de criança, a alma culpada encontra em torno de si o auxílio e a ternura necessários à sua elevação. Ninguém cuida em reconhecer nesse ser fraco e encantador o espírito vicioso que vem resgatar um passado de faltas.
No termo de cada existência, essas recordações longínguas ressuscitam em tropel e saem da sombra. Avançamos passo a passo, tateando na vida; vem a morte e tudo se esclarece. O passado explica o presente, e o futuro ilumina-se mais claramente. Cada alma, voltando à vida espiritual, recobra a plenitude das suas faculdades. Para ela começa, então, um período de exame, de repouso, de recolhimento, durante o qual se julga a si mesma e avalia o caminho percorrido. Recebe opiniões e conselhos de espíritos mais adiantados. Guiada por eles, tomará resoluções viris, e, na ocasião propícia, escolhendo um meio favorável, baixará a um novo corpo, a fim de se melhorar pelo trabalho e pelo sofrimento.
Voltando à carne, a alma perderá ainda a memória das suas vidas anteriores, e bem assim a recordação da vida espiritual, a única verdadeiramente livre e completa, perto da qual a morada terrestre lhe pareceria medonha. Longa será a luta, penosos os esforços necessários para recuperar a consciência de si mesma e as suas potências ocultas; porém, conservará sempre a intuição, o sentimento vago das resoluções tomadas antes de renascer.
Do Livro: Depois da Morte – Léon Denis
3 comentários:
Voe......voe.....e seja feliz... De tudo o que existe, o mais importante está dentro de você.
São as suas qualidades de coragem, confiança e amor que querem brilhar, produzir resultados, dar-lhe saúde e paz.
Ponha-as em uso, visando realização, melhoria e pacificação, e verá fluírem de dentro como um pássaro restituído à liberdade.
Renove-se. Trabalhe com confiança. Aja com fé no dia de hoje e no de amanhã. Confie nas suas qualidades , porque são de Deus.
Tudo melhora por fora para quem melhora por dentro. Você é um pássaro preso quando prende as suas qualidades.
Por isso, voe, mas voe bem alto e verá do que você é capaz... Voe... voe... e Seja Feliz!!
(AD)
Voe e Seja Feliz!!
Que sua noite seja de muita paz, luz e lindos sonhos!!!
Bjs. no seu coração
Quando fazemos algo e temos a certeza que já fizemos em alguma época?
Já aconteceu e tinha certeza daquilo...
Seu blog é bonito e muito elucidativo.Não conheço a doutrina espírita mas como voce fala aqui ela deve se muito edificante.
Adorei seu blog e já estou seguindo.
Bjs
Teca
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