A princípio, no conflito que surge com a adolescência, o jovem não
se preocupa,
normalmente, com a posse nem com a realização interior, face aos apelos
externos que o convocam à tomada de conhecimento de tudo quanto o cerca.
Vivendo antes em um mundo especial, cujas fronteiras não iam além
dos limites
do lar e da família, no máximo da escola, rompem-se, agora, as barreiras
que o detinham, e surge um campo imenso, ora fascinante, ora assustador,
que ele deve conhecer e conquistar, a fim de situar-se no contexto de
uma sociedade que se lhe apresenta estranha, caprichosa, assinalada por costumes
e atitudes que o surpreendem. Os seus pensamentos primeiros são de
submeter tudo a uma nova ordem, na qual ele se sinta realizado e dominador,
alçado à categoria de líder reformista, que altere a paisagem vigente
e dê-lhe novos contornos. Lentamente, à medida que se vai adaptando aos
fatores predominantes, percebe que não é tão fácil operar as mudanças que
pretendia impor aos outros, e ajusta-se ao “modus operandi” existente ou contribui
para as necessárias e oportunas alterações por que passam os diferentes
períodos da cultura e do comportamento humano.
Observando que a sociedade contemporânea se baseia muito no poder e no
ter, predominando os valores amoedados e as posições de destaque, em uma
competitividade cruel e desumana, é tomado pela ânsia de amealhar recursos
para triunfar e programar o futuro de ordem material. Não lhe ocorrem as
necessidades espirituais, as de natureza ético-moral, porque tudo lhe parece
um confronto de oportunidades e de poderes que entram em choque, até
que haja predominância do mais forte. Por outro lado, dá-se conta da rapidez
com que passa o carro do triunfo e procura fruir ao máximo, imediatamente, toda
a cota possível de prazer e de destaque, receando o futuro, face ao exemplo
daqueles que ontem estavam no ápice e agora, após o tombo produzido pela
realidade, encontram-se esquecidos, perseguidos ou desprezados.
Somente alguns adolescentes, mais amadurecidos psicologicamente, que
procedem de lares equilibrados e saudáveis, despertam para a aquisição dos valores
íntimos, da conquista do conhecimento, dos títulos universitários com os quais esperam
abrir as portas da vitória mais tarde. Assim, empenham-se na busca dos tesouros
do saber, das experiências evolutivas, das realizações de crescimento íntimo,
lutando com denodo em favor do auto-aprimoramento e da auto-afirmação, no mundo
de contrastes e desaires. Nesses jovens, o ser tem um grande significado,
porque faz desabrochar os requisitos íntimos que estão dormindo e aguardam ser
convocados para aplicação e vivencia.
Nesse sentido, não se faz necessário ser superdotado. É mesmo comum encontrar
jovens com menos elevado QI, que conseguem, pela perseverança, pelo
exercício, a vitória sobre os impedimentos ao seu progresso, enquanto outros
mais bem aquinhoados deixam-se vencer pelos desajustes, sem o empenho
de superar as dificuldades. Porque reconhecem as facilidades de aprendizagem,
menosprezam o esforço que deve acompanhar todo trabalho de aquisição
de cultura ou qualquer outro recurso evolutivo, perdendo as excelentes
oportunidades que deparam, não vencendo a barreira do desafio para
o crescimento.
ADOLESCÊNCIA
E VIDA
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DI ÂNGELIS
3 comentários:
Olá Denise, muito bom esse trecho do livro do Divaldo, não tenho esse. Fica aí a reflexão para quem tem filhos adolescentes, como eu! Adorei!!
Beijinhos!!♥
Mais um excelente texto descrevendo com perfeição as realidades terrenas, decorrentes dos nossos comportamentos.
Um abraço. Tenhas uma boa noite.
A grande filosofia do espiritismo chega ser um desafio .
Leio postagens lindas e ricas em detalhes muitas vezes deixa de ler será em vão visitar um blog como o seu.
parabéns por conhecer tão bem esse
lado da vida .
Uma linda noite beijos,Evanir.
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