Um homem tinha dois filhos. Ambos
viviam com seu pai numa vinha que pertencia à família.
Um dia, pela manhã, o pai chamou o
menino mais velho e disse-lhe:
— Meu
filho, hoje não irás ao mercado da vila. Já fiz todas as compras necessárias.
Vai trabalhar na vinha.
O jovenzinho,
que era tido como um modelo de menino educado, pelas atenções que dispensava a
todos, respondeu com toda a delicadeza a seu pai:
— Sim,
meu pai, já vou.
A verdade, porém, é que prometeu,
mas não foi. Desejaria ir ao mercado, mas não trabalhar na vinha, colhendo
cachos e mais cachos de uvas. Ficou intimamente aborrecido com a ordem do pai,
mas, não quis desrespeitá-lo com palavras. E pensou consigo mesmo: “Desejaria
tanto ir ao mercado hoje... Lá me encontraria com Joel e Davi... E meu pai me
mandou catar bagos na vinha... Não, não irei. Disse que iria, mas não vou...
Não, não vou mesmo...
E não foi.
Na mesma hora, também, o pai chamou
o filho caçula, que era o desobediente da casa. Muito rebelde, era considerado
pelos vizinhos “uma pestezinha”, o oposto do irmão mais velho.
O pai
chamou-o, também, e disse-lhe:
— Meu
filho, não terás que acompanhar teu irmão ao mercado hoje. Já chegaram as
compras que fiz. Vai trabalhar na vinha.
O menino,
que era muito impulsivo, respondeu com muita aspereza ao pai:
- Eu, não...
Não quero trabalhar na vinha...
E correu. Entrando, instante depois,
em seu quarto, arrependeu-se das palavras brutas que disse ao paizinho tão
amigo e voltou a sala para pedir-lhe perdão. E foi, com a consciência
tranqüila, colher os cachos de uva nas lindas videiras de seu pai.
(Mateus, capítulo 21º,
versículos 28 a
32)
*
O filho
mais velho era um menino de bons modos, muito educado, atencioso, de finas
maneiras. Era considerado por todos um modelo de perfeita educação. Respondia e
falava sempre com muita cortesia e não magoava a ninguém com palavras. E assim
procedeu para com seu pai. intimamente, porém, era um rebelde, que só fazia o
que desejava, só gostava de atender à própria vontade e aos próprios caprichos.
Respondeu com delicadeza ao pai, mas, não obedeceu a ele. Era um rebelde “invisível”.
O segundo,
o caçula, não tinha as maneiras polidas do irmão. Era, muitas vezes, áspero de
linguagem, mas, no fundo, não era mau nem revoltado. Sabia reconhecer seus
erros, pedia perdão de suas faltas e acabava fazendo a vontade de seu pai.
No caminho de nossa perfeição
espiritual devemos proceder como o segundo menino da história. De nada nos
valerá conseguir a aparência de pessoa educada, caridosa e cristã, se
interiormente não desejarmos fazer a vontade de Deus.
O menino mais velho é o símbolo das
pessoas que aparentam muita decência, delicadeza e fé, mas, praticamente são desobedientes à
moral e à lei de Deus.
O menino caçula é o símbolo da alma
que é habituada ao erro e aos maus costumes, à desobediência e à indelicadeza,
mas, que reconhece seus erros, arrepende-se sinceramente, pede perdão de suas
faltas e depois faz o que devia fazer, obedecendo à vontade de Deus e não aos
seus caprichos.
Busque acima de todas as coisas da
vida, em todas as situações e em todas as horas, fazer a vontade do Pai do
Céu, sem discussões e sem rebeldia. A Vontade de Deus é Sempre o Bem, a Paz e a
Verdade.
Do livro: HISTÓRIAS QUE JESUS CONTOU
CLÓVIS TAVARES