Não há pior solidão do que a do homem sem amigos. A
falta de amizade faz com que seu mundo de afetividade se transforme em um
enorme deserto interior.
Entre amigos não existe nenhum limite às
confidências, pois a virtude principal que os une é a sinceridade. Para que
tenhamos maior compreensão sobre a amizade, é necessário analisarmos as
profundezas da intimidade humana.
A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de
ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de
encontrar corações que com o seu simpatizem.
Portanto, a criatura não deve endurecer o coração e
fechá-lo à sensibilidade, se receber ingratidão de seus amigos. Isso seria um
erro, porquanto o homem de coração se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe
que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra.
De certo modo, temos por crença que amigos leais são
somente os que compartilham os mesmos gostos, tendências, entusiasmos e ideais;
que devem estar sempre à nossa disposição, concordar com tudo o que pensamos e
de que precisamos e que jamais devem ter sentimentos contraditórios.
Se realmente alimentarmos essa crença de que os
amigos verdadeiros são aqueles que se modelam ao nosso perfeito idealismo
mítico, isto é, relacionamentos estruturados em castelos no ar, poderemos estar
vivendo, fundamentalmente, sob uma consistência irreal a respeito de amizade.
O crescimento de nossas relações com os semelhantes
depende da nossa habilidade em não ultrapassar as possibilidades limitativas de
cada um e de obtermos uma compreensão das restrições da liberdade e
disponibilidade dos amigos, ficando quase sempre atentos às conexões que
fazemos com nossos devaneios emocionais.
Do livro: As Dores da
Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: verlaineprado.blogspot.com