- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -

- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -
Daisypath - Personal pictureDaisypath Anniversary tickers

CONHEÇA O ESPIRITISMO - blog de divulgação da doutrina espírita


quarta-feira, 30 de abril de 2014

DEUS TE ABENÇOE

Cap. X – Item 16
Logo após fundar o Lar “Anália Franco”, na cidade de S. Manuel, no estado de S. Paulo, viu-se D. Clélia Rocha em sérias dificuldades para mantê-lo.
Tentando angariar fundos de socorro, a abnegada senhora conduzia crianças, aqui e ali, em singelas atividades artísticas. Acordava almas. Comovia corações. E sustentava o laborioso período inicial da obra.
Desembarcando, certa noite, em pequena cidade, foi alvo de injusta manifestação antiespírita. Apupos. Gritaria. Condenações.
D. Clélia, com o auxílio de pessoas bondosas, protege as crianças.
Em meio à confusão, vê que um moço robusto se aproxima e, marcando-lhe a cabeça, atira-lhe uma pedra.
O golpe é violento. O sangue escorre. Mas a operosa servidora do bem procede como quem desconhece o agressor.
Medica-se depois.
Há espíritas devotados que surgem. D. Clélia demora-se por mais de uma semana, orando e servindo.
Acabava de atender a um doente em casa particular, quando entra senhora aflitíssima. É mãe. Tem o filho acamado com meningite e pede-lhe auxílio espiritual.
D. Clélia não vacila. Corre ao encontro do enfermo, e surpreendida, encontra nele o jovem que a ferira.
Febre alta. Inconsciência. A missionária desdobra-se em desvelo.
Passes. Vigílias. Orações. Enfermagem carinhosa.
Ao fim de seis dias, o doente está salvo. Reconhece-a envergonhado e, quando a sós, beija-lhe respeitosamente as mãos e pergunta:
– A senhora me perdoa?
Ela, contudo, disse apenas, com brandura:
– Deus te abençoe, meu filho.
Mas o exemplo não ficou sem fruto, porque o moço recuperado fez-se valoroso militante da Doutrina Espírita e, ainda hoje, onde se encontra é denodado batalhador do Evangelho.
Hilário Silva

Fonte: O Espírito da Verdade         
Francisco Cândido Xavier - Waldo Vieira
imagem: cooperecomjesus.blogspot.com

terça-feira, 29 de abril de 2014

VIVER PELA FÉ


    “Mas o justo viverá pela fé.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 1,
versículo 17.)

Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram erradamente a assertiva.
Supuseram que viver pela fé seria executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos.
Frequentar os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a simbologia sectária, indicariam a presença do homem justo. Mas nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. E, antes de tudo, é necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias da existência.
Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus.
Os dias são ridentes e tranquilos? tenhamos boa memória e não desdenhemos a moderação.
São escuros e tristes? confiemos em Deus, sem cuja permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono do mundo? o Pai jamais nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a ingratidão e a morte? eles são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de sermos justos, de vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo.

Fonte: CAMINHO, VERDADE E VIDA
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER/EMMANUEL
imagem: contatudodireitinho.blogspot.com

Comentário Haroldo Dutra Dias:
Nessa passagem precisa ser comentada a palavra fé. Em hebraico, a palavra fé significa emuná, mas esse vocábulo pode ser traduzido de duas maneiras diferentes: fé e fidelidade. Em grego também, a mesma palavra tem ambos os significados, assim como no latim. Então quando Paulo fala: “mas o justo viverá pela emuná”, o tradutor poderia grafar, “mas o justo viverá pela fidelidade” ou “mas o justo viverá pela fé”.
Emmanuel nos diz que nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom homem. Quase sempre encontramos o religioso e reprovável. O religioso que cumpre todos os rituais de sua fé, até mesmo o espírita, mas nem sempre esse bom ritualista é um homem de bem, como conceituou Kardec. E usando toda a sabedoria de sua interpretação, Emmanuel diz que quando Paulo escreveu: “o justo viverá da fé”, queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus. Isto significa que se os dias são ridentes e tranqüilos, nós seremos fieis à vontade Divina, aproveitaremos o dia com moderação. Mas se os dias são de tristeza, de provação, de dor e de desafio, nós também seremos fieis à vontade Divina, compreendendo que nessas horas Deus está, à semelhança de um escultor, utilizando o cinzel da dor para moldar, para aformosear o nosso coração, extraindo luz, fé da essência da nossa alma. É preciso compreender que dias venturosos e dias tristes constituem instrumentos da Providência Divina. E que o verdadeiro homem de bem, que a Bíblia chama de justo, é aquele fiel à vontade Divina, seja qual for ela. Porque compreende que a vontade de Deus quer sempre o melhor para os seus filhos. Porque a vontade de Deus é soberanamente justa, mas acima de tudo soberanamente boa. O amor de Deus muitas vezes nos constrange.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

JESUS E DEVER II

Em inolvidável parábola, Jesus delineou o comportamento do homem que se esforça e merece respeito, demonstrando-lhe a fragilidade e, ao mesmo tempo, o desejo de renovação.
Mateus recorda que “havia um homem que tinha dois filhos. Falou ao primeiro: “Filho, vai hoje trabalhar na vinha”, ao que ele respondeu: “Sim, senhor”; porém, refletindo, mais tarde, resolveu não ir. Ao segundo filho fez a mesma proposta e ele disse: “Não quero”. Todavia, arrependido, foi. “— Qual dos dois atendeu a vontade do pai?”, pergunta o Mestre. E os interrogantes
responderam a Jesus: “O segundo”.
Defrontamos, nessa experiência, a ação e a promessa, o fato e a intenção.
A ação deve predominar porque é resultante do dever. Para ela não se tornam necessárias palavras melífluas ou confortadoras, mas sim a decisão para realizá-la corretamente.
Jesus sempre propõe o dever, a ação; bem entender, a fim de melhor atuar.
Ele não induz ninguém à alienação da realidade objetiva do mundo. Ele estabelece uma escala de valores que devem ser respeitados, merecendo primazia os mais relevantes, que se tornam a pauta de conquistas do homem de bem, que cumpre com o seu dever.
Diante dEle, estagnação é morte e esta é crime cometido contra o “reino de Deus” que está dentro do próprio homem, necessitando de ser conquistado.
Todas as parábolas que Ele nos ofereceu estão plenas de ação, sem impositivos externos, antes como resultado de espontânea lucidez da consciência desperta.
Nunca prometas realizar o que não pretendes fazer.
Jamais permaneças inoperante em um lugar já conquistado. Identifica as possibilidades aí vigentes e segue adiante.
O dever que te impõe renúncia e sacrifício, também te alça à harmonia, liberando-te dos conflitos e das dúvidas.
Não cesses de crescer interiormente. A insatisfação com o que já lograste sem rebeldia, será a tua motivação para conquistas mais expressivas.
És servidor do mundo.
Jesus, que se originara nas estrelas, afirmou ser o servo de todos e assim se fez, para que “tivéssemos vida e esta em abundância”.

Fonte: JESUS E ATUALIDADE              
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
imagem: hospitalespiritualdomundo.blogspot.com


domingo, 27 de abril de 2014

JESUS E O DEVER I

Por certo, de maneira inconsciente, incontáveis indivíduos se creem merecedores de tudo. Supõem que até o Sol brilha porque eles existem, a fim de facultar-lhes claridade, calor e vida.
Fecham-se nos valores que se atribuem possuir e, quando defrontam a realidade, amarguram-se ou rebelam-se, partindo para a agressividade ou a depressão.
Não assumem responsabilidades, nem cumprem com os deveres que lhes cabem.
As vezes comprometem-se, para logo abandonarem a empresa acusando os outros, sentindo-se injustiçados.
São exigentes com a conduta alheia e benevolentes com os próprios erros.
Sempre estremunhados, tornam-se pesado fardo na economia social, criando situações desagradáveis.
Fáceis e gentis quando favorecidos, tornam-se rudes e ingratos, se não considerados como acreditam merecer.
Afáveis no êxito, apresentam-se agressivos no esforço.
Olvidam-se de que a vida é um desafio à coragem, ao valor moral e que todos temos deveres impostergáveis para com ela, para com nós mesmos e para com os nossos irmãos terrestres.
Ninguém tem o direito de fruir sem trabalhar, explorando o esforço de outrem.
O prêmio é a honra que se concede ao triunfador que se empenhou por consegui-lo.
Palmo a palmo, o viajante ganha o terreno que percorre, fitando com desassombro a linha de chegada.
O dever de cada um o conduz na empreitada da evolução.
Esse esforço resulta da conquista moral que a consciência se permite, em plena sintonia com o equilíbrio cósmico.
Ser útil em toda e qualquer circunstância, favorecer o progresso, viver com dignidade, são algumas expressões do dever diante da vida.

Fonte: JESUS E ATUALIDADE  
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
imagem: blog0news.blogspot.com

sábado, 26 de abril de 2014

NASCIMENTO DA CONSCIÊNCIA

  Antropológica e historicamente, a sobrevivência equili­brada do homem e da sociedade tem estado sempre vincula­da à ideia de um mito central, no qual se haurem os valores éticos de sustentação das suas atividades e do seu equilíbrio. Toda vez em que fatores adversos interferem nos mitos hu­manos, desacreditando aquele que sintetiza as suas aspira­ções, os homens se encaminham para o caos e se agridem e se perturbam, parecendo haver perdido o rumo.
Passada a tempestade, os seus remanescentes, não des­truídos in totum, emergem, dando surgimento a uma nova ideação, e um mito criativo aparece preenchendo a lacuna deixada pelo anterior.
No estado atual da sociedade existe a carência de um mito predominante, que aglutine todas as mentes, sobre elas der­ramando as suas benesses e confortando-as.
A perda do mito expõe os conteúdos psíquicos, que alte­ram os objetivos das suas necessidades, fazendo-os mergu­lhar no vazio ou no desinteresse, no prazer ou na alucinação do poder.
Em se considerando que nenhum desses objetivos pleni­fica o indivíduo, ele passa a disputar a necessidade abrangen­te do despertar da consciência, interpretando os mitos meno­res nele jacentes.
Jung, em uma análise profunda, estabeleceu que “a exis­tência só é real quando é consciente para alguém”, afirmando a necessidade que o Criador possui em relação ao homem consciente.
Oportunamente, voltou a esclarecer que “a tarefa do homem é (...) conscientizar-se dos conteúdos que pressio­nam para cima, vindos do inconsciente”. Esse despertar e cres­cimento da consciência, ainda segundo o eminente psicana­lista, termina por afetar-lhe também o inconsciente.
É obvio que, se os conteúdos psíquicos emergentes for­mam a consciência, as contribuições atuais desta se irão in­corporar ao inconsciente que surgirá mais tarde.
Deste modo, o nascimento da consciência se opera medi­ante a conjunção dos contrários, como decorrência de uma variada gama de conteúdos psíquicos, que formam as impres­sões arquetípicas ao fazerem contato com o ego, dando sur­gimento à sua substância psíquica e tornando todo esse tra­balho um processo de individuação.
Daí surgem os discernimentos entre as coisas opostas, o eu e o não-eu, o ego e o inconsciente, o sujeito e o objeto, a própria pessoa e a outra. Dando campo aos conflitos, este sentimento que enfrenta e contesta torna-se uma forma alta­mente criativa de luta, cuja vitória proporciona satisfação, ampliação e aprimoramento da vida.
Sem essa dualidade dos opostos, que leva à reflexão, no processo de individuação, não há aumento real de consciên­cia, que somente se opera entrando em contato com os opos­tos e os absorvendo.
A consciência, do ponto de vista filosófico, é “um atribu­to altamente desenvolvido na espécie humana e que se carac­teriza por uma oposição básica, essencial. E o atributo pelo qual o homem toma em relação ao mundo — bem como aos denominados estados interiores e subjetivos — a distância em que se cria a possibilidade de níveis mais altos de integra­ção...
Por sua vez, declara, ainda, Jung, a consciência é “a rela­ção dos conteúdos psíquicos com o ego, na medida em que essa relação é percebida como tal, pelo ego”. E conclui que “as relações com o ego que não são percebidas como tal são inconscientes”. Estabelece, ademais, a diferença entre cons­ciência e psique, que esta última “representa a totalidade dos conteúdos psíquicos” e como esses conteúdos, na sua totali­dade, não estão vinculados no ego, tais não são consciência.
Nos mitos centrais de todos os povos, os opostos forma­ram a essência das suas crenças, dos seus conteúdos psíqui­cos geradores da consciência.
Encontramo-los nas religiões da antigüidade oriental e, particularmente, no mito da Criação, no qual, os conflitos da treva e da luz, do bem e do mal são relevantes. O Zoroastris­mo também o ressuscitou e, mais tarde, a alquimia facultou o surgimento da Pedra Filosofal como mediadora dos opostos, do Santo Gral, como depósito que compõe as bases da cons­ciência humana, a se avolumar através dos tempos, dando, desde o início, a idéia das suas várias expressões, tais: a cons­ciência moral, a consciência de fé, a consciência do dever, de justiça, de paz, de amor...
Os equipamentos constitutivos da consciência sutilizam­-se, e adquirem mais amplas percepções que facultam o de­senvolvimento emocional e ético do homem, auxiliando-o na liberação de conflitos.
As heranças atávicas, que se convertem em arquétipos, no inconsciente individual e coletivo dizem respeito às reali­dades do Espírito, em si mesmo responsável pelos resíduos psíquicos, que se transformam nos conteúdos preponderan­tes para a formação da consciência.
O homem deve adquirir o conhecimento para elevar-se do ser bruto, tornando-se o sujeito detentor da consciência. Não lhe bastará conhecer, mas também, viver a experiência de ser o objeto conhecido. Não somente conhecer de fora para dentro, porém, vivenciar o que é conhecido, incorporando-o à sua realidade. Enquanto o ego conhece, o outro passa a ser um objeto detido, conhecido, o que não plenifica. Esta satis­fação advém quando o ego, passando pela vivência do que conhece, torna-se, por sua vez, conhecido pelo outro, que tam­bém tem a função de sujeito conhecedor. O ego adquire, des­se modo, a consciência autêntica, no momento em que é su­jeito que conhece o objeto conhecido.
Indispensável, nesse jogo do conhecer sendo conhecido, que se não crie uma dependência em relação à pessoa que conhece. A vida saudável é a que decorre da liberdade cons­ciente, capaz de enfrentar os obstáculos e dificuldades que se apresentam no relacionamento humano e na própria indivi­dualidade. Esta é a meta que a consciência almeja.


Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
imagem: acessandoadivinaluz-saude.webnode.pt

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A POESIA DE JESUS

O evangelho de Jesus é um poema à simplicidade. Não requer explicações metafísicas nem elasticidade filosófica para entendê-lo.

Olhai as aves do céu; não semeiam nem ceifam, mas nosso pai celestial as alimenta. É a lição do desprendimento.

Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não está apto ao reino de Deus. É a lição da perseverança.

Aquele que estiver sem pecado que atire a primeira pedra. É a lição da auto-análise.

Quando fordes convidados para um banquete senta no último lugar. É a lição da humildade.

Aquele que quer ser o maior, que seja o que mais serve. É a lição da caridade.

Vinde a mim todos vós que estás aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. É a lição do acolhimento.

Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. É a lição da delicadeza.

Reconcilia-te com o teu inimigo enquanto estás a caminho com ele. É a lição da paz.

Saiu o semeador a semear sua semente. É a lição do trabalho.

Para entrar no reino do céu é necessário nascer de novo. É a lição da volta.

O filho do homem veio para servir e não para ser servido. É a lição da nobreza.

Seja o vosso falar sim, sim e não, não. É a lição da firmeza.

Tratai a todos como gostarias de ser tratado. É a lição da justiça.

Vai e não peques mais! É a lição da resistência.

Lázaro, levanta-te e anda! É a lição da fé.

Procure Jesus nas coisas simples; na lágrima, no afago, na alegria pura, no trabalho honesto, no gesto fraterno, no poema à vida, enfim, em tudo que eleva e ilumina. Por isso é tão dificil para a ciência e para a filosofia encontrá-lo.

Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro


Extraído do blog: http://msgepaz.blogspot.com/
imagem: no.comunidades.net

quarta-feira, 23 de abril de 2014

BANDEJA DE PRATA


              É comum no meio dos estudiosos da Doutrina Espírita, assim como de companheiros de outras religiões, porém, muitas vezes com outras terminologias, a questão da obsessão, onde espíritos encarnados são atormentados ou perseguidos por algozes desencarnados.
                Embora esta seja apenas uma definição simplificada, afinal, nosso objetivo não é de estudar a obsessão mas sim a contribuição da queixa para este processo.
                Estes perturbadores espirituais necessitam, invariavelmente, de condições favoráveis para estabelecer estes processos, onde destacamos novamente a lei de sintonia.
                Criaturas perturbadas nada podem influenciar pessoas felizes, sejam encarnadas ou não. Dentro desta visão, a queixa é fator fundamental para estabelecer este processo. Quando reclamamos de nossa vida com constância, nos oferecemos a estes obsessores numa bandeja de prata, ou seja, com relativa facilidade pois, ao lamentarmos da realidade à nossa volta, geramos um clima favorável à instalação da sintonia perniciosa.
                Na maior parte dos processos onde nos sentimos vítimas dos espíritos, em verdade somos os provocadores dos processos de desequilíbrio. Lamentar dos acontecimentos da vida é sempre uma postura de não aceitação, o que gera uma reação imprópria à saúde mental e, evidentemente, espiritual.
                Uma coisa é a existência do espírito obsessor, outra é estar obsediado. A primeira é uma situação natural pelo nosso estado espiritual atual, já, para a segunda, é necessário que perturbador e perturbado comunguem do mesmo nível mental.
                Quanto mais reclamamos, mais nos fragilizamos para que estes processos se instalem e é por isso que o dito popular diz: desgraça nunca vem sozinha... Exatamente porque, ao reclamarmos de uma situação infeliz, atraímos outra ou, pelo menos, nos colocamos vulneráveis.
                Passamos a ser presas fáceis às investidas das entidades menos felizes, que se sentem confortáveis a permanecer conosco, alimentadas pelas nossas irradiações mentais de abatimento moral.
                Muitas vezes, mesmo as doenças patológicas têm sua situação agravada pela queixa, pois mina as forças da criatura que já está doente e faz com que os recursos e medicamentos utilizados tenham seu efeito comprometido.
                Em suma, sempre que utilizamos da queixa nos colocamos como alvos fáceis para sermos atingidos por outras perturbações e assim, devemos sempre estar conscientes de nossas responsabilidades dentro de tudo que ocorre conosco.


Do livro: Terapia Antiqueixa – Roosevelt Andolphato Tiago
imagem: www.machadoantiguidades.com.br

terça-feira, 22 de abril de 2014

RIGIDEZ

                Para melhorarmos as circunstâncias de nossa vida, precisamos transformar nossos padrões de pensamentos limitadores. Isolando-nos dentro dessas fronteiras estreitas, passamos a encarar o mundo de forma reduzida e nos condicionamos a pensar que a vida é uma fatal provação. Assim, não mais vivemos intensamente, limitando-nos apenas a sobreviver.
                Explorando opções, diversificando nossas opiniões, conceitos, atitudes e recolhendo os frutos do progresso aqui e acolá, teremos expandida a nossa visão, que será a base para agirmos com prudência e maleabilidade diante das nossas decisões.
                A arquitetura de uma ponte prevê os movimentos oscilatórios, para que sua estrutura não sofra dano algum. As estruturas imobilizadas nunca são tão fortes como as flexíveis. Mentalidades rígidas não são consideradas desembaraçadas e rápidas, pois nunca estão prontas para mudar ou para receber novas informações.
                Entendemos que a predileção pelas nossas convicções é racional, mas o exagero é inflexibilidade, obstinação, paixão. Paixões podem ser consideradas predisposições impetuosas e violentas, se levadas ao extremo.
                Ser flexível não quer dizer perda de personalidade ou ser volúvel, mas ser acessível à compreensão das coisas e pessoas. Encontramos criaturas que se mantêm presas durante anos e aos a conceitos e crenças imobilizadoras. Convergiram toda a sua atenção para sentimentos, objetivos ou pensamentos obstinados, dificultando uma amplitude de raciocínio e discernimento.
                Esse fenômeno não somente ocorre no mundo físico, mas também com as criaturas na vida espiritual, que permanecem estacionadas, compulsoriamente, a uma paixão doentia ligada a uma idéia única.
                Criando uma pluralidade de pensamentos reflexivos, teremos, obviamente, um melhor discernimento para perceber, escutar, ler, aprender e seguir nossos caminhos.
                Nossa saúde mental está intimamente ligada a nossa capacidade de adaptação ao meio em que vivemos, e nosso progresso intelectual se expressa por meio da habilidade psicológica de associação de idéias.
                Na atualidade, os estudiosos da mente acreditam que os indivíduos duros e intransigentes, por não se adaptarem à realidade das coisas, possuem uma maior predisposição para a psicose. Fogem para um universo irreal, classificado como loucura. Essa fuga é, por certo, uma forma de adaptação, para que possam sobreviver no mundo social que eles relutam em aceitar.
                Deixar a rigidez mental é fator básico para o crescimento interior. Para aprendermos o bem viver, é preciso que abandonemos as condutas da paixão, quer dizer, das emoções exageradas. As atitudes inovadoras e consideradas inusitadas na vida dos grandes homens foram as que fizeram com que eles fossem denominados criaturas extraordinárias.


Do livro: As Dores da Alma – Francisco do Espírito Santo Neto/Hammed
imagem: mercadodabarra.wordpress.com

segunda-feira, 21 de abril de 2014

PARENTES DIFÍCEIS

Aceite os parentes difíceis na base da generosidade e da compreensão, na certeza de que as Leis de Deus não nos enlaçam uns com os outros sem causa justa.

O parente‐problema é sempre um teste com que se nos examina a evolução espiritual.

Muitas vezes a criatura complicada que se nos agrega à família, traz consigo as marcas de sofrimento ou deficiências que lhe foram impostas por nós mesmos em passadas reencarnações.

Não exija dos familiares diferentes de você um comportamento igual ao seu, porquanto cada um de nós se caracteriza pelas vantagens ou prejuízos que acumulamos na própria alma.

Não tente se descartar dos parentes difíceis com internações desnecessárias em casas de repouso, à custa de dinheiro, porque a desvinculação real virá nos processos da natureza, quando você houver alcançado a quitação dos próprios débitos ante a Vida Maior.

Nas provações e conflitos do lar terrestre, quase sempre, estamos pagando pelo sistema de prestações, certas dívidas contraídas por atacado.


Fonte: Sinal Verde – Chico Xavier/André Luiz
imagem: extrovertidas.com.br

domingo, 20 de abril de 2014

UM DIA DE BUDA

                Fruto de um acidente doméstico, Aristeu teve parte de seu corpo queimado. Foi grande a dor na hora e insuportável depois, entre bolhas e o medo da infecção e do estigma das cicatrizes.
                Aristeu, que levava uma vida pacata e tranquila, se viu às voltas com os efeitos daquele acidente doméstico, que mobilizou família e amigos na assistência ao bom companheiro. Após o atendimento emergencial, restou a ele dar continuidade ao seu tratamento em um hospital especializado em queimados, onde, dia sim e dia não, ele seguia o rito de pomadas e de unguentos, na troca de curativos sob o olhar atento dos profissionais de saúde.
                Na fila de espera, na antessala dos ambulatórios, Aristeu observava atentamente que havia casos piores que o seu. De cada dor, de cada caso narrado, descobria o sofrimento de seu irmã desconhecido, que ele ignorava no conforto do seu lar, vendo o mundo e suas agruras apenas pela tela da televisão.
                Assim seguiu o tratamento de Aristeu, que tratou seu corpo e a sua alma, que foi se iluminando à medida que via, no olhar do seu irmão, dor maior do que ele jamais imaginava sentir. Nas queimaduras cicatrizadas nasceu uma nova pele. No seu espírito, regenerado, nasceram novas convicções e visões de mundo.
******
                Assim, nos isolamos do mundo, longe de suas realidades, e quando o destino nos empurra para fora dos muros de nossos palácios, nos defrontamos com a doença, a morte, a pobreza e toda sorte de provações.
                A ideia de nos pouparmos do mundo, de seus desafios, nos impede de crescer. Preferimos o paraíso da redoma, crer que o mundo seja uma propaganda de refrigerantes, com jovens sorridentes, para se debulhar em lágrimas nos dramas das telenovelas, concluídos com um apertar de botões.
                O mundo não é só dor e sofrimento. O mundo não é só alegria esfuziante. O mundo é um mosaico de histórias e desafios, de sorrisos e lágrimas, que nos conduzem a um processo de amadurecimento como espíritos, na bendita escola que chamamos de planeta Terra.
                Negar a dor do próximo não nos isente do compromisso com os nossos irmãos. A chaga mais proeminente nos dias de hoje, o individualismo, nos leva ao isolamento em castas econômicas, nas quais ignoramos os desafios alheios e deixamos de aprender com isso.
                Essa discussão nos conduz a uma profunda reflexão, de como conduzimos nossos trabalhos assistenciais na seara espírita. Que indicadores estabelecemos para classificar esses trabalhos como satisfatórios? Seria a quantidade de bolsas distribuídas? O volume de recursos arrecadados? Será que esquecemos nesse sentido o valor da troca, do olhar, do abraço? A importância do trabalho no bem está no aprendizado profundo do abraço que damos no nosso irmão em dor!
                Em hipótese alguma defende-se aqui o turismo da caridade, emblemático na visita às comunidades cariocas pelos estrangeiros, como um safári da pobreza. Defende-se a nossa interação interventiva e pessoal no trabalho do bem, de forma a falarmos e ouvirmos, nas visitas a hospitais, orfanatos, asilos e toda sorte de instituições que concentrem pessoas necessitadas, tanto quanto nós necessitamos de ouvir aquela palavra de resistência e luta, diante das provas mais agudas, que virão, ou que nos atormentam.
                Sidarta Gautama, o Buda, criado no luxo e na opulência, teve a sua iluminação ao sair de suas suntuosas dependências para encontrar as dores humanas. Aristeu também nasceu de novo, reformulando a sua disposição diante da vida. De cada experiência, de cada dor, colhemos o aprendizado, mas ofertamos também a palavra amiga e o sorriso de esperança, em um exercício permanente de amor, na interação com o próximo.
                A nossa iluminação se faz quando rompemos as paredes que nos isolam do mundo, no encontro do próximo. Às vezes, precisamos de dias de Buda para refletir sobre essa realidade. Precisamos trabalhar o nosso coração, torná-lo robusto no amor, um exercício que se faz no encontro com o outro, na alegria e na tristeza.
 Marcos Vinicius de Azevedo Braga
Fonte: Jornal Espiritismo Estudado – setembro/2013
imagem: academiadafelicidaderp.blogspot.com

sábado, 19 de abril de 2014

DECÁLOGO PARA MÉDIUNS

Cap. XXVI – Item 7
1 – Rende culto ao dever.
Não há fé construtiva onde falta respeito ao cumprimento das próprias obrigações.
2 – Trabalha espontaneamente.
A mediunidade é um arado divino que o óxido da preguiça enferruja e destrói.
3 – Não te creias maior ou menor.
Como as árvores frutíferas, espalhadas no solo, cada talento mediúnico tem a sua utilidade e a sua expressão.
4 – Não esperes recompensas no mundo.
As dádivas do Senhor, como sejam os fulgores das estrelas e a carícia da fonte, o lume da prece e a benção da coragem, não têm preço na Terra.
5 – Não centralizes a ação.
Todos os companheiros são chamados a cooperar, no conjunto das boas obras, a fim de que se elejam à posição de escolhidos para tarefas mais altas.
6 – Não te encarceres na dúvida.
Todo bem, muito antes de externar-se por intermédio desse ou daquele intérprete da verdade, procede originariamente de Deus.
7 – Estuda sempre.
A luz do conhecimento armar-te-á o espírito contra as armadilhas da ignorância.
8 – Não te irrites.
Cultiva a caridade e a brandura, a compreensão e a tolerância, porque os mensageiros do amor encontram dificuldade enorme para se exprimirem com segurança através de um coração conservado em vinagre.
9 – Desculpa incessantemente.
O ácido da crítica não te piora a realidade, a praga do elogio não te altera o modo justo de ser, e, ainda mesmo que te categorizem à conta de mistificador ou embusteiro, esquece a ofensa com que te espanquem o rosto, e, guardando o tesouro da consciência
limpa, segue adiante, na certeza de que cada criatura percebe a vida do ponto de vista em que se coloca.
10 – Não temas perseguidores.
Lembra-te da humildade do Cristo e recorda que, ainda Ele, anjo em forma de homem, estava cercado de adversários gratuitos e de verdugos cruéis, quando escreveu na cruz, com suor e lágrimas, o divino poema da eterna ressurreição.
André Luiz

Fonte: O Espírito da Verdade
Francisco Cândido Xavier - Waldo Vieira
imagem: pt.wikipedia.org

sexta-feira, 18 de abril de 2014

QUE BUSCAIS?

“E Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, disse-lhes: Que buscais?” — (JOÃO 1:38.)

A vida em si é conjunto divino de experiências.
Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novos conhecimentos. A aquisição de valores religiosos, entretanto, é a mais importante de todas, em virtude de constituir o movimento de iluminação definitiva da alma para Deus.
Os homens, contudo, estendem a esse departamento divino a sua viciação de sentimentos, no jogo inferior dos interesses egoísticos.
Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveis e de votos absurdos.
Muitos dos votos entendem encontrar na Divina Providência uma força subornável, eivada de privilégios e preferências. Outros se socorrem do plano espiritual com o propósito de solucionar problemas mesquinhos.
Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exemplificou.
A cruz do Calvário é símbolo vivo.
Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos. Sem a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associada aos atos de cada dia, a alma será sempre a prisioneira de inferiores preocupações.
Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram: “Que buscais?”

Fonte: CAMINHO, VERDADE E VIDA
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER/EMMANUEL
imagem: www.reflexoesevangelicas.com.br

Comentários Haroldo Dutra Dias:
O evangelista conta dos primeiros discípulos que procuravam à Jesus. Emmanuel diz que hoje, Jesus se encontra nas portas de todos os templos religiosos da Terra, fazendo a mesma pergunta: “Que buscais?”. Porque a aquisição de valores religiosos é a mais importante de todas, em virtude de constituir um movimento de iluminação definitiva da alma para Deus. A vida é em si, conjunto divino de experiências. Recolher os elementos de iluminação intima e erguer a nossa alma para Deus, trabalhar definitivamente os nossos sentimentos, as nossas emoções e os nossos desejos, deveria ser o propósito sublime de todos aqueles que se aproximam dos templos religiosos e em especial daqueles que procuram a figura do Cristo. Aprendemos nessa lição que o trabalho de Jesus é aperfeiçoar os nossos sentimentos, elevando a nossa alma para a espiritualidade superior. “Que buscais?”, permanece a pergunta. É nos propósitos da busca do coração que identificamos a posição de cada um e a posição no nosso próprio espírito na jornada evolutiva.


quinta-feira, 17 de abril de 2014

JESUS E JUSTIÇA II

Jesus fez-se paladino da justiça equânime.
Sua atitude para com as pessoas era sempre a mesma: de benevolência, com o objetivo da educação.
A Nicodemos, que era doutor da alta câmara do Sinédrio, concedeu uma entrevista, nada diferente daquela que facultou a Zaqueu, o cobrador de impostos, ou à convivência com Lázaro e suas irmãs, em Betânia, ou ao ladrão, na cruz, que Lhe buscara apoio.
Reconhecendo que os homens se diferenciam pelas suas conquistas intelectuais e morais e que a hierarquia na qual se encontram é de aquisição pessoal e sem jactância ou privilégios, a todos proporcionava as mesmas condições e oportunidades, jamais se excedendo com qualquer um deles.
À adúltera, ou à vendedora de ilusões, ou aos sacerdotes que o interrogaram, ou aos saduceus hábeis, ou aos fariseus hipócritas, sempre concedeu o mesmo tratamento.
Quando invectivou os que tentavam envolvê-lo em ciladas sofistas, comprometedoras, usou de energia sem esquecer da compaixão, por sabê-los enfermos da alma, da qual procedem todos os fenômenos do comportamento.
Num período de arbitrariedades, foi magnânimo; de abuso do poder, falou sobre a renúncia à arrogância, e fez-se humilde; de exploração, ensinou a generosidade e viveu-a.
Propôs que a nossa não fosse a “justiça dos fariseus” que. Moralmente doentes, esfalfavam os fracos, exploravam as viúvas e as crianças, aproveitando-se da situação.
E quando Pilatos, que iria lavar as mãos culpadas pela pusilanimidade do caráter. Lhe disse que tinha poder e autoridade sobre Ele, redarguiu-lhe que estes lhe haviam sido concedidos, desde que, por sua vez, ele também se encontrava sob uma condução maior. Porque o verdadeiro poder, a excelente justiça, vêm de Deus.
Emaranhado nos próprios erros e tropeçando nas malhas da incompleta justiça humana, reeduca-te.
Vítima das circunstâncias infelizes que te pesam, confia em Deus e aguarda.
Injustiçado e sob arbitrária cobrança, não te desesperes.
Paga agora o que esqueceste de regularizar ontem, certo de que a falência das leis terrenas não te exime de ser alcançado pela divina justiça.
Melhor que estejas sob reparação de compromissos, dos quais não te recordas, do que gozando de liberdade física, mas carregando a consciência culpada que se esconde na ilusão.
A real justiça sempre encontra o infrator.
Por tua parte, sê justo, equânime para com todos, tomando como modelo de comportamento Jesus, que nunca se recusava.

Fonte: JESUS E ATUALIDADE  
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
imagem: jmunicipios.com

quarta-feira, 16 de abril de 2014

JESUS E JUSTIÇA I

Tem por objetivo a justiça reparar o dano causado e corrigir o infrator, tornando-o útil à sociedade na qual se encontra.
A justiça trabalha em favor da educação utilizando-se de métodos disciplinares, inclusive limitando a liberdade do delinqüente, a fim de poupá-lo, bem como a comunidade, de males mais graves.
O delito resulta do desrespeito aos códigos estabelecidos de leis que regem os povos, propiciando direitos e deveres iguais aos indivíduos.
Quando a justiça se corrompe, o homem tresvaria e o abuso da autoridade conduz aos extremos da sandice.
Em uma sociedade justa, todos desfrutam de oportunidades iguais de progresso, face a uma idêntica distribuição de rendas. Nela, o forte ampara o fraco, o sadio socorre o enfermo, o jovem ajuda o idoso, comportamento natural, decorrente de uma consciência clara de dever, que estabelece a felicidade como conseqüência da solidariedade entre as diversas criaturas.
À medida que o homem desenvolve os sentimentos e a inteligência se aprimora, as suas leis são mais brandas e a sua justiça mais equânime.
Nos povos primitivos, a “lei do mais forte” prevalecia, substituída, mais tarde, pela condição absurda da hereditariedade, até alcançar os elevados princípios sócio-democráticos, nos quais, a responsabilidade pessoal tem prioridade na ação livre dos seus membros.
É longo, porém, ainda, o caminho a percorrer, para que seja alcançado o respeito do homem pela vida, pelo próximo, pela natureza, pela justiça sem arbitrariedade, sem punição.

Fonte: JESUS E ATUALIDADE  
DIVALDO PEREIRA FRANCO/JOANNA DE ÂNGELIS
imagem: www.portalmidia.net

terça-feira, 15 de abril de 2014

LEIS CÁRMICAS E FELICIDADE

Nas experiências psicológicas de amadurecimento da per­sonalidade, na busca da plenitude, a incerteza é indispensá­vel, pois que ela fomenta o crescimento, o progresso, signifi­cando insatisfação pelo já conseguido.
A certeza significaria, neste sentido, a cessação de moti­vos e experiências, que são sempre renovadores, facultando a ampliação dos horizontes do ser e da vida.
Graças à incerteza, que não representa falta de fé, os erros são mais facilmente reparáveis e os êxitos mais significati­vos. Ela ajuda na libertação, pois que a presença do apego, no sentimento, gera a dor, a angústia. Este último, que funci­ona como posse algumas vezes, como sensação de segurança e proteção noutras ocasiões, desperta o medo da perda, da solidão, do abandono.
A verdadeira solidão — a mente estar livre, descompro­metida, observando sem discutir, sem julgar — é um estado de virtude — nem memória conflitante do passado, nem desespe­ro pelo futuro não delineado — geradora de energia, de cora­gem.
Normalmente, o medo da solidão é o fantasma do estar sozinho, sem ninguém a quem submeter ou a quem subme­ter-se.
A insegurança porque se está a sós assusta, como se a presença de outra pessoa pudesse evitar os fenômenos auto­máticos de transformação interna do ser — fisiológica e psico­logicamente — impedindo os acontecimentos desagradáveis ou a morte.
É necessário que o homem aprenda a viver com a sua solidão — ele que é um cosmo miniaturizado, girando sob a influência de outros sistemas à sua volta — com o seu silêncio criativo, sem tagarelice, liberando-se da consciência de cul­pa, que lhe vem do passado.
Destinado à liberdade plena, encontra-se encurralado pe­las lembranças arquivadas nos painéis do inconsciente — sua memória perispiritual — que lhe põem algemas em forma de ansiedade, de fobias, de conflitos.
Mesmo quando os fatores da vida se lhe apresentam tran­qüilizadores, evade-se do presente sob suspeitas injustificá­veis de que não merece a felicidade, refugiando-se no possí­vel surgimento de inesperados sofrimentos.
A felicidade relativa é possível e se encontra ao alcance de todos os indivíduos, desde que haja neles a aceitação dos acontecimentos conforme se apresentam. Nem exigências de sonhos fantásticos, que não se corporificam em realidade, tampouco o hábito pessimista de mesclar a luz da alegria com as sombras densas dos desajustes emocionais.
As heranças do passado espiritual ressumam em mani­festações cármicas, que devem ser enfrentadas naturalmente por fazerem parte da vida, elementos essenciais que são cons­titutivos da existência.
Como decorrência de uma vida anterior dissoluta, sur­gem os conflitos, as castrações, os tormentos atuais, da mes­ma forma, como efeito do uso adequado das funções se apresentam as bênçãos de plenificação.
As leis cármicas, que são o resultado das ações meritórias ou comprometedoras de cada indivíduo, geram, na economia evolutiva de cada um, efeitos correspondentes, estabelecen­do a ponderabilidade da Divina Justiça, presente em todos os fenômenos da Natureza e da Criação.
O fatalismo cármico da evolução é a felicidade humana, quando o ser, depurado e livre, sentir-se perfeitamente inte­grado na Consciência Cósmica.
A sua marcha, embora as aparências dissonantes de ale­gria e tristeza, de saúde e doença, está incursa no processo das conquistas que lhe cumpre realizar, passo a passo, com dignidade e com iguais condições delegadas aos seus seme­lhantes, sem protecionismos vis ou punições cerceadoras in­devidas, que formaram os arquétipos de privilégio e recusa latentes em muitos.
A resolução para ser feliz rompe as amarras de um carma negativo, face ao ensejo de conquistar mérito através das ações benéficas e construtivas, objetivando a si mesmo, o próximo e a sociedade.
Nenhum impedimento na vida à felicidade.
Uma resignação dinâmica ante o infortúnio — a naturali­dade para enfrentar o insucesso negando-se a que interfiram no estado de bem-estar íntimo, que independe de fatores ex­ternos — realiza a primeira fase do estágio feliz.
O amadurecimento psicológico, a visão correta e otimista da existência são essenciais para adquirir-se a felicidade pos­sível.
Na sofreguidão da posse, o homem supõe que o apego às coisas, a disponibilidade de recursos, a ausência de proble­mas são os fatores básicos da felicidade e, para tanto, se em­penha com desespero.
Ao desfrutar deles, porém, dá-se conta que não se encon­tra ditoso, embora confortado, porque é no seu mundo ínti­mo, de satisfação e lucidez em torno das finalidades da vida, que estão os valores da plenitude.
As leis cármicas são a resposta para que alguns indivídu­os fruam hoje o que a outros falta, ao mesmo tempo são a esperança para aqueles que lutam e anelam, acenando-lhes a possibilidade próxima de aquisição dos elementos que felici­tam.
Idear a felicidade sem apego e insistir para consegui-la; trabalhar as aspirações íntimas, harmonizando-as com os li­mites do equilíbrio; digerir as ocorrências desagradáveis como parte do processo; manter-se vigilante, sem tensões nem re­ceios e se dará o amadurecimento psicológico, liberativo dos carmas de insucesso, abrindo espaço para o auto-encontro, a paz plenificadora.


Do livro: O Homem Integral – Divaldo Pereira Franco/Joanna Di Ângelis
imagem: anacadengue.com.br